APPLE HARVEST

45 .MESA PARA DOIS ( RETA FINAL )

Após o sexo, Charlie fez com que eu comesse um sanduíche de salame italiano com um copo de limonada super gelada que fez com que eu sentisse os meus neurônios se tornarem cubos de gelo.

Logo após isso, fui levado ao hospital de Melbourne já que ele não imaginava que Apple Boulevard tivesse um atendimento médico. Foram essas simplesmente as dez piores horas da minha vida em que Charlie esteve presente já que precisei fazer uma pequena cirurgia de último momento para retirada completa ainda dos cristais de vidro que ainda haviam em minhas mãos e para que os ferimentos fossem fechados corretamente por um cirurgião traumatologista.

Voltei para a fazenda Naomi na manhã seguinte após passar a noite em observação no hospital onde Charlie não saiu do meu lado sequer para se alimentar.

As minhas mãos foram enfaixadas e cobertas com uma órtese de ótima qualidade mas que fazia com que meus movimentos se tornassem quase inexistentes.

Charlie dirigiu em silêncio por todo trajeto de retorno até a casa de Naomi. Eu sabia que ele estava aborrecido por eu não ter procurado por ajuda com antecedência para tratar o meu ferimento que segundo o Dr. Scholz estava prestes a infeccionar se caso eu não tivesse buscado ajuda.

Eu sabia que fora um grande erro da minha parte não ter feito com que Blake me levasse ao médico, e ele também errou nesse quesito em não ter buscado ajuda antes de iniciarmos com as comemorações de nosso namoro.

Mas no entanto, estávamos completamente tão contentes em finalmente estarmos juntos depois de tanto lutarmos contra esse sentimento que nada ao nosso redor, quer o que fosse não fazia sentido nenhum. Apenas queríamos um ao outro, e por algumas horas inesquecíveis ele foi somente meu e eu fui apenas dele.

Olho com frustração pela janela do meu quarto para a janela de Blake. Está fechada desde o dia em que Charlie chegou a Austrália. Me preocupo com ele, Blake pode ser o brutamonte que é e ter seu jeito troglodita de agir, mas ele tem seu lado sensível e eu pude conhecê-lo com a mais absoluta certeza.

Ele deve estar sofrendo tanto quanto eu e o meu coração sente isso com tanta clareza quanto quando ele esteve diante do segundo em que Charlie chegou e eu precisei correr para os braços dele o deixando para trás como se ele não passasse apenas de um simples estranho.

O pior de tudo naquela situação era que eu me preocupava cada vez mais a respeito de meu Blake estar sob o teto em que David habita.

Agora que eu sabia a fundo a história do meu príncipe sapo após a morte de seu pai, eu me sentia péssimo por tê-lo julgado como se ele somente quisesse me usar como um boneco sexual. A culpa definitivamente não era dele de forma alguma. Blake Harper se tornou uma rocha e uma concha quase impossível de ser aberta por culpa de David que o tratava como um lixo e se recusava da pior maneira a aceitar seu afilhado da forma que ele realmente é.

Me doía saber que eu não podia fazer nada para livrar Blake daquele lar, e agora que Charlie também está na Austrália, eu me sinto ainda mais incapaz de fazer algo pelo homem que amo já que a presença do noivo e também a falta de recursos monetários me impedem de tira-lo daquele inferno e leva-lo para longe dali onde poderíamos sermos felizes juntos sem mais delongas onde poderíamos viver o nosso sonho de termos a nossa família e a eterna presença um do outro.

Estando ali da janela do meu quarto, posso ver quando Seamus sai de casa com Zoe, ele segura em suas mãos algumas sacolas ecológicas de supermercado, e fico ainda mais desgostoso quando vejo que Blake não está com ele e tudo só piora quando percebo que no olhar de Zoe existe um semblante triste e outro pesado nos olhos de Seamus.

Tenho a certeza de que algo aconteceu. Não é nada normal que Blake fique tanto tempo dentro de sua casa se ele não estiver gripado. Seu carro está estacionando em frente ao celeiro e a caminhonete da fazenda está prestes a ser usada por Seamus Harper.