Acordei de manhã com Máties me chamando; Paulo chamou pelo pai e a jaula estava descendo. Se os guardas entendessem de forma errada, os elfos seriam castigados.
— Paulo, por que fez isso? Sabe que está os colocando em risco de sofrerem ainda mais.
— Eu tenho um plano. Viemos ajudá-los e faremos isso. Estou provando pra mim mesmo que não sou maluco, e nem egoísta. Deixa eu fazer isso por mim também.
O próprio sr. Frederick o mandou sair da jaula sem querer saber o que ele queria.
— Você vai ficar sozinha por pouco tempo. Te prometo que volto pra contar a verdade. Mas… desde já, te peço desculpas. De uma coisa você poder ter certeza: pode confiar em mim. — ele falou antes de sair e ir para um túnel acompanhado por guardas.
Meus sentimentos eram confusos em relação a Paulo. Por culpa dele meu irmão morreu. Mas ele se arrependeu, né? Ele estava se arriscando por mim e pelos elfos sem nem ter motivos pra isso. Aquela paz que ele transmitia era incrível… e tão confusa.
Todas as outras jaulas desceram e uma cesta de frutas douradas, as urors, foi deixada. Elas foram nomeadas no Castigo em homenagem a Ury, uma das primeiras elfos especialista em restaurar forças e curar alguém sem poções. Essa fruta mágica os alimentou em todos esses anos, sr. Frederick só não tinha conhecimento de seu uso em poções.
Os guardas foram passando em cada jaula e retirando os elfos com cabelos compridos. Estes elfos eram algemados e acorrentados numa das paredes de pedra. Máties explicou que aqueles elfos cederiam ingredientes ou preparariam o pó-de-N, e ele era um desses. Ficamos tranquilos em saber que não era algo ruim. Mas tive que me esconder pois o cabelo era o principal ingrediente e o processo não era indolor por necessitar da raiz.
Após retirarem Máties, o guarda ficou encarando a jaula, desconfiado.
— Se afastem — ordenou. E atendemos. — Garota de capa, você vem conosco.
Fui acorrentada com Máties, que sujou a capa propositalmente para não desconfiarem do que se tratava. Com um chicote na mão, o guarda mandou Máties arrancar mechas de meu cabelo. Ele se negou. O guarda o olhou com certo receio ou pena, mas sua feição se tornou impiedosa em seguida, e Máties foi coberto de chicotadas. Ele não gritava mas eu não aguentava ouvir seus gemidos de dor.
— Parem — falou outro guarda — Ela será levada para a cozinha, onde deveria estar. Isso não é necessário. — E saiu me puxando pelo braço.
A cozinha era numa caverna. O lugar fedia, era úmido e muito escuro. Haviam corpos de muitas elfos no chão. As que ainda estavam vivas se encontravam muito magras e cansadas.
— Desculpe se machuquei seu braço — disse ele.
— O que?
— Me chamo Omar. Eu te conheço, vigiei sua casa antes de chegar aqui.
— Por que está falando comigo? Você é um deles.
— Acha que gosto de fazer isso? Você acha mesmo que eu gosto de ver tantas vidas sendo tiradas por mim? Estes homens, tenho absoluta certeza, estão em agonia como eu estava. Me enquadro a maioria, quero sair daqui, mas não se isso continuar.
— Nós podemos fazer alguma coisa juntos. Só preciso sair daqui. Me prove que diz a verdade, solte-nos, me solte das correntes. Nos ajude!
— Eu quero, juro que quero ajudar. Mas os guardas acreditam que você é a elfo que fugiu por simples implicância. Se eu te tirar daqui, irão te colocar num lugar ainda pior. Me perdoe, não quero piorar as coisas.
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A Sétima Poção (Pausado)
FantasyA descoberta de um bosque de elfos muda a vida de Liz e revela que tudo o que sabia sobre si era uma completa mentira. Mas foi a fuga de um elfo justiceiro e o surgimento de poderes misteriosos que a levam a outras direções. Ela agora terá que vence...