capítulo 14

41 18 23
                                    

O ser se aproximou de mim. Fui me encolhendo mais, já tomada pelo medo. Em vez de me machucar, puxou minhas mãos e fingiu amarrar algo em meus pulsos. Automaticamente, passei a obedecer todas as ordens que me dava.

- O que você fez comigo? O que é você?

- Uma espécie de elfo, como você. - falava calmamente. - E isso aí é um encanto antigo, sem nome, criado por alguém... poderoso, eu diria.

Atravessamos o quarto, até a porta. Os dois elfos que me vigiavam estavam com parte do corpo queimado, caídos no chão.

- É um ferimento leve, eles estão bem.

- Não parece nada leve.

Ele virou-se, me tocou e seus olhos começaram a brilhar, camuflando nosso redor com o branco puro. Uma pressão fazia meu corpo doer, formigar, e meus olhos ardiam e lacrimejavam... O brilho só parou quando seus olhos se fecharam.

- Chegamos! - ele falou.

Neste dia descobri ter medo de altura. Estávamos em um lugar divino, acima das nuvens, mas o chão parecia vidro e só era possível senti-lo ao andar.

O elfo se chamava Elizabeth Skyl, era parte de uma espécie não-nomeada, apelidada de celestiais ou elfos do céu. Ela admirava os humanos, como os outros, e amava o nome que escolheu, mas escolhia o apelido "beth". Sendo líder, pediu desculpas pela forma que me abordou. Ela não podia ser vista por ninguém, já que pensavam que os celestiais estavam extintos, e assim deveria ser. Em minutos, me contou o básico escrito nos livros de sua espécie.

Beth retirou o encanto e, embora estivesse me tratando muito bem, não me deixava fazer uma pergunta sequer. Eu abri a boca para falar, e foi quando uma porta se abriu do nada atrás de beth; dela saiu Asnum.

- O assunto dela é comigo, beth. - ele disse.

- Não senti nada nela no pouco tempo que conversamos. - Beth dizia, se colocando em minha frente, sem olhar diretamente para ele. - Peço que...

- O que você quer comigo? - falei, saindo de trás dela. E ele já veio se aproximando, esboçando aquele sorriso bondoso. - Não chegue perto. Sabe do que sou capaz, Asnum.

- Ah, sei, sei sim. Talvez Você não saiba. Te convido entrar pela porta. Oh, não, juro não batalhar agora, só lhe mostrarei as verdades ocultas.

- Mais? Mais mentiras? E como acredito em você depois do que fez com aqueles elfos?

- Poucas atitudes não definem uma pessoa, Liz. E eu agi por amor. Tudo por amor.

- Só que não foram poucas atitudes. - falei. - Beth, me leve de volta, agora.

- Não vou pedir que confie nele, confie em mim. É a chance de saber de tudo. - beth falou. - Entre. É uma sala.

Demorei alguns segundos pensando... "Isso tem altas chances de ser uma armadilha; Beth me sequestrou. Mas o que farei? Não conheço meus poderes. Não tenho escolha." Entrei na frente. Saímos do Grande Salão.

Na sala, havia uma rocha no meio do que parecia ser uma caverna. Era a Mesa da Realidade, que em apenas um toque revelava os reais acontecimentos nas perguntas feitas a ela.

- Anos atrás, curandeiros eram mortos por humanos - Começou Asnum -, pela suspeita de envolvimento com magia negra. Evelyn era um deles...

- É vingança?

- É pelos que perderam a vida.

- Então não é amor.

- Não é?... - Ele fez uma pausa. Tinha dificuldade em falar do assunto. Mas respirou fundo, então tocou a rocha e perguntou: - Como ela morreu?

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora