capítulo 7

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  Enquanto eu fui acorrentada na cozinha e Omar foi preso na jaula, o general ia para o escritório de Frederick. Pelo que disse, percebi que Marcelina, com seu rostinho doce e aparência bondosa, não passava de qualquer outro político ganancioso.

  A cozinha estava mais sangrenta e vazia agora. As elfos ali não sabiam português, então me encolhi num canto e fiquei pensando. "Talvez tenhamos colocado os elfos em perigo".

  — Tire isso agora. — falou uma elfo de cabelos recém cortados e olhos brancos, com uma jóia da mesma cor embutida no peito. — Tire a capa! Isso não é seu.

  — Quem é você? Fique longe de mim.

  — Ele está vindo. Isso devia estar com um líder. Asnum está vindo! A Sétima Poção é a mais temida. Estamos em perigo. — Dizia, confusa, com português arrastado, apertando a jóia. — É tudo sobre ele e a poção. Precisamos desfazer o portal. Márlety está a caminho!

  — Do que você está falando? —Falei.

E vi que ela era ignorada pelas outras.

  — Asnum fez acordos, a líder-diretora corre perigo. Alguém fará a escolha. Elfos ausentes voltarão. Guerra! Destino... — E caiu quase desmaiada no chão.

  — Ei, você está bem? — eu tentava socorrê-la no chão. — Sou Liz Clohn, quero ajudar. 

  — Clohn? É humana? Por Mornideld! O que eu disse?

  — Deixa que eu te ajudo a levantar. Se acalme. Pode dizer quem você é?

  — Sou Else... Imizon. Desculpe, o que eu disse foi puro delírio. Nada é verdade sabe, tudo mentira. Não acredite.

  — Olha, eu acho que você não sabe mentir.

  Ela disse que Asnum era um elfo justiceiro, que por anos esteve preso em Elvem Kartzela, mas recentemente fugiu. Ele passou a vida planejando extinguir os humanos por conta da poluição que faziam, o desmatamento de florestas, a morte de elfos e mais motivos pessoais.  Foram seis poções com esse objetivo, contudo, a sétima poção seria a pior de todas. Else não quis dizer o que viu.

  A jóia em seu peito geralmente era usada em elfos de menos idade para ajudar a controlar os poderes, porém a mãe de Else a embutiu no peito da filha. O uso contínuo ajudou no controle mas também lhe dava visões, previsões e mostrava consequências de conflitos, além de permitir teletransporte igual a outros portadores de jóias.

  Ela não quis mais me explicar qualquer outra coisa, pois dizia que Márlety estava a caminho e o portal Ezpels (a redoma) precisava ser desfeito por seu noivo, adivinhe só, Máties.

  Rapidamente, ela se sentou em posição reta, me estendeu a mão e fechou os olhos. Eu nem perguntei o que era. Assim que toquei levemente em seus dedos, a jóia começou a brilhar e incendiar toda a cozinha, deixando tudo numa cor uniforme. O chão pareceu começar a pender e me derrubar para o outro lado. Então, de repente, surgi com um corpo transparente fora da cozinha ao lado de Else. Estávamos guiando nosso espírito enquanto nosso corpo descansava na cozinha; isso porque as correntes interferiam no real teletransporte.

  Ainda podiam nos ver, então nos escondemos. Apenas olhando para Máties, ela transmitiu uma mensagem para ele, que sorriu sabendo quem era mas ficou sério de repente. Então Else me tocou e abri os olhos na cozinha de novo, na mesma posição de antes.

  — Agora só precisamos esperar. Você foi bem, pelo menos não morreu.

  — É. Espera, o que você disse?

  — Xiu! Tem algo errado. Fique atrás de mim. Não... Vai acontecer mais cedo.

  Entretanto, só se ouvia a falaria dos elfos produzindo pó e as poções, o resto era silêncio por ser cedo. Um vento começou calmo, meio esquisito, mas ficou forte inesperadamente e invadiu toda a cozinha e com certeza qualquer canto do Castigo. Como outras, fui lançada contra a parede, tentando ainda me proteger de objetos voando por todo lado e batendo em nós. Uma fumaça cinza tomou conta e a terra levantou, deixando impossível ver qualquer coisa. Mas como tudo com os elfos, parou, do nada. E nos meus braços e tornozelos estava apenas a marca das correntes. "Alguém nos libertou!".

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora