capítulo 33

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Parti do nordeste do Brasil, local do artefato, e fui direto para meu bosque. Apesar de ter ficado muito tempo longe, o casarão ainda estava intacto e os campos continuavam férteis e cheios de humanos que trabalhavam sem saber quem éramos de verdade. Muitos já não me conheciam mais e nem os elfos souberam quem eu era.

Nosso bosque, no subterrâneo do casarão, parecia ter mudado mais que todo o resto lá fora. Existiam mais setores, além do controle de produção e de agrotóxicos no campo, os cuidadores de riscos ambientais, agora uma rede de trabalhadores internos e uma proteção maior foi instalada na entrada do bosque.

Existia uma escada e uma porta de entrada, onde avistei alguém que fez meus olhos lacrimejarem pela primeira vez desde que saí…

— Apus? Meu filho, você voltou! O meu filho voltou! — ele gritou de alegria

— Pai! Ah, meu pai, como é bom ver você sorrindo.

— Espere, antes do abraço tenho alguém para lhe apresentar — de trás de sua blusa comprida saiu um pequeno menino, recém-nascido (10 anos humanos), olhos iguais aos meus e cabelo longo até as costas, meu mais novo irmão, Ace. — Ele se escondeu quando te viu, deve estar tímido. Tem alguns problemas com a fala e não foi bem nos treinamentos na Ilha de Origem, por isso veio mais cedo. Tentamos contactar você, mas…

— Ora, agora estou aqui. Cadê a mamãe para o abraço em família?

— Apus, meu filho! — minha mãe apareceu na porta, cercada de outros elfos do bosque, em seu vestido dourado e os mesmos cabelos esvoaçantes de sempre. Ela quase caiu com as pernas bambas de tanta emoção, mas o abraço em família aconteceu.

— Diga, como vai com Diana? Quando finalmente ela se tornará sua prometida?

— Ah, pai, com Diana as coisas vão… com calma. — falei, disfarçando o fato de eu nunca ter namorado uma garota, muito menos minha companheira de reuniões, Diana.

— Deixe essas conversas para depois, vamos entrar. — mamãe disse.

— Quer pegar na minha mão pra entrar? — Perguntei a Ace, que ainda estava encolhido de vergonha.

— Eu… se o irmão treinar o crescimento do plantio comigo… Pode ser.

— Eu treino, sim. Mas temos que avançar, esse é o básico.

— Às vezes acho que não tenho poderes…

— Tente não pensar nisso. Mas, se for o caso, sendo bondoso e gentil poderá ser abençoado com a vida eterna e com poderes pela própria divindade. — falei em tom de fantasia e ele me mostrou olhos brilhantes e esperançosos.

O bosque me acolheu muito bem, apesar da inveja da confiança que nosso líder-diretor colocava em mim e da curiosidade em saber mais sobre Asnum do que estava sendo divulgado.

— Nós não somos como eles, somos melhores, melhores em tudo. Podemos vencê-los facilmente! — alguns diziam confiantes.

— A Mãe Natureza nunca deixou que eles fossem destruídos, extinguidos por nós — outros diziam com pesar.

— Se fosse possível derrotá-los, Asnum não seria preso, ele seria o herói — a maioria retrucava.

— A verdade é que a maldição existe e é a única coisa maior o suficiente para nos derrubar — os medrosos afirmavam na mesa da recepção.

— Uma coisa que posso dizer é que essa maldição existia. Isso mesmo, no passado. Mas convivi bastante com humanos e também posso afirmar que nem todos são como os que conhecemos.

— Quer dizer que algum deles são bons, Apus?

— Sim, mamãe. Existem alguns bondosos, humildes e honestos, bem mais que muitos de nós.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora