capítulo 23

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  Na sala do casarão, dei uma olhada pela janela e vi a lua, que brilhava no céu e me olhava de volta como se me encorajasse e me desejasse sorte, assim como Filipe fez minutos atrás.

  Vestindo a capa e me concentrando para sentir os poderes, apareci num porão escuro e bagunçado, um amontoado de livros e anotações. Eu não esperava conseguir encontrá-la apenas pensando nela, mas aparentemente os feitiços tinham mesmo se enfraquecido.

  No centro, não havia bagunça perto de uma mesa onde estava um abajur aceso. Olhando em volta, não vi, mas conseguia sentir a presença de Giane; ela me sentia também e queria uma brecha para atacar. "Me esperando? Não"

  Me aproximei da mesa e apaguei a única luz que permitia ver alguma coisa, só que era o que eu precisava para chamar a atenção dela sem ainda me revelar. 

  — Se revele! — Giane ordenou escondida em qualquer um dos muitos cantos escuros do porão. — Não tenha medo de mim.

  Eu permaneci calada, quase sem respirar. Meu foco era tentar sentir os meus poderes a todo momento, e agora escolher a melhor forma de abordagem para Giane. Porém, uma coisa me frustrava: "Como posso saber que ela ainda estava sobre feitiços de Asnum e apenas não queria humanos a descobrindo sem me descontrolar ao tentar adentrar sua mente?". Me pareceu loucura mas era uma possibilidade. E optei no que deveria ser a última opção: me revelei.

  — Liz. — ela falou de imediato.

  Senti um alívio por ter feito a coisa certa. Ela me reconheceu!

  Mas alguns segundos de silêncio se acumularam em meu medo e, de repente a luz vermelha me atingiu por trás e me ergueu no ar, me deixando imóvel. Minha pele ardia, meus nervos se contraíam; os reytz dela estavam diferentes, mais fortes que normalmente era um ataque daquele. Nisso, Giane apareceu com seus trajes vulgares em cores combinando com seus olhos acesos em escarlate e uma expressão sombria.

  — Oh, que ingênua. Acreditou mesmo que eu não te via? — debochou, erguendo a sobrancelha ao me olhar — Eu te queria invulnerável para te deixar assim... do jeitinho que eu quero. Se eu fosse você economizaria os esforços para falar, logo estará completamente sem forças e sem poderes. — então ela fez um gesto. Em seguida, toda a bagunça e todos os objetos desapareceram em pó; nada naquele lugar era real. — Ora, vamos, não me olhe tão confusa, você sabe o que aconteceu. Ok, vou te deixar falar. Certo, agora quero ouvir. Estou esperando.

  — Não, não é possível. Rachell não mentiu, Asnum, sim. Ele não vê tudo com a jóia, há ao menos uma verdade aqui. Se nada for real, me mostre você a realidade.

  — Eu não preciso mostrar nada, preciso só do seu sangue… — Ela disse ao puxar meu pulso e localizar a minha veia. Quando afastou a mão, me olhou e mostrou um sorriso gentil. Um poder vermelho surgiu pontiagudo na ponta de seus dedos, com o qual ela passou devagar até que meu sangue escorresse. — Como é lindo… Ela vai voltar agora.

  No que virou de costas para mim, foquei em sentir meu poder e conseguir força o suficiente para alcançá-la enquanto ainda estava perto. Entrei na mente dela por um mísero instante e pude ver apenas que suas lembranças estavam amarradas, diferente de como Maysan estava. 

  No instante seguinte, ela havia sumido e eu acordei no meio das ruas do centro de Nova York, com meu pulso curado sem nem marcas do corte. Podia sentir um poder imenso ao meu redor, acima de mim; um instinto de medo me tomava e meus reytz insistiam em se descontrolar. Eu estava ofegante, olhava para todos os lados e via muitas pessoas andando normalmente, porém, nenhuma delas me viam. "Isso é o Anusyus?"

  A terra começou a se rachar um passo à minha frente, fazendo uma enorme cratera surgir, e dela saía lava fervente, que borbulhava e espirrava tão alto que quase me alcançou. Me virei para correr, com uma confusão estranha na mente, mas o chão esquentou tanto que derretia. Recuperando minha lucidez, ativei meu escudo e me teletransportei rapidamente dali. 

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora