O castelo da rainha humana e de seu rei era simplesmente deslumbrante, cores claras como creme e marfim, cristais em lustres e vasos, o chão feito do mais lindo mármore polido claro com veios em dourado, a cor vermelha estava presente, assim como lindos arranjos de flores. Azriel se sentia um intruso com sua armadura negra feito a noite, suas asas e suas sombras ali dentro. Uma verdadeira peça da escuridão.
Vassa e Jurian esperavam pelo mestre espião num escritório privado, feito justamente para reuniões com os representantes do povo feérico. Ali dentro também era claro, móveis de madeira brancos, sofás vermelhos e dourados, cortinas de veludo vermelhas abertas e amarradas por cordas douradas. Além das armas expostas nas paredes, uma quebra do padrão delicado, havia o enorme mapa do mundo.
Azriel estava em frente a enorme mesa de carvalho maciça, em cima dela papéis e mapas, porém, aquela que estava sentada a ela não se importava muito com aqueles objetos, estava mais focada no bebê que amamentava e no que ainda estava em seu ventre inchado.
- Muito obrigada por ter vindo, Azriel - disse a rainha o olhando com os lindos olhos azuis.
Azriel acenou com a cabeça enquanto mantinha a postura, mãos para trás, ombros retos. Um verdadeiro soldado.
- Devem ter notado a urgência - constatou Jurian parado em frente a mesa e Azriel o olhou.
- De fato, é por isso que estou aqui.
Vassa suspirou, retirou o filho do seio e uma criada fora pegar o bebê adormecido e o tirou da sala deixando apenas os três ali. A rainha ajeitou seu vestido casual e fácil de manusear para abaixar a alça quando o filho precisasse.
- Jurian - disse ela e o marido saiu em direção uma porta lateral. Azriel escutou o som de rodas e então uma mesa, tendo em cima dela um corpo coberto por um lençol, adentrou sendo empurrada por alguns guardas que depois se retiraram.
- O que é isso? - questionou o mestre-espião se aproximando de Jurian. Vassa se lavantou da cadeira e andou até os dois se colocando entre eles. O rei retirou o lençol do rosto da coisa.
Era uma criatura que Azriel jamais havia visto, não tinha pele, sendo apenas os músculos expostos, a boca enorme cheia de dentes do tamanho de uma faca, amarelados e manchados de sangue. Os olhos leitosos não tinham pálpebras não possuía gordura alguma, o nariz era como o de um morcego, possuía asas vermelhas e chifres curvados para trás da cabeça. As garras eram longas e pretas.
- De onde isso saiu? - fora a pergunta de Azriel. A cor havia fugido do rosto do mestre-espião.
- De uma caverna em uma das montanhas das terras humanas - disse Jurian. - Um caçador foi atacado por ele, por pouco sobreviveu. Decidiu guardar a carcaça e chamou os guardas.
As sombras de Azriel se esconderam, literalmente se esconderam.
- Achamos que possa ser uma espécie de demônio - disse Vassa acariciando a barriga. - Já enviamos homens para investigar a caverna, não tivemos notícias até ontem...
- O que aconteceu? - perguntou Azriel.
- A entrada da caverna desabou, os homens ficaram presos e quando conseguimos desubistruir a passagem... Havia apenas pele e ossos sobrando.
Um calafrio percorreu a coluna de Azriel, aquilo era familiar... Como a caverna em que Elena havia ficado presa, a caverna que Azriel não conseguiu atravessar para dentro.
- Me digam onde fica essa caverna - disse o guerreiro sério e sem tirar os olhos daquela criatura repugnante.
*
— Então, ele viu os brincos? — perguntou Nestha a Gwyn enquanto as duas estavam na biblioteca particular da Casa. A sacerdotisa estava com Cassandra no colo, se balançando e brincando com a bebê, Gwyn a segurava de maneira que ficasse com o pequeno rostinho de frente para o dela e fazia a pequena rir.
— Az? — perguntou ela sem olhar para Nestha que aproveitava o momento sem a filha pendurada em seu seio para ler alguns capítulos de um livro enquanto Gwyn cuidava da pequena.
