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Assim que escutou a voz dele foi como um raio passando por seu corpo, Azriel tinha aquele efeito nela, mesmo que Gwyn não quisesse, mas desde a primeira vez que o vira, mesmo naquela situação horrível em que estava, Gwyn o vira, não a máquina de matar que estraçalhou seus abusadores, mas o macho que a pegou delicadamente e enrolou no próprio manto, seu salvador.

Ela sempre esteve nervosa perto dele, mesmo antes do colar, quase não o vira depois do ataque ao templo, mas no treinamento, quando seus olhos bateram nele lembranças daquele dia vieram a tona a deixando um pouco desconfortável, mas depois, apenas a presença dele já a puxava, a meneira silenciosa que ele não ficava quando estavam apenas os dois juntos, nas diversas noites em que se encontraram no ringue de treinamento conversando e treinando noite a dentro.

Gwyn se lembrava do dia em que Clotho a entregou o colar, a maneira como o coração dela saltou no peito descontrolado, os olhos brilhando feito pedras preciosas. Ele havia se lembrado dela, havia lhe dado um presente e um presente lindo que guardou com todo amor de carinho até o aniversário de Nestha. Gwyn havia decidido usá-lo com o vestido que a amiga a havia emprestado, porém, alguns momentos depois Elain a puxou para o canto e disse: Esse colar fora um presente de Azriel para mim, no Solstício de Inverno. Achei que deveria saber.

Fora como se o mundo de Gwyn sumisse de debaixo de seus pés e quando olhou para o lado de viu Azriel ali com aquela cara de culpa... Não tinha como ser mentira de Elain e por ele ter seguido elas até ali queria evitar o confronto.

Gwyn não vira nada em sua frente depois, apenas queria ir embora e Azriel a seguiu pelos corredores pedindo que ela esperasse e Gwyn apenas parou quando ele pegou em sua mão e a fez olhá-lo e naquele momento... Assim que olhou para a face culpada dele uma pontada aguda tomou o peito de Gwyn, uma fagulha dolorida e apenas uma coisa passou pela mente dela:

Ele é seu parceiro.

Ela quase chorou ao notar, mas se manteve firme, puxou a mão e depois tirou o colar e da maneira mais equilibrada que pode disse para ele devolver a Elain, depois disso o deu as costas e fora embora. A partir daquela noite Gwyn decidiu se afastar, evitar que o sentimento se fortalecesse, não apenas por medo da rejeição, mas também por que ela vira os olhares que Elain e ele trocaram naquela noite, mesmo com Azriel ao seu lado muitas vezes.

Gwyn parou no corredor próximo a biblioteca, encostou as costas na parede e respirou fundo engolindo aquela dor na garganta por prender o choro. Azriel não havia notado serem parceiros e era por isso que ela também se mantinha longe, assim ele não notaria e dóia o coração de Gwyn ver as sombras dele correndo e disparando para ela. De alguma forma, elas sabiam.

A sacerdotisa então caminhou com mais calma até o dormitório, tomaria um banho e se arrumaria pois aquela pomba havia levado um convite de Bardhyl para um encontro. Gwyn havia conversado bem com as amigas sobre o macho e ambas falaram que ela não tinha nada a perder e que era hora de dar uma chance a alguém e Gwyn viu nele essa chance, naquele macho tão lindo quanto Azriel a chance de se afastar ainda mais do encantador de sombras.

*

Não demorou muito para conseguir o que estava escrito naquele bilhete e Azriel olhava para a cópia entre seus dedos cobertos de cicatrizes:

Senhorita Berdara, eu gostei muito de ter te conhecido noite passada e gostaria de saber se aceitaria sair para jantar comigo, pois estou curioso e quero lhe conhecer melhor. Meus cumprimentos, Bardhyl Astross.

Az trincou os dentes e amassou o pedaço de papel na mão, ele também havia lido a resposta de Gwyn:

Caro Senhor Astross, será uma grande honra ter sua companhia. Meus singelos cumprimentos, Gwyneth Berdara.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora