— O meu pai morreu quando eu tinha sete anos... não me lembro exatamente o motivo, mas sei que ele cometeu suicídio também. No entanto, mamãe nunca me disse o que o levou a fazer isso. — Blake diz com pesar em sua voz que parece rouca e chorosa.— Ele sempre foi o meu melhor amigo, além de Seamus é claro... mas Jonathan sempre esteve lá por mim em todos os meus momentos importantes, sempre me buscou na escola e toda sexta-feira me levava depois da aula para o rúgbi e na sorveteria. Ele foi um bom pai, eu ainda queria tê-lo comigo...
Minha nossa, eu não posso acreditar que Blake realmente está me contando sua história. Não sei como reagir perante a isso, mas sei que por enquanto, até que ele finalize, eu apenas devo ouvi-lo.
— Ele ia gostar muito de você, Cherry. E eu não teria problema algum em lhe apresentar como meu namorado para ele. — Blake sorriu tristemente pensando em algo impossível.
Eu sei como ele se sente. Sei exatamente a dor que habita em seu coração. É realmente péssimo perder um pai. Ainda me doía pensar que Shane estava morto, e como não me lembro da minha mãe ou sei por onde ela anda, não posso me contentar em dizer que tê-la comigo me basta.
— A minha mãe se casou com David quando eu tinha oito anos, e ai veio Zoe... bom, ela já era filha de David, mas reconhece Amelia como sua mãe biológica, entende?
— Naquela época, mamãe estava querendo começar uma faculdade já que meu pai era quem sustentava nosso lar, ela precisou começar a procurar por fontes de renda.
— Sua tia estava começando os negócios da fazenda quando minha mãe conseguiu vir para cá. Ela cuidaria da casa em geral e nisso teria acesso à casa da piscina e um bom salário para nos manter.
— Ela conheceu David em um momento bem escasso de nossa vida. Seamus já estava trabalhando e eu passava maior parte do tempo com uma babá. — Blake comenta com indiferença tentando não expressar a dor em seu interior
Eu ainda não conhecia David, mas Blake já havia o mencionado uma vez no aniversário de Zoe. Acredito que a estrondosa voz masculina rouca como a de um fumante era a dele que eu ouvia em algumas certas vezes, contudo até o momento eu nunca o virá.
— Ela o trouxe para morar conosco como você imagina. E ele conseguiu um emprego na fazenda e também faz uns bicos por ai em Apple Boulevard.
— Mamãe sempre dizia que ele era um bom homem, e que ele seria o meu novo pai, mas nunca gostei dele. Ele sempre me pareceu assustador, quase como se fosse um monstro em carne e osso e ele realmente é! — Blake exclamou começando a chorar vagarosamente.
Toquei seu rosto tentando fazer com que ele se acalmasse.
— Não chora... eu estou aqui, Blakey! — Imploro e ele beija minha mão ainda em meio as lágrimas.
Me doeu ouvir aquilo. Querendo ou não eu desconfiava o que ele queria dizer com David é monstro. Mas eu rezei para que os meus palpites e pensamentos fossem verídicos e as palavras de Blake aquilo que existe em minha mente.
— Quando eu tinha dez anos, uma vez... quebrei sem querer uma garrafa de Whisky que ele tinha sobre uma mesinha ridícula. David sempre colecionou bebidas antigas como se tivesse noventa anos e estivesse com um pé na cova...
— Eu corri pela sala depois que sai da piscina e ele e mamãe estavam na sala, acabei esbarrando na mesinha sem ver, e a garrafa foi ao chão... ele me surrou tanto que manchas roxas surgiam em todo meu corpo. Minha mãe não protestou, não fez nada, e não me defendeu, apenas cuidou de mim depois que ele me usou de saco de pancadas.
Fiquei sem fôlego ao ouvir isso. Eu não podia acreditar nisso. David espancou Blake por um simples erro... como ele teve coragem de bater em um garoto que nem ao menos era seu filho de sangue? E por que Amelia não fez nada?
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APPLE HARVEST
RomanceApós a prisão de seu pai, Cody Daramour é enviado para viver com sua tia Naomi na Austrália em uma fazenda de maçãs próxima a Melbourne. Desse jeito, deixando toda sua antiga vida em Los Angeles para trás, assim como seu perfeito namorado Charles Ro...