4 . PARTIDA

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— Porra, Cody! Você está me ouvindo? - Rosna Charles irritado enquanto dirige.

— O que? - Sibilo confuso piscando para meu namorado.

Ele ergue a sobrancelha com desdém e fúria. Eu sabia de alguma forma, que Charles já estava ficando cansado dos meus devaneios alheios de todo aquele dia o qual passamos juntos.

— Você ouviu o que eu te perguntei? - Indaga ele raivoso. — Ou pretende me dar um gelo outra vez?

Respiro fundo, e olho para a avenida que o carro atravessa em alta velocidade, sem entender o que se passou naquele curto espaço de tempo em que fiquei inerte.

— Eu fiquei distraído... mas estou ouvindo agora se quiser repetir. - Digo baixinho tentando amenizar a situação entre nós.

Minha cabeça estava distante de tudo, desde o exato segundo em que deixamos o hotel barato e podre em Santa Mônica para o nosso retorno à Los Angeles.

— Isso já está  passando dos limites se você quer saber. - Charles Comenta apertando com força o volante do carro, o que faz os nós de seus dedos ficarem cor de giz.

Sei que ele que a melhor qualidade do meu namorado não é a paciência, e eu posso dizer claramente que especialmente hoje, essa aptidão que faz parte de mim, foi levada pelas ondas da praia em Santa Mônica.

Charles e eu havíamos tido um final de noite magnífico juntos, eu não poderia permitir que minha ansiedade fosse o pivô de estragar o restante dos planos o qual tínhamos intuito de exercer.

Não que o nosso único propósito fosse irmos para minha casa juntos, apenas para fazermos sexo na banheira. Tínhamos outros planos além deste, que  basicamente se resumiam em ficarmos deitados juntos assistindo filmes e séries até altas horas da madrugada, até  quando Charles precisasse retornar para sua casa.

Ou talvez, ele pudesse dormir comigo aquela noite e somente ir embora na noite seguinte, ou quem sabe se eu pudesse, ele me levaria para seu apartamento no centro da cidade, para que assim, eu não fosse forçado a ficar sob o mesmo teto que meu pai, sabendo que ele estava omitindo uma possível drástica notícia de mim.

— Me desculpe, Charlie... juro que não foi minha intenção não prestar atenção em você. - Falo tocando sua mão no volante.

Ele suspira com frustação e lança um beijo no ar para mim.
Pego o beijo no ar, e levo minha ao coração, onde o amor pelo meu namorado somente crescia constantemente.

—  Isso já está me deixando maluco, gatinho. - Diz ele pacificamente sem tirar os olhos da estrada

Inspiro e expiro me sentindo cada vez mais cansado psicologicamente. Toda aquela pressão a qual eu coloquei sobre minha própria mente, estava absolutamente me fazendo um terrível malefício, que infelizmente, não afeta somente a mim.

— Eu sei... mas não consigo deixar de pensar no pai. - Comento enquanto despedaço com os dedos uma rosquinha de chocolate ainda do nosso café da manhã. 

Era irritante ter toda a minha mente completamente ocupada por um único assunto que era Shane Daramour e seus segredos. A aquela altura do campeonato, o meu próprio eu, encontrava-se exasperado com a situação em que eu estava preso sob.

— Eu queria te levar para minha casa, lá eu poderia te fazer  esquecer dos seus problemas... - Informa Charles com malícia e sei bem como seria essa resolução.

Me inclino para ele, e beijo seu maxilar perfeito. Estamos impregnados com o cheiro nada agradável dos lençóis ásperos do hotel, mas não me importo em beijar cada centímetro do maxilar de Charles até chegar em seu pescoço.

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora