capítulo 16

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  A celebração da morte de Márlety e renascimento de Maeve durou quase um dia inteiro. Passei todo o tempo no quarto me sentindo culpada por ela ter aceitado essa ideia maluca. Jamais teria aquela conversa se soubesse o que ele queria. Eu estava começando a suspeitar de algo, mas Asnum interrompeu meus pensamentos batendo na porta e pedindo que o acompanhasse até uma sala em corredores que eu desconhecia.

  Asnum reafirmou que meio-elfos podiam ter no mínimo seis poderes comuns, o primeiro sendo a Manipulação de Energia, seguido do segundo: Reytz (teorizei ter esse nome por ser poderoso como o poder dele, mas segurei a curiosidade).

  Os meio-elfos eram os únicos que conseguiam realizar uma Manipulação de Energia bem sucedida. Elfos têm essa energia e a sentem apenas quando ativam seus poderes, enquanto humanos não sentem, pois contém pouca. Mas quando a mutação acontece para gerar um meio-elfo, as energias se misturam e se fortalecem, tornando possível sua manipulação.

  A sala que estávamos era cinza mas bem clara, e servia para treinamentos. Ali Asnum explicou três formas de ativar os poderes: a força do ódio, do querer e da felicidade. Então me colocou uma pulseira de bronze que absorveria o poder caso houvesse descontrole.

  A massa azul do tridente que surgiu na batalha Prisma foi na verdade eu manipulando minha energia em um momento de ódio e reforçando meus raios. E minha tarefa naquela sala era isso: sentir minha energia e manipulá-la, usando uma das três formas, para atacar ou me proteger.

  Um alvo foi colocado na parede do outro lado da sala, eu teria que acertá-lo direcionando minha energia para reforçar alguma parte do corpo ou algum poder apenas usando pensamentos, que escolhi os de felicidade.

  Foi difícil tomar iniciativa, fiquei inerte encarando o alvo, mas decidi tentar aquilo por mim e quem sabe contra Asnum.

  Busquei momentos felizes: dona Rosa me contando histórias para dormir, as brincadeiras com Filipe ou com Pedro, e o dia que encontrei Evelyn. Mas logo lembrei que dona Rosa sumiu, vi Filipe morto de novo e Pedro enforcado em minha frente. Me surgiu uma preocupação misturada com ódio e tristeza. Abri os olhos afirmando pra mim mesma que aquilo não era mais verdade, tentando me acalmar. E vi faíscas brancas saindo de minhas mãos. 

  — Seja o que pensou, deu certo. Use a força do querer! — Gritou Asnum. — Você quer isso?

  — Eu quero. — afirmei pra mim.

  Olhando o alvo, foquei somente em acertá-lo. As faíscas cobriam minhas mãos. Sentia o poder correndo nas veias. O.Ss pendurados nas paredes, tremiam. E surgiram raios extremamente fortes saíndo de mim, me dificultando mirar. 

  — Ela reforçou seus raios. São Reitz brancos, puros, extremamente raros. — ouvi Asnum falar para Filipe, que assistia na porta da sala.

  Ficou ainda mais difícil controlar os raios quando os O.Ss foram atraídos. Senti meus braços incharem e as veias dilatando quando disparei, e milagrosamente voltaram ao normal na sequência. Gritei de dor. E parou. Tudo sumiu. Apenas silêncio e fumaça ficaram. Tudo ao redor eram cinzas.

  — As pulseiras...? — Lipe perguntava.

  — Absorveram o poder. Isso foi inc… bom pra uma primeira vez.

  — Ainda preciso controlar...

  — Exato. Terá que treinar muito tendo um Reytz puro… — Ele disse e saiu da sala, tentando se mostrar duro.

  Não foi necessário chamar a celestial especialista em cura instantânea. Filipe foi quem me levou pro quarto.

  Mesmo com dores, consegui controlar parte do poder e deixar que apenas faíscas rodeassem minha mão. Lipe me olhava preocupado me vendo sorrir com os olhos brilhando, hipnotizados, para o poder.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora