23 . SENSIBILIDADE

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A vista diante de mim é simplesmente deslumbrante. Eu nunca imaginei que um lugar de tamanha beleza a esse ponto pudesse existir no mundo. Acho que sequer em minhas viagens para a Europa eu estive diante de uma paisagem tão estonteante.

O pico da colina se resume em relva verde tipo gelatina de limão, pequenas flores amarelas cercam maior parte do chão, e próximo a beirada do precipício, uma grande árvore de salgueiro começa lentamente a florescer com flores cor de neve.

É simplesmente de tirar o fôlego, de fato uma paisagem que imaginei que somente pudesse existir naquelas fotos que ficam na parte da frente dos cartões postais que eram enviados na década de oitenta.

Apesar da vista parecer provavelmente monótona para Seamus, ela é para mim, um garoto da Califórnia, algo realmente inacreditavelmente belo. No entanto, aquilo que verdadeiramente vejo de beleza na paisagem diante dos meus olhos não se trata da colina, e sim daquilo além dela.

Abaixo de nós, cerca de uns dezoito ou mais metros abaixo, existe uma vasta floresta composta por árvores de pinheiros, bordô, bétulas, acácias e carvalhos. Posso ver, apesar da distância uma queda da água cristalina que mais se parece com um jorro de cristais da lua ou uma grande queda de flocos de neve recém caídos sendo jogados para fora de uma parede de pedras escuras.

Ao mais distante, posso ver aquele velho parque de diversões abandonado o qual Blake e eu passamos por perto quando ele me levou até a redoma do jardim secreto. A roda-gigante envelhecida caindo aos pedaços toma o maior destaque da vista juntamente de uma big tower que está tomada por vinhas e quebrada parcialmente no topo, formando uma espécie de triângulo mal desenhado.

Lentamente ao fundo dessas vista, o sol começa a se pôr, colorindo então, o ambiente com cores que variam do ametista, laranja e rosa.

Estou absolutamente deslumbrado com todas as letras. É incrível, simplesmente um lugar incrível. Acredito que Blake iria gostar desse lugar. Mas no entanto, quero ao máximo evitar de pensar nele, pelo menos nesse momento perfeito o qual estou vivendo.

Que se dane se ele caiu em lágrimas em frente a irmã casula e sua mãe, sei muito bem - ou pelo menos acho -, que a culpa não é minha. Então logo, não preciso temer nada além da minha própria vida.

Necessito encontrar uma maneira o quanto antes de me fazer esquecer Blake Harper, e que ele apenas usou do meu corpo para seu único prazer sem compromisso.

Sei que essa situação é culpa de ninguém mais ninguém menos do que eu. Sei que fui eu quem busquei a fundo e me permiti deixar levar-me pela fornicação de um homem desconhecido quando eu ainda tenho o meu homem a minha espera em Los Angeles.

Puta merda, por que eu preciso ser idiota? Por que acabei sendo tapado a ponto de transar com uma pessoa que desde o início deixou explicito para cego ver que não iria querer nada além de uma boa foda?

Sequer me atrevo a pensar profundamente em uma boa resposta para isso. Contudo, na realidade, eu sei a resposta, mas ela não é nada boa, e também e uma das coisas das quais desejo evitar de pensar nesse delicado momento o qual quero somente me permitir pensar na perfeita paisagem diante dos meus olhos.

- O que achou do meu lugar secreto? - Pergunta Seamus alegremente com uma notável expectativa em sua voz, me interrompendo de pensar em mais algum calvário para que eu possa surrar minhas costas.

- É fenomenal, Sammy. Mais além de belo, eu diria. - Murmuro caminhando até a beirada do precipício e apoiando meu ombro no tronco escuro do salgueiro. Sinto a mão flamejante de Seamus agarrar meu punho, e por um momento sei exatamente o que ele imaginou que eu iria fazer.

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora