2 . ROSQUINHAS, CAFÉ GELADO E ORGASMO

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— Mas porque você acha que ele te disse isso? - Pergunta Charles tragando um cigarro.

Estávamos em alta velocidade em seu conversível preto que fora sua recente aquisição.

O carro tinha assentos de couro legítimo cor de caramelo, e chegava a ser brilhante de tão novo que aquele automóvel recém retirado da loja era.

Não que um carro luxuoso fosse ser chamativo em Los Angeles, já era comum na Califórnia, de se ver aqueles carros de filmes para todos os lados. Este era o meu mundo.

— Eu não faço a mínima ideia. - Digo tentando me manter com a cabeça ocupada com minha querida cidade.

Charles para em um sinal vermelho, e olha para mim com preocupação no olhar. Ótimo, agora além de mim, o meu próprio namorado ficaria aflito com o enigma inesperado matinal de Shane Daramour.

— Você acha que ele ouviu quando te comi ontem? - Pergunta Charles com o cigarro ainda em seu dedo.

A nicotina presente nos quatro cigarros que fumei, antes de Charles buzinar em frente de casa, não foi o bastante para me acalmar.

Minha cabeça girava, e um monstro em meu interior, devorava cada  célula do meu corpo, dando cada vez mais espaço livre para que a aflição me consumisse.

— Cody?! - Rosna Charles apertando minha mão quando não o respondo.

— Você acha que seu pai nos ouviu ontem à noite? - Questiona ele novamente.

Nego com a cabeça, e levo minha mão aos lábios, tentando pensar em uma alternativa que pudesse responder as palavras de Shane que me deixaram atordoado.

— Se ele tivesse ouvido qualquer barulho. - Começo quando Charles ergue uma sobrancelha para mim, já começando a ficar impaciente.

— Ele teria sido curto e grosso, teria dito claramente que, me ouviu transando contigo ontem, e muito provavelmente, já teria me acertado um soco na cara. - Explico para meu namorado enquanto ele acende um novo cigarro e me passa o toco restante de seu antigo.

Doou uma tragada, sentindo o gosto do chiclete de cereja que Charles sempre mastiga impregnado no cigarro. Mas não me importo, o gosto de sua boca era o sabor que eu mais gostava  de sentir, e como não podíamos nos beijar em trânsito para evitar um acidente,  me contento em fumar o cigarro de Charles ainda em boa condição.

— Mas afinal de contas, não seria a primeira vez que você me come quando ele está em casa. - Dei de ombros tentando parecer indiferente.

— Isso é verdade... ele já deve saber que te pego quase toda noite. - Diz Charles entre risos quando o semáforo fica verde.

Concordo com a cabeça para ele. A aquela altura do campeonato, já podia considerar ser óbvio que meu pai, tinha plena consciência de que eu transava com meu namorado na maioria das noites quentes da Califórnia.

Não consigo entender o porque me preocupei com isso, meu pai não era tolo de não imaginar que Charles e eu apenas ficávamos em meu quarto assistindo filmes e comendo bombons dinamarqueses com espumante rosé.

Me entristece dar-me conta que o assunto que Shane precisava tratar comigo, definitivamente não se tratava em discutir comigo sobre minhas fornicações.

Certamente ali, o que ele queria conversar comigo, deveria ser algo que eu sequer imaginava, logo sendo, uma verdadeira bomba relógio que a julgar pelo olhar dele, iria explodir e não seria nada bom.

— Talvez ele esteja doente... eu acho. - Digo num murmúrio enquanto fumo a última tragada do cigarro.

Charles me fita com incredulidade, e chega a se engasgar com a fumaça do seu cigarro. O lançando para longe no trânsito.

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora