capítulo 13

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  Depois que Liz saiu para a tal reunião, deixamos de fingir ter aceito a ideia da existência de elfos. A real era que precisávamos de um tempo para pensar sem que ninguém colocasse pressão.

  Virgínia não conseguia crer que morremos e só voltamos à vida por causa de um elixir, uma poção, ou seja lá o que for que a Liz tomou quando teve o sonho. Paulo e Pedro não acreditavam nem nos elfos. E eu… ah, eu não me importava em opinar. Na verdade, eu estava com preguiça mesmo. 

  Sempre gostei de ficar calado e observar as reações diante de uma conversa como essa. Foi assim que reparei os olhares de Virgínia para Pedro, e o silêncio de Omar segurando a língua antes de se exaltar.

  — Chega! Olhem ao redor, vejam onde estão — Omar falava em tom mais bruto, quase gritando. — Vocês estão num bosque! Eu entendo que possam estar confusos, mas já tem tantas provas e mesmo assim insistem em não…

  — É, a gente não acredita. Acordamos em nossa casa hoje, como sempre. Aquilo foi um sonho, ou melhor, um pesadelo.

  — Paulo, não faz sentido. Como…  — Omar tentava se controlar. — Vocês não podiam, mas estão praticamente tendo a escolha: humanos ou elfos? Se escolherem humanos, esquecerão de tudo  e talvez nem a Liz possa visitá-los. Será que não entendem?!

  — Mas o que há? Está nervoso, andando assim… Por que tão exaltado? — falou Pedro— O que há de tão bom em ser elfo então? Você nem é um.

  — Ah, vocês são tão burros — reclamou Virgínia — Ele tem inveja. Queria ter a escolha que a gente tá tendo. Olha, você devia pensar se isso é mesmo real, Omar.

  — Você. não sabe de nada! Você não viu. nada! — Omar gritou, apontando para Virginia e indo mais perto dela.

  — É bom que todos continuem sentados nesses… negócios pra sentar. Não seria legal brigar por nada. 

  — Não se importa em saber o que houve, Lipe? Nem quem são aquelas pessoas lá fora, ou que lugar é esse... Nada?

  — Não, Vi. Não conheço essas pessoas, eu conheço a Liz e acredito nela. Mas tanto faz também. — Eu falava calmamente. 

  — Está vendo isso? — Pedro me apontou, olhando pra Virgínia — Foi por isso que você se apaixonou?

  — Ah, eu achei que isso estivesse resolvido. — Paulo comentou.

  — A Liz é perigosa! — Omar interrompeu, batendo na estante de frascos. Nos calamos e o olhamos, esperando uma resposta. — Eu não quero acreditar, mas estou me convencendo... Ela é perigosa.

  — Ele está certo. — falou uma elfo, de cabelos meio brancos e com uma jóia embutida no peito, que entrava na tenda e interrompeu a confusão prestes a começar. — Bom, de certa forma, está certo. Sou Else. Temos um assunto para conversar.

  A tal Else estava séria e pediu que nos sentássemos à mesa, sem questionar nada até que ela acabasse. 

  Liz era mesmo uma meio-elfo como me disse, uma espécie desconhecida e com poderes inimagináveis e difíceis de controlar. Braceletes próprios eram a única coisa que podia controlá-los, sugando os poderes de suas veias e os armazenando sem machucá-los. Infelizmente, esse objeto foi quebrado por dona Rosa no dia que ela foi presenteada com a poção que nos trouxe, e era complicado fazer um novo. Dona Rosa também era dessa espécie, a mãe de Liz descobriu no jantar; depois disso ela sumiu. 

  Else temia que os líder-diretores tivessem medo o bastante dos meio-elfos para sumir com cada um que descobrissem. Ela não queria que isso acontecesse com Liz. Como nós, achava que ela jamais machucaria alguém. 

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora