A Sétima Poção (Pausado)

capítulo 18

  A Floresta Sagrada estava escura, sem o portal, quando cheguei. Tudo estava vazio, não havia ninguém. Mas encontrei Márlety dentro de uma bolha esbranquiçada, uma contenção de poder que impossibilitava ouvir o que ela dizia. Ativei meu Escudo rapidamente.

  — Estão por todo lado. Guarde sentimentos, pois haverá batalha. - Skriptil avisou.

  Gritaram meu nome. Saindo do esconderijo, Evelyn apareceu correndo em minha direção. Ativei meu Reytz escondido dela, mas vi suas lágrimas caindo e seus braços abertos para me abraçar, e os desativei. Ela me apertou e me beijou aliviada por me ver.

  — Fique atenta - Skriptil avisou.

  Só que apesar de tudo eu senti saudades dela.

  Confiando em mim, Evelyn desativou a contenção de Márlety. Ela disse que todos já sabiam de Maeve. Maysan foi quem a conteve assim que chegou, também porque não aparentava ser a mesma de antes.

  — Temos um assunto sério a tratar - Márlety disse de maneira seca, realmente diferente.

  Evelyn estranhou a atitude, mas nos convidou a ir para sala de reuniões.

  No caminho, perguntei a Maysan sobre Filipe. Ele recebeu apenas uma carta sobre Maeve em Márlety, sem revelar como descobriu a data de chegada na Floresta Sagrada; por causa disso, Márlety caiu numa emboscada. Ninguém soube que Felipe desapareceu, muito menos onde ele estava ou se havia voltado. Curioso...

  Eu não sabia mais se podia confiar em Asnum. Márlety havia mudado, eu havia mudado. Ele mentiu. Até ele mentiu para mim... Talvez eu tenha errado em não acreditar em Filipe. "E agora, o que acontecerá nesta sala? Qual rumo tomará essa conversa?".

  Nós quatro nos sentamos à mesa. Evelin fez questão de ser direta em perguntar onde estávamos esse tempo todo. Mais direta ainda foi Márlety em responder que estávamos com Asnum. O espanto de Evelyn e Maysan foi aparente; ele se levantou ficando de costas sem acreditar, enquanto ela nos olhava fixo com desconfiança.

  — Ela quis dizer que...

  — Que ele nos disse a verdade. - Márlety falou por cima de minhas palavras.

  — O que ele fez com você, irmã? Vocês duas... Traidoras!

  — Chega, Maysan. Vou convocar os líder-diretores e buscar representantes antes de mais informações. — Evelyn disse, decepcionada.

  — Espere, mãe. Você precisa saber os motivos dele. Ele só quer ser aceito, incluído.

  — Depois de tudo que ele fez, os elfos que matou, agora ele quer ser aceito? Ninguém concordará com isso, e nem eu!

  — Pelo menos diga a verdade uma só vez: você matou a Maeve? - e ela arregalou os olhos sem esperar que eu dissesse isso. - O seu silêncio é uma resposta, mãe?

  Ela puxou uma pérola escondida na palma da mão e a esmagou, me ignorando. Aquele era um comunicador entre os líder-diretores, que os contactou de forma rápida e eficiente. Ela avisou a urgência da reunião. A partir de então, eles apareceriam a qualquer momento.

  — Enquanto isso.. — Márlety começou a dizer, caminhando pela sala — acho que é uma boa hora de vocês saberem que as seis poções de Asnum tinham a intenção de ressuscitar a Maeve apenas. A Maeve... Quem você matou! Posso dizer aos líder-diretores que...

  — O que? Vai dizer o que? Sem provas, em quem acha que vão acreditar? — Evelyn retrucou.

  — Não sei. Você sabe? Contudo, há suspeita da historinha que você criou sobre o assassino, o tal Peter, meio-elfo que vivia com humanos e eliminava ameaças élficas no meio da floresta. — falava Márlety, com ironia.