capítulo 6

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 Despertamos com gritos dos elfos em várias jaulas. Evelyn preferiu não me acordar, tentava se comunicar para saber o que acontecia exatamente. Foi só quando olhei para baixo que tive uma ideia do porque tanto barulho: Paulo, acompanhado pelo pai e outros guardas, entrava por um túnel. 

 — Vejam e aprendam! — falou Frederick, em bom som, tornando a prender Paulo na jaula. — Vocês voltam sempre para de onde saíram. Fiquem cientes! Estar preso é o castigo mais leve que terão. Não me subestimem. Eu vejo tudo.

 Mas os gritos não acabaram, pelo contrário, só aumentaram após a jaula chegar no alto.

 — Se esconda— Evelyn veio me puxando — Tire a capa e se esconda atrás dos outros.

 — O que houve?

 — O plano de Paulo funcionou, a segunda rebelião acontecerá. Mas, como na primeira, os castigos começarão por nós. É só um dos sacrifícios para conquistar a vitória.

 Paulo fugiu de sr. Frederick quando estava a caminho da fazenda. Ele entrou no bosque com ajuda do espírito da elfo que fugiu na primeira rebelião. Maysan concluiu a poção Fortificante. Agora era questão de tempo para Márlety e Maysan chegarem no Castigo. Contudo, Frederick comandou uma busca intensa por Paulo e o encontrou quando voltava. 

 Por motivos desconhecidos, Márlety e Maysan não vieram imediatamente ao saberem a localização do Castigo. Mas o que restava fazer era barulho. Com a redoma ativada, era impossível utilizar poderes, e sem isso, os dois seriam contidos pelos guardas; então eles deveriam estar ocupados no momento da chegada, seja qual for o preço a pagar por isso.

 — Não tem como desativar a redoma? — perguntei.

 — Sendo um feitiço, precisa usar poderes ou desfazê-la fora do Castigo. Mas com a poção teremos alguns elfos capazes de desafiar os guardas. Uma gota é o suficiente para uma super força incrível, porém temporária. Infelizmente, poucos terão essa chance. — e continuou me puxando— Somente escute, Liz: não deixe que levem essa capa.

  Entre gritaria, correntes batendo na cozinha e até as urors sendo jogadas do alto, nossa jaula começou a descer. Tentei me esconder nos fundos mas retiraram todos como reféns com uma faca no pescoço. Mesmo assim, ninguém parou, ainda mais com os incentivos de Evelyn. O que ninguém esperava era que o "não" dos elfos fosse um gatilho para que os guardas tivessem a coragem de fazer mortos ainda ali. A cena foi tão terrível que não vale a pena descrever. Me traumatizei com os detalhes quando tentei procurar Evelyn ao redor. Ela estava viva, e como eu, já era levada para a Tortura.

 Fomos presos de cabeça pra baixo em troncos. Enquanto isso, outras jaulas desciam.

 Não percebi, não prestei atenção, apenas senti o estalo do chicote nas costas. Eu paralisei. Cheguei a me questionar se aquela dor era mesmo real. Foi impossível aguentar sem gritar, mas os elfos mal soltavam gemidos. Minutos se transformaram em uma eternidade. E parou. A sequência de golpes foi interrompida por uma fuga de elfos, com certeza sob efeito da poção, forçando os guardas a contê-los. Mas a dor dos ferimentos não me deixaram fugir. 

 Nesses minutos de um mínimo respiro, Evelyn sentiu que não aguentaria os ferimentos e começou a gritar do outro lado pra mim:

 — … estive com você, Liz. Eu vi você crescer, filha. Vi em você um despreparo mas um potencial escondido. Se liberte! Eu acredito que agora você está em casa. E por isso te escolho para herdar o meu lugar, tendo o testemunho de todos os que me ouvem. É uma responsabilidade muito grande, eu sei, algo desconhecido. Mas eu acho… Não, eu te conheço. Você será capaz!

 — O que isso quer dizer?

 — Até que enfim te encontrei. — disse Omar, ao se "materializar" na minha frente.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora