capítulo 9

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  Contar sobre o mapa significava punição por ter roubado; decidi não contar nem mesmo para Omar. 

  Da janela, Omar e eu víamos mais elfos chegando em grupo. Asnum atacou uns 15 pequenos bosques neste dia. Árvores menores tinham seu crescimento acelerado para mais casas serem construídas. 

  Vendo a situação de vários deles, eu olhava para o pingente com meu nome e o mapa no livro. "O que eu faço?"

  — Não sei porque está pensativa, mas seja o que for fazer, não se arrependa depois. O arrependimento não mata mas dói e muito.

  — Que isso, Omar?! Eu pareço pensativa?

  — Só está sentada olhando o pingente e o livro aberto há uns 30 minutos. Você mente tão mal quanto a tal Else.

  "Isso! Else." — pensei. Fui direto bater à porta para chamar os batalhantes que nos vigiavam. Eles recusaram chamá-la pra mim; nada que a insistência não resolvesse junto a uma bela conversa para convencer.

  Fui sincera com Else e disse a verdade sobre o que fazíamos na Sala de Reuniões. Apesar de seu esforço, notei a surpresa em sua voz do outro lado da porta ao saber o que Maysan deduziu. Ela estava tomada por medo, a jóia em seu peito deve ter lhe dado alguma visão. Acontece que, mesmo não descobrindo os poderes da capa, eu sabia que era capaz de muito mais tendo ela. Eu podia ajudar.

  — Não. A capa está na Sala de Reuniões, não vou roubar de lá.

  — Else, você, mais que ninguém, sabe o que vai acontecer.

  — É. É, eu sei. E como você soube que teletransporte guiado em espírito burla as regras?

  — Devo ter lido em algum lugar, algum livro… Então, Else, vai me ajudar? — mas ela ficou quieta. — Else, por favor! Eu tento ajudar e no fim só atrapalho. Me deixe fazer o certo uma vez. Só uma. No fundo você sabe que eu sou capaz, assim como eu sinto que sou.  — e pausei minha fala quando o olhar preocupado de Omar, que escutava a conversa calado, bateu em mim. — Eu acho... não, eu tenho certeza que vou me arrepender para sempre se ficar aqui de braços cruzados, Else. Else?

  — Sou eu quem vou me arrepender disso pra sempre. — falou Else, surgindo em espírito no meio do quarto, com a capa nas mãos.

  — Lembrarei disso. — falei sorrindo, vestindo a capa apressada, olhando ela e Omar — Logo estarei de volta.

  Fiz como antes e tentei focar no que eu realmente queria. Mas no meio dos pensamentos sobre minha mãe, lembrei das palavras de Maysan, juntei as perdas que tive e apareci no portão da fazenda Drelvly – ou o que restou dela. Estava tudo em cinzas. O casarão foi destruído, minha casa foi destruída. Não houve qualquer reação minha por um instante. Então, desesperada, comecei a chamar por dona Rosa, meu pai, Virgínia… sem respostas. Caminhando pelo estrago, chorei vendo o lugar onde ficavam o galinheiro, o celeiro, tudo vazio. "O que aconteceu por aqui?" Foi então que vi um corpo carbonizado no chão com restos de vestimenta de… militares?

  Me sentei, desacreditada, apoiada numa árvore. Olhei o pingente em minha mão e decidi abrir o mapa dos bosques. Havia tantas opções ali que eu não sabia nem por onde começar. Mas, magicamente, os bosques foram desaparecendo, um a um. Todas as opções sumiram e uma surgiu. Tomei isso como um sinal.

  O local indicado não era um bosque, era no meio de uma estrada quase infinita por entre um matagal e plantações, onde só o barulho do vento se escutava batendo contra mim. Era noite, apenas a lua iluminava o lugar deserto.

  Eu já me preparava para voltar, até ouvir uma gargalhada seguida de passos calmos atrás de mim.

  — Quem está aí?

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora