APPLE HARVEST

18 . INGRATIDÃO

Abro meus olhos, aparentemente já é madrugada e a chuva já se foi, assim como muito possivelmente Matt também já deve ter ido embora para sua casa. 

Ouço ao longe os sons dos grilos junto dos habituais sons da noite de uma fazenda como qualquer uma das outras.

Me sinto descansado e restaurado após a foda que Blake e eu tivemos juntos pela primeira vez. Ainda estou pelado, e o feno pinica minhas costas causando um certo incômodo que temo que se transforme mais tarde em uma seria alergia já que nunca tive contato com palha e afins.

Admito que o orgasmo que tive ainda parece um pouco presente em meu corpo, principalmente na área da virilha já que permaneço a sair um calor arrebatador e atordoante no meu pau que apesar de já estar seco, ainda se encontra melecado do meu próprio sêmen de quando cai de barriga para cima, adormecendo e terminando de chegar ao clímax por conta do meu próprio corpo.

As lembranças do sexo com Blake ainda são certamente muito presentes em minha mente já que possivelmente não faz sequer doze horas que transamos. E afinal de contas, tenho uma excelente memória.

Foi verdadeiramente um alivio enfim ter saciado essa sede que queimava em meu interior. 

Finalmente pude provar do fruto proibido, mas tenho medo do que isso possa me custar futuramente já que não sei muito bem se posso confiar em Blake para manter sua boca rosada quando Charlie vier me buscar de volta aos Estados Unidos.

Mas decido não me preocupar com isso, já que acredito que Blake não é exatamente o tipo de homem que espalha por ai o que ele costuma fazer entre quatro paredes, e muito menos que o intuito dele seria arruinar o meu noivado com Charlie.

E DAI SE ARRUINAR? VOCÊ PRATICAMENTE JÁ ESTRAGOU SEU RELACIONAMENTO COM CHARLIE DESDE O PRIMEIRO SEGUNDO EM QUE PERMITIU QUE BLAKE HARPER TE BEIJASSE ESPONTANEAMENTE!

Mordo meus lábios e sinto como se um peso similar ao de uma âncora tivesse caído sobre meus ombros, e uma bigorna esmagasse meu peito vagarosamente em um tortura interminável, que sufoca minha respiração com a intenção de que eu realmente sofra o bastante para perceber a besteira que cometi.

Me esforço ao máximo que posso para não pensar muito nisso. Sei que estou errado e não preciso que ninguém esfregue isso na minha cara, apesar de quem estar fazendo isso seja o meu próprio subconsciente, quero poder me manter desses pensamentos acusadores que podem estar repletos de verdadeiras palavras, mas que neste momento são totalmente irrelevantes para mim.

Me viro de lado, e Blake está caído ao meu lado direito ainda profundamente adormecido e nu como se não nada o preocupasse no mundo inteiro. Ele é ainda mais lindo adormecido do que já cheguei a pensar. 

Seu rosto expressa tranquilidade e conforto, seus lábios estão cerrados em uma linha rosada fina que sinto desejo de poder acariciar com o meu polegar e sentir a maciez de sua pele.

Ele não parece se incomodar com o feno que parece estar começando a deixar seus braços com manchas pequenas e vermelhas como se fossem marcas de agulha. 

Blake está adormecido profundamente, mas não sei ao certo se ele pode ter despertado durante algum momento enquanto eu dormia, já que não me recordo de ter aberto os olhos desde que cai sobre a palha após o orgasmo.

Aproximo meu rosto do dele, e ele sequer se mexe. É tão estranho, peculiar e causa-me medo que eu me sinta tão atraído por esse homem diante de mim. 

Desde que o vi pela primeira vez, assim que cheguei em Melbourne, meu coração foi tomado por um avassalador sentimento estonteante que nunca senti antes.