— Quem mais é o seu parceiro? — questionou a valquíria e Gwyn revirou os olhos enquanto balançava o corpo, Cassie pegou o medalhão que Azriel havia dado a Gwyn na pequena mãozinha.
— Sim, ele viu — os olhos azul esverdeado feito o mar fitavam Cassie com carinho.
— E?
— E? — retrucou Geyn enfim olhando para a amiga que a encarava arqueando uma sobrancelha.
— Ele ficou com ciúme?
Gwyn suspirou cansada, não havia de fato gostado da ideia que Nestha a havia dado quando lhe entregou os brincos, que eram presente de Bardhyl. A parceira de Cassian sugeriu, melhor, disse para Gwyn usar os brincos, pois Azriel os veria e ficaria enciumado e que ele merecia ver que Gwyn era muito apreciada por outro macho. Segundo Nestha, ele tinha que sofrer. Mas Gwyn não gostava da ideia de fazer ele sofrer.
— Disse que eram bonitos — disse Gwyn levando a mão a parte de trás da cabeça de Cassie levando o rosto da bebê para seu peito. — E ficou com aquele olhar assassino...
— Então funcionou — disse Nestha voltando a atenção ao livro. — E ele disse alguma coisa além disso?
— Que quando voltar vamos a um encontro — disse Gwyn mordendo o lábio inferior com um sorriso. Nestha novamente ergueu aqueles olhar afiado para ela e deu um sorriso malicioso. — Apenas um encontro, Nestha.
— Certo, certo, você não quer experimentar antes da cerimônia de parceira e blá, blá, blá — disse a fêmea. — Mas, não precisa necessariamente trepar com ele.
— O que quer dizer?
— Ora Gwyn — disse Nestha rindo. — Tem muitas maneiras de dar prazer a um macho e ele a você. E sabe, pode ser um treino para quando a coisa for mesmo acontecer.
— Eu sei que há inúmeras maneiras, lemos os mesmos livros — disse a sacerdotisa corando e depositando um beijo na cabeça cheirosa de Cassie que soltou um suspiro. — Mas não quero ficar focada nisso apenas, e mais, sexo não é tudo em uma relação...
— Não, mas é muito bom — disse Nestha olhando para Cassandra. — Sei que se esforça para tentar, mas se esforça sozinha, só você... E agora com o Azriel, você tem a chance de aos poucos se acostumar com um macho. Ou realmente espera que magicamente você fique totalmente a vontade e tranquila depois da cerimônia para consumar a parceria?
— No treino a noite... Eu fiquei excitada — admitiu Gwyn ficando ainda mais vermelha, o corpo quente ao se lembrar de Azriel atrás de si, o aroma da excitação dele, o hálito quente em seu pescoço e como ele brincou com o lóbulo de sua orelha... Mas aquilo era diferente do que deixar ele toca-la nas mais íntimas partes de seu corpo e sabia disso.
— Pelo menos isso, né? — disse Nestha sorrindo. — Bom, quando estiver pronta para conversar mais sobre isso, quiser algumas dicas, eu sei muito bem como te ajudar — um sorriso de pura saliência estampava os lábios de Nestha enquanto ela abria novamente o livro para ler. — Mas vou adiantar... Eles não gostam de nada muito delicado.
Gwyn engoliu em seco e negou com a cabeça, ainda balançando o corpo para ninar Cassie ela andou até uma da janelas da biblioteca e olhou Velaris, a cidade que ela aprendeu a amar e que era agora seu lar. Porém, os olhos de Gwyn foram para além das montanhas em volta, para o céu e além dele, imaginava se Azriel estava bem e parte dela torcia para que ele voltasse logo para casa, para ela.
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Canção de Sombras. CONCLUÍDO.
ФанфикEsta é uma fanfic da série de livros ACOTAR, pertencido a Sarah J. Maas. Focado no casal Gwynriel. Durante o aniversário de Nestha, Gwyn usara o colar dado a ela por Azriel durante o aniversário de Nestha, entretanto, Elain, ao reconhecer a peça di...