35 . NOITE SEM FIM (RETA FINAL)

23 2 9
                                    




— Cherry... — Ele balbucia e suas bochechas ficam levemente rosadas.

Não posso acreditar que acabei me excedendo. Eu perdi a linha e soltei palavras que sequer são verdadeiras. Eu não estou apaixonado por Blake Harper, eu amo o meu Charles Ross e ninguém além dele é capaz de preencher o meu coração da mais profunda e intensa paixão que já senti desde que me entendo por gente.

Caralho, onde foi que eu me meti para quebrar minhas próprias pernas com tamanha insinuação? Acredito que todo o estresse que passei desde que Zoe abriu a boca para dizer coisas ilegítimas fez com que eu acabasse me excedendo além do que posso imaginar.

— Blake... — Balbucio em resposta para ele que tem os olhos fixos em mim como se prendesse o fôlego sem crer em minhas palavras.

Ele está completamente paralisado em minha frente e sequer parece respirar. Seus olhos estão fixados aos meus e seus lábios avermelhados depois de nossos beijos estão entreabertos como se o som de suas palavras não fossem capaz de serem produzidos pelas suas cordas vocais.

— Diga alguma coisa... por favor. — Imploro levando minhas mãos até o peito dele onde sinto com um mínimo toque o pulsar frenético de seu coração.

Ele engole em seco e então olha para baixo como se o arrependimento de ter me levado para o quarto de seus pais para uma transa repentina e perigosa tivesse o consumido.

— Cherry... eu... nós não podemos... — Ele sussurra sem fazer contato visual comigo. Sua voz está estranha, como se o som das palavras estivessem sendo atrapalhadas por um abafador ou o som de um secador de cabelo. Bom, na realidade, pelo menos foi isso que consegui sentir ao ouvir a voz de Blake tão abafada, pesada e chorosa.

Sempre odiei quando a emoção tomava conta de mim durante um momento intenso e quente como tal que Blake e eu acabamos de viver após a tensão da pequena que Zoe causou inocentemente.

Coisa parecida já havia acontecido comigo e Charlie no início de nossa relação, porém, isso era uma ocasião totalmente diferente já que quando soltei para Charles Ross um primeiro "EU TE AMO "; Não demorou sequer uma única semana para que ele de uma vez por todas admitisse seus reais sentimentos por mim e me pedisse em namoro.

Contudo, a relação entre Charlie e eu era totalmente diferente dessa que levo com Blake Harper. Isso porque, desde o início, qualquer um que visse Charlie e eu juntos pelas ruas e lojas de Los Angeles, saberia muito bem que éramos muito mais do que simples amigos, ou que secretamente, por debaixo dos olhos de nossas famílias, levávamos uma amizade colorida.

Eu me recordo ainda muito bem da vez em que Charlie me levou pela primeira vez na mansão de sua família em Santa Mônica para um jantar de veraneio, onde conheci Patrick Ross que percebeu logo de cara que seu filho e eu não éramos somente amigos da turma do colégio preparatório da faculdade.

Patrick me recebeu muito bem quando me conheceu, e disse que ficou contente em saber que Charles estava acompanhado de um garoto como eu. Ele me elogiou com palavras de que meu pai era um homem de muito respeito e que apreciava muito o trabalho dele – pobre Patrick, deve estar arrependido dessas palavras depois de descobrir a verdade sobre Shane -; Patrick disse também que Charlie e eu passávamos uma imagem de muita elegância e perfeição.

É claro que ele não especificou que estava ciente de que estávamos tendo uma relação, mas para um bom ouvinte, o pouco já é muito. Agradeci com o rosto corado as palavras do Sr. Ross e me retirei para me servir de uma taça de um simples prosecco, mas pude ouvir muito bem Patrick murmurar para Charlie que ele estava feliz em saber que ele estava acompanhado de alguém como eu, e que esperava que tivéssemos um futuro logo em breve.

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora