capítulo 11

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  Saí do quarto com pose forte, como queria que Madeu me visse. Mas assim que a porta se fechou e vi Márlety à minha espera, caí em seus braços; e o choro começou a molhar o jaleco roubado que ela vestia.

  — O que ele disse?

  — Quem mandou me trazer aqui? Evelyn? Por quê?

  — Respostas. O que ele disse?

  — Mandou escolher. Mas agora desconfio do que decidi.

  E me afastei dela, olhando o chão do corredor, qual permaneci olhando enquanto saíamos.

  Escolhi os elfos, mas Madeu acertou sobre as mortes desde que os conheci. Para falar a verdade, eu desconfiava de todos agora, porque nunca os conheci de verdade nem sabia suas regras ou tudo o que mudou. Porém, o fundo do olhar de Márlety mostrava a sinceridade dela quando me estendeu a mão para voltar.

  — Antes, quero saber dos sobreviventes do incêndio na fazenda.

  — Você terá muitas surpresas hoje — foi a resposta dela, acompanhada de um leve sorriso — Vamos para outro bosque agora.

  Surgimos na entrada da Floresta Sagrada, que aumentou muito em número de casas e elfos. Márlety falou que além dos Flurest, Camp e os infiltrados (apelidados de Cityd), os Lesct, os Z (da ilha 306) e Guardiões (os criados para proteger a prisão élfica) agora faziam parte das Espécies Principais. Isso significava que eram os principais beneficiados e privilegiados nas reuniões que ocorriam. Reuniões estas, que se tornaram semanais e sempre em horários diferentes. Um painel digital feito pelos Cityd, direcionava os trabalhos de cada um. Mas naquele dia, não havia ninguém, tudo foi interrompido.

  Ela me levou atravessando pelo pátio, indo para as casas mais distantes. Permitiu que eu entrasse sozinha.

  — Você vai gostar da surpresa, eu garanto. Use o tempo para desabafar, pois depois daqui não deverá dizer nada para nenhum elfo ou líder sobre a conversa com seu pai.  

  — Nós duas nem conversamos. Onde esteve? O que é um meio…

  — Não. — ela me interrompeu. — Sou uma elfo e ainda uma líder, creio eu. Com mais tempo, eu prometo que contarei tudo a você. Agora tenho conversas e situações tediosas para resolver, e já estou até atrasada. Ei, eu prometo que mais tarde venho falar contigo, ok? Pode esperar. — E deu um sorriso, levantando a sobrancelha. — Agora vá.

  A casa parecia estar abandonada, tudo estava escuro e vazio. Mas em um dos cômodos vi uma luz acesa. Uma senhora de cabelos brancos, e roupas largas coberta de uma manta xadrez, estava sentada numa cadeira. A única diferença que notei, foi sua pele muito mais branca que antes... ela já sabia de tudo.

  — Não me responderam quando perguntei o que houve...

  — Cheguei a pensar que tivesse morrido por ir atrás deles, minha menina.

  Dona Rosa me olhou emocionada e me fez um carinho. Ela contou que, após a compra da fazenda por Else e Máties, lhe pagaram por todos os anos trabalhados; assim ela comprou uma casa modesta na cidade mais próxima. Ela procurou por mim e pelos outros empregados, mas se convenceu que o pior havia acontecido.

  Foi a própria líder-diretora quem a chamou em sua casa. Uma honra, segundo ela. Também uma surpresa, pois não sabia das mentiras que Madeu contou.

  Sabendo de toda a história sobre as invasões no bosque, ela logo ligou os pontos, ainda mais sabendo do que fiz contra Asnum. Naquele momento, dona Rosa supôs o que houve com seu irmão e agora sabia que era a única família que eu conhecia bem. 

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora