12 . O INDESEJADO OFERECE CARONA

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Eu não sabia dizer se o calor na Austrália podia ou não ser superior ao clima da Califórnia. Mas independente de qualquer coisa, eu sabia que eu estava derretendo como um gelato em uma tarde de verão em Malibu. 

O sol estava forte, fazia minha testa pingar gotas de suor enquanto eu caminhava à pé pela pista de asfalto velha e já desgastado da estrada até o hospital. 

A estrada é deserta, sem carros, algumas árvores ao longe colorem a vista amarelada e pedrosa da pequena colina onde os carros passam. 

Eu ainda não conseguia crer que Matthew praticamente me expulsou do hospital apenas por saber que eu estou noivo nos Estados Unidos. 

Muita ingratidão da parte dele, porque em momento algum eu demonstrei interesse algum nele, e que mal havia em ter um noivo e permanecer tendo amigos homens? Qual era o século que Matt vivia? Pelo amor! Ele era pior do que Blake! 

IMAGINE O QUE ELE FARIA SE DESCOBRISSE QUE VOCÊ NÃO É MAIS VIRGEM. 

Diz meu subconsciente com humor, e sou forçado a rir por pensar nesta hipótese. Minha nossa, acho que talvez ele poderia cuspir na minha cara se soubesse que já fiz sexo incontáveis vezes nestes cinco anos que estive com Charlie. 

Não consigo nem fazer as contas, mas transar um total de no mínimo vinte e cinco ou quarenta vezes por mês nesses sessenta meses juntos, absolutamente daria um valor muito superior a cem, acredito. Sempre fui péssimo em exatas, e talvez isso pudesse acarretar um pouco minha carreira na faculdade de odontologia quando eu retornasse para a Califórnia. 

Sinto uma certa pontada de ódio em meu coração, cólera por ter sido desprezado por uma pessoa que de imediato me fez sentir-me tão confortável como Matt me fez. Eu queria poder voltar no tempo, e me impedir de falar a respeito de Charlie. 

PELO MENOS VOCÊ FEZ O QUE DEVERIA SER FEITO... 

Diz meu subconsciente, e eu concordo com minha própria advertência. 

Mas agora que a merda já estava feita, não havia nada que eu pudesse fazer para reverter a situação, já que apesar de tudo, foi o melhor a ser feito ao invés de apenas parecer disponível para uma pessoa que mais tarde pudesse nutrir algum sentimento por mim. 

Por que as pessoas tinham de ser tão complicadas? Por que Blake, um homem que sequer conheço, precisava agir como um troglodita e surrar Matthew? Por isso Matthew precisava agir como um garoto mimado e me expulsar, não querendo minha companhia por um fator tão fútil? Por que meu pai precisava estragar minha vida? 

Tantas perguntas, e nenhuma resposta concentra, nada nítido, nada claro. Eu não compreendia como uma vida perfeita pode virar do avesso tão inesperadamente. 

Finalmente eu chego até a civilização, a pequena e monótona vila nada movimentada me causa uma certa comiseração no peito. Eu daria tudo para estar em Los Angeles novamente.... Eu quero chorar, mas não posso, sempre fui bom em reprimir meus sentimentos de tristeza, e então  fico na dúvida se isso é uma qualidade ou defeito.

Ignoro meus pensamentos tristes e miseráveis, jogo no lixo as saudades do meu lar, e permaneço andando pela avenida da rua principal até chegar em uma pequena pra cá circular com playground ecológico próximo ao corpo de bombeiros e Departamento de Polícia local. 

Existem apenas três viaturas na delegacia, e dois caminhões de auto bomba tanque e resgate no corpo de bombeiros. Me pergunto se a rotina daqueles agentes da linha de frente pode chegar a ser minimamente comparada a rotina que os iguais levam em Los Angeles. 

Caminho por mais dez metros, e finalmente chego até o mínimo centro da cidade. Novamente, não vejo nada de especial naquele lugar, com exceção do SWEETEST. 

APPLE HARVESTOnde histórias criam vida. Descubra agora