capítulo 12

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  — O que foi que você fez, Liz? Não pensou nas crianças?! — Else falou preocupada, já abrindo o portão para resgatá-las. 

  — Mas que…? — Foi o que Omar disse, ao chegar logo depois e ver o interior da fazenda como era antes. — Eu não queria, não lembro de nada, Liz, só do frasco já vazio na mão.

  — Tá tudo bem, foi só a fazenda. As crianças devem estar bem. — falei, em tom triste, talvez decepcionada, mesmo esperançosa… pelas crianças, é claro.

  Mas o grito de Else de dentro do casarão reacendeu minhas esperanças por eles.

  — As crianças não devem estar lá. É culpa minha.

  — Não é culpa sua, Omar. — Evelyn afirmou, surgindo por teletransporte atrás de mim. — Foi ele. Sabem de quem estou falando.

  — Ela tem câmeras em volta do globo por acaso? Como soube daqui? — Omar se questionava em voz alta.

  — Não pode ser quem estou pensando, mãe. Você me assegurou que era impossível.

  — Houve um roubo grave na Floresta Sagrada, Liz. — Máties surgiu dizendo. — E você está aqui, não é? Você sobreviveu.

  — Nada me parece impossível agora. — Omar apontava a porta do casarão, sendo o único de frente pra lá.

  Por um curto período de tempo, acho que até mesmo minha respiração congelou junto a meu corpo. Realmente a esperança era a última que padecia, e valeu a pena. Não podíamos acreditar que ele estava de pé bem ali na nossa frente. Todos já o conheciam pelo que fez. Ainda vestindo as mesmas roupas de couro, deixou o olhar debochado para a confusão estampada tomar conta do rosto. Meu sorriso evoluiu devagar para uma gargalhada e, como no sonho, se desmanchou na dúvida se era real ou só mais uma ilusão. Saí correndo em sua direção pela passarela e só parei a poucos centímetros dele e deixei minha mão leve o tocar…

  — O que é que tá acontecendo? O que é isso, garota?

  — Paulo… — e o abracei finalmente. — Eles são a razão de você estar aqui, são os elfos que você libertou do Castigo. São eles!

  Minha mãe e os outros se aproximaram. Porém, a reação de Paulo não foi exatamente a que eu esperava. Ele estava muito confuso, olhou para os elfos com estranheza, querendo se afastar. Paulo acreditava que tudo no Castigo não passava de um sonho maluco, pois no momento de sua morte ele acordou no corredor de seu quarto no casarão.

  — Paulo, foi real! Olhe Máties, você o conheceu lá. Mas não só isso, olhe pra mim… — e segurei a mão dele — Ainda tem tanta coisa que preciso te contar… meu irmão. Confie em…

  — Liz? — A voz inconfundível me tocou assim que ouvi, me interrompendo. 

  Minha reação foi ainda mais demorada. Respirei fundo e olhei atrás de Paulo. Else o olhava espantada mesmo sem conhecê-lo. Ainda com o "uniforme" da fazenda, ele franzia a testa me olhando de mãos dadas com Paulo. Senti meu rosto avermelhar de repente. "Digo o que eu sinto agora? Não." Paulo foi o único a não ficar surpreso.

  — Ei, não chora. O que foi? O que… — mas eu interrompi Filipe com um abraço em grupo, apesar de Paulo não ter ficado tão contente com a ideia.

  — Aqui não é seguro, eles precisam ir para o bosque, Liz. — Maysan avisou.

  Omar e eu ajudávamos Filipe que cambaleava e precisava de apoio; assim como Paulo, que Maysan e Máties levavam. Mas no meio do caminho, já no início da estrada, fui lembrando melhor do sonho, e parei.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora