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O corpo da criatura fora levado até a Cidade Escavada por ordens de Rhysand e ali o Grão-Senhor junto de sua Grã-Senhora e todo Círculo Íntimo observaram a coisa. Gwyn não quis fazer parte da autópsia da coisa, não conseguia chamar de Elena pois sabia que a aquilo não merecia ter o nome de uma garotão doce e feliz como aquela menina era.

Sentada na sala comunal da Casa, a ruiva totalmente estava acomodada num sofá, ambos os calcanhares batendo freneticamente no chão, cotovelos sobre os joelhos e mãos cobrindo a boca.

Gwyn então escutou um fino relincho e olhou para o lado vendo um mini-pégaso branco. A sacerdotisa sorriu docemente olhando para a criaturinha que se aproximou colocando o queixo em sua perna.

— Obrigada — disse Gwyn a Casa que em seguida fez uma bandeja com biscoitos e um copo de leite aparecer. Uma tentativa de confortar o nervosismo de Gwyn.

Ela então pegou os biscoitos e os comeu tomando o leite e se distraindo com o pégaso, mas alguns minutos depois escutou o som do bater poderoso de asas encouraçadas e olhou para o terraço de pouso vendo Azriel pousando ali com tanta graça e habilidade que julgava ser uma miragem da Casa. Mas felizmente ou infelizmente não era.

Gwyn se levantou prontamente e a imagem do pégaso desapareceu. A valquíria olhava com aflição e curiosidade para o parceiro que respirou fundo.

— Era a mesma criatura que encontraram nas terras humanas — disse Azriel. — Nossa teoria é que matou Helena, devorou e depois vestiu a pele dela para se disfarçar...

— Mas ela sabia quem eu era — disse Gwyn levando o punho fechado sobre o peito. — Ela cantou a canção que eu tinha ensinado a Elena...

— Não sabemos como, mas talvez tenha obtido todas as informações da vida de Elena — disse Azriel se aproximando devagar. — Precisamos muito da sua ajuda para conseguir materiais que tenham informações sobre essas coisas.

— É algo muiito antigo — disse Gwyn. — Aparentemente mais antigo até mesmo que Amren. Não vai ser fácil encontrar alguma coisa... — olhou para o teto. — Você pode nos conseguir alguma coisa sobre isso?

A Casa não os enviou nada, apenas total e completo silêncio.

— Rhys acredita que possa haver alguns arquivos na biblioteca — disse Azriel. — Ele e Feyre enviarão cartas confiando todos os Grão-Senhores para uma reunião de emergência. Também enviarei um comunicado as Terras Humanas. Em toda e qualquer biblioteca do mundo, será vasculhado sobre essas coisas.

A boca de Gwyn ficou seca e a cor sumiu de sua face deixando as sardas mais evidentes. A fêmea se sentou novamente no sofá e encarou o chão, naquele momento a cabeça decapitada da coisa surgiu em sua mente a forçando fechar os olhos com força.

Ela sentiu o calor e o poder de Azriel quando ele se sentou ao seu lado e colocou uma mão sobre seu ombro. As sombras de Azriel sutilmente cobriram os ombros de Gwyn como um cobertor de neblina negra.

— Eu sinto muito por Elena... Mas não havia o que fazer — ele disse e Gwyn assentiu devagar com a cabeça, apenas um movimento sutil.

— Eu sei... — ela olhou para o parceiro vendo a feição preocupada dele no rosto. — A Jasper...

— Recebi notícias, ela está estável, mas em completo choque. As asas não tiveram concerto, infelizmente — Gwyn acenou novamente e talvez num momento de fraqueza inclinou o corpo para Azriel, passou os braços pelo dele e escorou a cabeça no ombro do macho tendo o Sifão azul da armadura dele prensando sobre sua bochecha. A pedra era quente, mas não algo que pudesse feri-la. Talvez em batalha quando Azriel usava seu poder os Sifões poderiam esquentar, mas naquele momento era apenas uma sensação quentinha e confortável contra a bochecha de Gwyn.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora