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Azriel quase não conseguiu acreditar no que encontrou naquela caverna e em mais outras nas terras humanas, por toda parte. Não era como um portal para um mundo cheio daquelas criaturas horríveis, era algo daquele mundo, cruel e antigo esquecido no fundo das montanhas e que agora de alguma forma havia acordado. Azriel não conseguiu atravessar e para dentro de nenhuma daquelas cavernas e descobriu que existia de fato uma espécie de encantamento... Mas muito diferente dos feéricos. Era bizarro.

O mestre-espião não fora muito afundo naquelas cavernas sem fim e não encontrou nenhuma daquelas criaturas, rastros sim, mas elas em si, nenhuma. Não havia nada, nada, nenhuma pista do que aquilo seria.

Relatou a Vassa e Jurian, dando ênfase para que agora em todas as terras humanas houvesse vigia em qualquer caverna, independente de montanha ou não.

Agora, o encantador de sombras estava diante de Rhysand e Amren, mostrou a ambos o que havia visto e descoberto. A cor fugiu da face da pequena fêmea que automaticamente levou as mãos ao ventre inchado.

- Eu me lembro... De algo parecido, pouco antes de ser presa na Prisão - disse ela. - Algo que já existia aqui antes mesmo de eu chegar... Algo que os grão-feéricos conseguiram dar um fim, mas...

- Pelo visto não conseguiram de fato - disse Rhysand levando a mão a boca e a passando por ali. - Seja o que for, isso estava escondida literalmente em baixo do nosso nariz e dos humanos. No fundo.

- Foram seis cavernas com desabamento e todas tinham pelo menos alguém por perto. Como no Refúgio do Vento.

- Talvez devesse interrogar a menina - disse Amren. - Ela deve ter visto alguma coisa.

- Eu também acredito nisso - disse Rhysand. - Vá, e leve Gwyn com você, já que ela tem uma amizade com a menina.

Azriel assentiu com a cabeça. O que quer que Elena tinha haver com aquela coisa, ele saberia.

*

Procurou por Gwyn em toda a biblioteca pois Clotho havia dito que ela estava ali, mas Azriel não a encontrou. Então se concentrou no laço e o seguiu por entre as intermináveis estantes e prateleiras até chegar a um lugar que ele sabia que não poderia entrar simplesmente. Os dormitórios das sacerdotisas.

Gwyn estava lá, ele sentia, sabia que estava e precisava urgentemente falar com ela. O mestre-espião olhou de um lado a outro e se aproximou de um canto com sombras, usaria elas para se esgueirar até o dormitório de Gwyn.

Ele era apenas sombra e silêncio, as sacerdotisas que passavam por ele sequer imaginavam que um macho estava ali dentro. Azriel chegou a porta do quarto de Gwyn, uma porta simples de madeira em meio a rocha da montanha. Sabia que não podia arriscar aparecer ali e bater, alguém poderia chegar e vê-lo, então sorrateiro seguiu para as sombras dentro do quarto de Gwyn e quando sua visão alcançou dentro do cômodo pequeno, com apenas uma pequena cama, uma janela redonda também pequena, uma mesinha para estudos um guarda roupas de madeira, o guerreiro e espião de mais de 500 anos de preparo quase cometeu um deslize.

Gwyn estava sentada na beira da cama enrolada apenas numa toalha branca. A pele estava sedosa e brilhante pós banho, cheiro de sais e sabonetes perfumados inundavam o ambiente em volta dela como canções silenciosas que quase fizeram as sombras de Azriel gritarem de prazer. A linda fêmea que até mesmo brilhava levemente cantarolava pelo nariz enquanto penteava os longos cabelos castanhos acobreados ainda úmidos com os longos e finos dedos delicados.

Os olhos de Azriel se atentaram a uma única gota que rolou do pescoço da fêmea até o meio dos seios dela. Deuses. Suas calças ficaram apertadas na parte da frente quase que instantâneamente, suas sombras chiavam com desejo. Azriel engoliu em seco olhando para o rosto corado de Gwyn, os olhos parcialmente fechados, a boca avermelhada como uma cereja, as sardas que pareciam estrelas na pele.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora