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Os dois illyrianos estavam exaustos após o treino, sem camisa, os corpos bronzeados reluziam a luz do dia por conta do suor, as tatuagens dando ainda mais ênfase para os braços músculosos, ombros largo e peitoral definido. Sentaram-se num banco, um ao lado do outro enquanto tomavam fôlego e Cassian sorriu largo dando uma gargalhada em seguida.

— O quê é tão engraçado? — perguntou Azriel passando as costas da mão direita sobres a testa suada.

— Além da surra que acabei de te dar? — Az o olhou seriamente e emburrado. — A maneira em como você simplesmente renasceu das cinzas depois que Gwyn voltou. Eu nunca achei que você ficaria tão abalado por ela estar longe.

— Pois saiba que eu também me surpreendi — disse Azriel apoiando as mãos nos joelhos afastados e respirou fundo. — Eu não sei explicar...

— Não precisa, eu entendo — respondeu o irmão espreguiçando as enormes asas. — Ficou com medo de perder ela, não sei exatamente por que, mas ficou.

Azriel estalou a língua e passou a mão pelos cabelos negros úmidos de suor os penteando para trás.

— Quer que eu diga a verdade? — Cassian o olhou erguendo as sobrancelhas. — Não acho que eu seja... Bom o suficiente para ela.

— Como assim?

— Não acho que sou digno dela — se levantou começando a andar de um lado para o outro devagar e Cassian o acompanhava pelo olhar. — Gwyn é boa, pura, ela é luz e eu... Bom, eu sou o total oposto.

— Talvez seja por isso que vocês sejam parceiros, Az — disse Cassian e o irmão o olhou sem parar de andar. — Luz e sombras, dia e noite. Vocês completam um ao outro de maneiras diferentes.

— Mas eu não a mereço — disse Azriel parando e respirando profundamente.

— Se formos ver pelos acontecimentos recentes — Cassian deu de ombros se levantando e Azriel cruzou os braços. — Mas não é só por isso, não é?

O mestre-espião ficou em silêncio.

— Já falou disso com ela?

— Ainda não, ainda... — respondeu Azriel. — Ainda. Hoje nós vamos sair então...

— Espera, marcou um encontro? — perguntou Cassian com um enorme sorriso e Azriel assentiu. — Um bom movimento.

— Isso não é uma estratégia, Cassian — disse Azriel.

— Mas pode funcionar como uma — respondeu o general. — Pelo o que me lembro, ela disse que apenas vai aceitar a parceria se vocês estiverem se amando, não é?

— Sim.

— E está sendo difícil?

— Porra, claro que não — o encantador de sombras disse. — Mas e se ela mudar de ideia?

— Azriel — disse Cassia levando as mãos largas e calejadas aos ombros do irmão fazendo com que ele olhasse em seus olhos. — Ela te esperou.

As sombras de Azriel se movimentaram e sussurraram concordando com Cassian.

— Ela preferiu deixar que você fosse feliz, mesmo que não fosse com ela — continuou Cassian. — E em algum momento o laço iria unir vocês, era questão de tempo mesmo. Então, não, Gwyn jamais mudaria de ideia.

Ariel sorriu de canto. Ele soube depois que descobriu a parceria que ela sempre esteve ali, desde o dia em que ele deu aquele colar a Gwyn, quando algo brilhou quente dentro de seu peito ao imaginar o sorriso dela, já era o lado entre eles dando boas vindas.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora