capítulo 31

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Ela teve que ser retirada do pátio às pressas pois logo a confusão tomou conta dos grupos e seus líderes tentavam manter a ordem. Eu, Diana, Giane e Dona Rosa fomos direto para o casarão, tirando Mary daquele meio.

Sentadas no sofá, estávamos em choque após a revelação; com exceção de Giane, que se mantia de pé e voltando seu olhar a Mary com toda sua seriedade. Com a mesma impressão que eu tive de que Giane havia acabado de passar sua vingança para outra pessoa, dona Rosa quebrou o silêncio para mudar de assunto ao perguntar sobre a demora na prisão. Mary confessou que tudo o que disse aos Guardiões, no início, foi no interesse de saber se alguém conhecido estava em uma daquelas celas, e só falou sobre a situação atual ao ver que eles eram apenas escravos de um líder fiel aos seus superiores. Foi através das poucas palavras que soltou que o subchefe pôde utilizar de sua inteligência para criar um plano de armadilha para líder de Elven Kartzela. Sabendo que sua líder me levaria até Beth, ele deu um voto de confiança para a, até então, traidora e lhe devolveu seus poderes.

- É sério que vamos ficar fingindo que ela não falou nada?

- Não é o que estamos fazendo, Giane. - Diana falou.

- É só pra esperar os ânimos se acalmarem.

- Deveríamos deixar claro o sangue que ela tem nas mãos, Liz. É isso que deveríamos estar fazendo!

- Preste atenção no que você está falando. Não se esqueça do sangue que você tem nas mãos! Por acaso foi ela quem matou alguém?

- Mas é como se fosse, e você sabe disso, líder Diana.

- Giane, pare com isso.

- Não me mande parar outra vez, dona Rosa. Se não fosse essa meio-elfo aqui, a minha irmã ainda estaria viva, Omar ainda estaria vivo, um bosque inteiro ainda estaria em nosso meio!

- Para de gritar, Giane. Estou cansada dessa sua revolta.

- Eu estou cansada de errar, dona Rosa. Eu deixei de proteger a minha própria irmã pra ir atrás de você, Liz. Podia ser qualquer pessoa se passando pela Mãe Natureza naquele aeroporto. Fui uma tola! E eu não vou descansar até...

- Giane, o que está acontecendo? Por que está gritando? Da pra ouvir lá de cima. - Maysan apareceu, descendo as escadas - O que houve lá fora? O que disseram a eles?

Giane arregalou os olhos quando o viu, chegou a abrir a boca para dizer a verdade, mas deu uma última olhada em Mary, que se encontrava encolhida no canto do sofá. Aquele não era o semblante de alguém feliz por suas ações. Tendo uma nítida lucidez por ver o único que sua irmã confiava e tinha como seu irmão, rapidamente percebeu e assumiu seu erro ao calar‐se. O arrependimento de Giane significava muito, mas seria isso o suficiente para acabar com sua vingança? A seriedade ainda não havia saído de si...

- Alguém, por Mornindeld, pode lembrar que existem duas crianças nessa casa? - Else descia, saindo na biblioteca, aos gritos. - O que é que aconteceu lá fora? O que disseram aos grupos? Eu só mandei Giane pensando que vocês resolveriam aquela confusão. Por que Mary está chorando? Me respondam alguma coisa!

Os gritos agudos de Else, combinado ao choro das gêmeas ao verem os Guardiões pela janela, e as vozes da discussão no pátio... comecei a ficar zonza. Em vez de Giane, eu via Evelyn. Em vez da sala, uma floresta e flores maiores que o normal tomavam conta. O clima havia mudado. Eu estava agora a caminho de um prédio, parecido com uma escola, onde pequenos elfos corriam ao redor de seres de tecidos finos e sem rosto. Mas Evelyn parou em minha frente no meio do caminho e me entregou uma caneta envolta de tecidos, os quais se misturavam com os que eu vestia. Tentei enxergar mais detalhes daquela caneta, perguntar o que era aquilo ou o que estava acontecendo, mas tudo a minha volta já se escurecia. Logo Filipe foi quem apareceu.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora