A tenda era bem maior que as normalmente feitas no bosque. Pilhas de livros ficavam jogadas por toda parte, haviam danas em cada cantinho da tenda e as prateleiras não era organizadas como sempre: os frascos com poções ficavam amontoados, prontos para cair.- Oh, desculpe a bagunça - ele disse.
Enquanto ele ajeitava uma dana aqui e outra ali, a jóia branca de seu colar brilhava, e feixes de luz, da mesma cor, se apegavam aos objetos, os colocando em seu devido lugar. Em um só instante, livros, poções, danas e outros objetos voavam por toda a tenda e pousavam, se arrumando sozinhos. Bastou segundos para a bagunça sumir.
- Assim está melhor. - falou, por fim.
- Isso foi poderes mentais? - falei, olhando tudo arrumado.
- Possuo uma jóia .
Acompanhei Rachell até outro cômodo, mais ao fundo da tenda. Parecia uma cozinha com uma mesa de pedra baixinha e danas pequenas para sentar, rodeada de prateleiras embutidas das raízes das árvores no chão, repletas de frutas, legumes, temperos caseiros e mais livros - só que de receitas.
Apesar da aparência idosa e a bengala em que se apoiava, Rachell era bem forte para alguém que dizia ter mais de 500 anos. Me mandou sentar enquanto ele preparava sozinho uma salada de frutas na mesinha e alcançava as prateleiras altas sem nenhum esforço.
- Venho acompanhando cada passo seu desde que Asnum... "conquistou" o cargo. Mas antes mesmo a jóia me dava visões. Você precisa de ensino, conhecimento...
- Quanto de poder essa joia te concede? De invadir a privacidade das pessoas? Que coisa é essa de me acompanhando? Com todo respeito, mas eu nem te conheço.
- Realmente você não me conhece. Mas sou eu que não reconheço essa sua reação; você não era assim. - ele dizia tão calmamente que nem parecia ser um desconhecido julgando minha desconfiança - Não invadi sua privacidade, fique tranquila quanto a isso. Acho que devo amenizar a sua confusão começando do começo.
Anciãos eram como um erro bem sucedido, quase igual aos humanos, mas com uma condição: ser bom para com os outros. Eram chamados assim por serem abençoados pela própria Mãe Natureza com uma pedra única que lhes concedia poder e mais vida. Essa bênção só era ganha por aqueles que nasceram com o erro raro de não possuírem Energia, nem mesmo o pouco dos humanos. Tudo o que tinham era inocência de pequenos elfos, e por serem bons, como os pequeninos, eram abençoados pela divindade.
Passado de ancião para ancião, eles ainda chamavam a divindade de Irminsul, um de seus primeiros nomes, e que foi mudado após ser descoberto e associado a outros significados.
A joia no colar dos anciãos tem origem cósmica e misteriosa. Quanto mais eles abusavam da inteligência concedida por elas, mais perguntas sem respostas surgiam. O poder nela também possuía limitações: não havia muito controle sobre as visões lhes concedida; não respondia e nem mostrava nenhuma informação a mais que a já conhecida sobre a Mãe Natureza. Tudo isso dava mais chances para uma suspeita...
- Eu sei porque você está aqui, ou melhor, ia para o bosque. Posso ajudar com o código que descobriu se arriscando naquela casa. Antes disso, você precisa saber as verdades sobre a vida de Asnum.
- Ele já me disse tudo. - afirmei, tentando me forçar a acreditar naquelas palavras.
- Ele não respondeu uma pergunta sua. Você sabe quem é o pai de Asnum? O elfo Z deixou essa dúvida antes mesmo do trágico... assassinato de sua mãe.
- Seu colar está brilhando. O que você vai fazer?
- Mostrar que você está certa em não acreditar em ninguém, mas principalmente em Asnum.
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A Sétima Poção (Pausado)
FantasyA descoberta de um bosque de elfos muda a vida de Liz e revela que tudo o que sabia sobre si era uma completa mentira. Mas foi a fuga de um elfo justiceiro e o surgimento de poderes misteriosos que a levam a outras direções. Ela agora terá que vence...