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Muitas coisas haviam acontecido em cinco anos desde o nascimento de Nyx, não apenas em Velaris, mas também em toda Prythian, desde o reconhecimento de outros mundos até batalhas para defender Prythian daqueles que queriam vingança, mas no fim, tudo havia dado certo e agora a vida continuava e fora com esse pensamento que Gwyn permaneceu durante aqueles anos, após a batalha ela decidiu que não ficaria mais apenas dentro das paredes seguras da biblioteca, era hora que enfrentar o mundo.

Foram passos pequenos, como os de um bebê, mas a valquíria conseguiu aos poucos andar por si mesma pelas ruas de Velaris, ir aos mercados, ouvir sua canção e sentir seus cheiros, era melhor do que tudo o que ela havia imaginado, mas a fêmea ainda morava na biblioteca, ainda era uma sacerdotisa afinal de contas e não tinha vontade alguma de abandonar aquela parte sua.

- Gwyn, vamos - disse Nestha caminhando à frente com Emerie ao lado.

- Me esperem! - gritou a ruiva correndo em meio à multidão da noite movimentada de Velaris, mesmo com o frio em volta deles.

Sinceramente, Gwyn não era muito fã de sair durante a noite, preferia ficar em casa lendo até que os olhos ficassem pesados e vesgos, porém, era a primeira vez que Nestha estava saindo depois de ter dado a luz a Cassandra, sua primeira filha com Cassian que se prontificou a ficar em casa com a pequena de apenas quatro meses enquanto Nestha tinha um tempo para ela mesma com as amigas.

Gwyn não podia negar isso a uma das melhores amigas.

As três agora andavam lado a lado, Gwyn e Nestha provocavam Emerie em relação a Morrigan, já que as duas andavam cada vez mais próximas, era claro que estavam tendo alguma coisa. Elas riam e se divertiam enquanto iam em direção a um restaurante pequeno onde poderiam curtir a noite a vontade.

Gwyn suspirou ao ficar em silêncio e apenas escutando as amigas falando sobre os companheiros, ela ficava feliz por elas, por Nestha estar tão feliz que tinha uma suavidade diferente em seus olhos e até na voz e que Emerie estava caminhando para a própria felicidade, enquanto Gwyn... Bom, ela era feliz, do jeito dela e... Sozinha, sem um parceiro, sem ninguém. Mas todas as vezes que ela via um macho a encarando ela perdia o rumo, não se sentia a vontade, não conseguia deixar ninguém se aproximar e só de pensar em um macho a tocando a causava calafrios. Ela não sabia até quando aquilo permearia, mas não tinha coragem de enfrentar.

*

A missão havia sido desgastante, tanto que até suas sombras estavam recolhidas, quietas. Azriel não as culpava. O mestre-espião da Corte Noturna andava silenciosamente pelos corredores da Casa do Vento em direção a seus aposentos, porém a voz de Cassian ecoou até seus ouvidos:

- Vamos, dê um sorrisinho para o papai, por favor - pedia o general para a filha e Azriel mordeu o lábio inferior segurando o sorriso. - Você sempre sorri para sua mãe, por que para mim não?

Sim, era o general da Corte Noturna falando como um bobalhão para a filha de quatro meses que ela não sorria para ele. Cass estava quase chorando.

Azriel então fora até a porta da sala comunal da Casa e se deparou com Cassian sentado num poltrona segurando Cassandra com as duas mãos, a bebê deitada virada para ele o olhando com aqueles olhos azul acinzentados, os olhos de Nestha.

- Talvez ela não goste dessa sua cara feia - disse Azriel fazendo Cassian o olhar. O macho ergueu as sobrancelhas. A camisa estava com alguns botões desabotoados, um paninho jogado sobre o ombro, deuses, aquilo era estranho.

- Bom te ver também, irmão - disse Cassian sorrindo e se levantando. - Como foi no continente?

- Bem - respondeu Az se aproximando e parando lado de Cassian. Assim que Cassandra viu o tio abriu um grande sorriso bangela que fez o pai ofegar indignado. Desta vez Az não prendeu o risinho de escárnio.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora