capítulo 8

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O teletransporte dessa vez foi mais seguro. Chegamos numa floresta de pequenas árvores mas sem qualquer animal; parecia um lugar isolado.

Seguimos uma trilha no meio de um campo de girassóis e de orquídeas. Diana era levada por elfos altos e mais fortes que o normal ao lado de Márlety, à frente de todos.

O caminho nos levou até uma mesa de madeira no meio exato de um espaço cercado de árvores maiores. Márlety se aproximou sozinha, puxou um fio de seus cabelos vermelhos, deixou-o na mesa e se afastou. Como mágica, o fio se embranqueceu e contaminou a mesa, se espalhou por todo o espaço, até haver uma explosão de cor. Em seguida tudo mudou: surgiram escadas subindo até casas no topo das árvores e pontes de uma pra outra, e elfos nos olhando fixamente.

Eles rapidamente nos cercaram, mas permitiram nossa entrada ao reconhecer Márlety. E Omar e eu, por sermos humanos, recebemos tratamento diferenciado tendo uma elfo a nosso dispor, que responderia qualquer pergunta e nos acompanharia até nosso quarto; seu nome era Scarl, uma elfo de braços fortes e cabelos verde-escuro, que vestia retalhos como roupa cobrindo quase que só suas partes íntimas.

Aquela era a Floresta Sagrada, algo como uma sede de reuniões mensais que se acabou sem o comando de Evelyn, fazendo novos bosques surgirem e se tornarem independentes.

Enquanto conhecíamos nosso quarto, os outros estavam em uma reunião. Omar aproveitou pra fazer perguntas.

- Existem mesmo tantos bosques no mundo, Scarl?

- Não precisa ser literalmente um bosque, basta ser abrigo para um grupo de elfos.

Dividimos nossa casa com outros oito elfos, cada um com seu quarto. As camas eram bem confortáveis, mas não havia banheiro e nem guarda-roupa ou um simples armário ali.

- Onde eu colocaria minhas roupas se tivesse alguma? E eles não tomam banho não?

- Talvez usem feitiços, poderes, magia ou o que seja. Mas, sabe, eu vi um lago vindo pra cá... - e ele me olhou meio confuso, mas topou.

Assim que Scarl nos deixou, partimos para o lago ali próximo para um banho rápido. Desde que conheci Omar, ele nunca encostou um dedo em mim ou me olhou com más intenções. Ele se assustou com o convite e disse que até pensou em recusar, pois preferia sempre me tratar como uma irmã.

Voltando para o bosque, encontramos todos agitados e preparados para teletransportar. Márlety praticamente voou em cima de mim quando me viu.

- Calma, pra quê me segurar assim?

- Onde você estava? Não podem ficar totalmente sozinhos, sair sem me avisar. Eu sou a responsável por vocês!

- Ah, é? E como saberíamos disso? Você só abandona e nunca diz nada. - falou Omar, encarando-a.

Ela se afastou e respirou fundo. Em seguida, mais calma e controlada, como se tivesse apagado a cena anterior, disse:

- Venham comigo.

Os elfos foram dispensados. Ela nos levou até uma biblioteca dentro de uma árvore oca. Explicou que os elfos me viam como uma criança, já que a maioridade era 20 anos para eles. Portanto, ficar sozinha com Omar não era bem visto. Mas não fomos chamados por isso.

Aquela biblioteca guardava os pertences dos líderes-diretores. Movendo as fileiras das prateleiras com uma energia vermelha, ela colocou vários livros e pastas em cima de uma mesa formada por raízes da árvore. Na verdade, os livros eram diários de Evelyn e as pastas continham fotos minhas quando bebê.

- Ela te observava sempre que podia fugir dos compromissos e quando viajava, descumprindo regras. Ela sofreu por não poder te tirar de lá. Se preocupava quando você adoecia, chorava quando você chorava. E agora que ela corre perigo, você tomava banho no rio e se divertia com o amigo...

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora