capítulo 15

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  Márlety havia me tocado no exato momento do teletransporte, algo inteligente mas perigoso de se fazer. Porém ela estava diferente, no mínimo, estranha.

  — Quem é você? — Ela falou, me olhando nos olhos sem me reconhecer. Mas conhecia os celestiais. — Beth, por que me olha assim?

  — Você… — Asnum desmanchou o sorriso ao vê-la. — Beth, o que ela está fazendo aqui? É responsabilidade sua.  Faça alguma coisa! — Gritou.

  Beth fez apenas um sinal e celestiais mais altos e fortes saíram das salas, prontos para atender suas ordens. Então ela apontou Márlety.

  — Eu posso explicar, Tinum, é aquela confusão de novo… 

  — O que você disse? — Asnum parou ao ouvi-la. — Quantas relíquias você leu para saber esse nome, Márlety?

  — De novo isso... É Maeve! A sua Maeve.

  Os olhos de Asnum congelaram nela. Os celestiais baixaram a guarda confusos por um instante, mas sorridentes e esperançosos como todos os presentes ficaram em seguida. Se antes ela seria presa, agora era apenas acompanhada até o corredor do quarto. Enquanto Beth guiava Asnum, que se encontrava completamente sem reação.

  Alissa e Niha contaram que um enigma deixado para Asnum por seu pai e seu tio era um motivo da mudança da recepção de Márlety.

  O enigma era a frase formada de palavras circuladas no livro da Origem Élfica: "do pequeno grande amor fora retirado a consciência de si e realojado no subconsciente daquela que existe duas, antes de ver a luz.". Sabia-se apenas que Maeve era o "pequeno grande amor", mas mais nada se encaixava. Asnum chegou a procurar gêmeos que nasceram no dia da morte de Maeve, porém estava tomado por vingança na época e achou tudo uma grande bobeira. O que não levou em consideração foi o poder e a capacidade de seu pai e seu tio entrarem em lugares restritos, como a ilha secreta onde elfos nasciam.

  Sendo assim, a consciência de Maeve podia ter sido retirada dela e colocada em uma das gêmeas (Márlety e Giane) ainda na Sortlis (flor que gerava os elfos), no mesmo ano ou depois da morte de Maeve.

  Elfos gêmeos são gerados na mesma Sortlis, mas a flor continua com o mesmo tamanho por fora. Então o pai e o tio de Asnum possivelmente não perceberam a diferença depois de terem feito a transferência da consciência de Maeve. Essa era a única coisa que se encaixava com o enigma em mais de 100 anos.

  — Ela era minha amiga, amiga de todos nós. A Maeve tinha voz doce e sombria as vezes, era sensível mas forte e firme quando precisava.

  — Só era otimista demais e sempre achava estar certa, minha líder.

  — É mesmo, Niha. Um defeito mesmo foi se deixar dominar pelo tanto de poder que descobriu em si, assim como Asnum. — dizia Alissa.

  — A Maeve não concordaria com o que Asnum foi capaz de fazer. Apesar de querer quebrar as regras pelo amor que sentiam, ela demonstrava um excesso de proteção com humanos, animais e elfos. Acha que ela pode pará-lo, lissa?

  — Ela é a única capaz de fazer isso, Niha. — falou Beth. — Pelo menos eu torço que sim. A ideia dos dois se alinhou perfeitamente, e alguma razão deve ter.

  Fiquei impressionada com a velocidade da mente dos celestiais ao associar Márlety com o enigma quase que de imediato.

  A cozinha que estávamos era improvisada num quarto, uma vez que celestiais não necessitavam de comida; por isso só haviam frutas e doces para mim. E por isso foi possível ouvir os gritos…

  Márlety havia recuperado sua consciência, e agora estava confusa e furiosa sem saber onde estava ou como chegou ali. Ela podia fazer qualquer coisa para sair do quarto. Asnum se juntou a Beth, ordenando que os celestiais cercassem o quarto. 

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora