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Era mais uma missão de espionagem em um dos reinos feéricos no continente, nada que ele já não tivesse feito um milhão de vezes para ficar de olho no que aqueles reinos simpatizantes de Hybern poderiam planejar, mas estava um pouco aéreo, afinal, dois meses e seria pai... Pelos deuses ele seria pai em dois meses.

Claro que estava acompanhando até mesmo cada respiração que Gwyn dava, mas ainda não parecia real... Pelo menos não até o momento, não quando ele fora ver o quarto dos bebês onde Feyre fazia uma pintura na parede atrás dos berços. Um lindo céu azul com nuvens. O quarto em si já estava totalmente pronto e quando a amiga acabou a arte da parede e que Azriel percebeu... Deuses, ele quase caiu de joelhos.

Pensando em toda a vida que teve, a infância desgraçada na casa do pai, os meio irmãos odiosos, o tempo no Refúgio no Vento e depois a Guerra... Mais de 500 anos de vida e agora se sentia tão impotente perante a duas vidas que iriam depender dele até se tornarem adultos.

Azriel não queria sair muito em missões, mas aquela, aquela estava sendo uma espécie de alívio, trabalhar e pensar, ele precisava daquilo também e sabia que Gwyn estava bem. Ela sempre estava mal humorada, questões dos hormônios, ele sempre sorria ao se lembrar do dia em que ela pisou numa formiga e chorou quase uma hora por conta daquilo. Ela quis mata-lo por rir, mas, depois que a Casa providenciou um belo bolo de chocolate ela ficou tranquila.

Mais dois meses, mais dois meses e a vida de ambos mudaria totalmente, mais do que estava.

***

Quando chegou a Casa do Vento e não encontrou a parceira quase teve um ataque, mas, Cassian a havia levado de volta para casa, já que Gwyn havia pedido para ficar lá, mesmo contra a vontade de Azriel, os planos dele era que os bebês nascessem na Casa do Vento, pois além de ser um lugar extremamente seguro ainda haviam mais pessoas para ajudar com Gwyn. Mas, como sempre, ela era teimosa.

Azriel entrou pela porta da frente na sentindo o cheiro de uma torta recém-assada, uma torta de amoras pretas. Ele andou até o balcão vendo Gwyn de costas para ele, vestida num vestido de alças branco bem solto, os cabelos presos num rabo de cavalo alto. Ela colocava a torta sobre um suporte de vidro enquanto cantarolava, totalmente alheia a presença de Azriel que pigarreou a fazendo dar um saltinho e o olhou por cima do ombro.

— Ah! Amor! Você voltou! — ela disse tirando a luva da mão e se virou para Azriel que estava sério, porém os olhos do mestre-espião foram diretamente para os seios de sua amada parceira. Eles estavam enormes e com veias bem aparentes, deuses, uma tentação.

Ele fechou os olhos e sacudiu a cabeça voltando olhar para o rosto da parceira que o olhava inocentemente.

— Por que veio para cá sem me avisar antes? — disse ele a fazendo respirar fundo. — Gwyn, tínhamos um acordo... 

— Não, você, tinha um acordo — ela disse  levando as mãos a lombar. — Az, desde o começo eu achei um exagero ficar na Casa do Vento, não que eu não goste de lá, eu adoro, mas... Eu quero ter nosso filhos aqui, na nossa casa...

— Você deveria estar deitada em repouso — disse Azriel. — Por isso eu queria que ficasse na Casa, por que não iria precisar fazer nada — apontou para a torta ainda quente e Gwyn olhou dela para ele.

— Az — ela disse indo até o guerreiro que se voltou para ela assim que se aproximou, a barriga já tocando a sua e as sombras se aninhando a Gwyn. — Está tudo bem, nunca mais tivemos problemas. Madja esteve aqui ontem e disse que tudo bem eu fazer uma coisa ou outra, está tudo bem.

Azriel fungou e assentiu com a cabeça, ela sorriu largo.

— Eu sei que está preocupado, mas não precisa ficar enfezado — pegou nas mãos dele. — Estamos bem.

— E se eu ter que sair de novo? — perguntou ele. — E se eu não estiver aqui, Gwyneth?

— Emerie disse que vai ficar comigo quando você não estiver. Não vou estar sozinha.

— E ela estava aqui?

— Não, ela e Mor estão bem ocupadas — disse Gwyn. — Estão atrás das coisas para a cerimônia.

Ah, verdade, a cerimônia de união entre Mor e Emerie seria dali cinco dias.

— Entendo — entrelaçou os dedos nos da parceira. — Então, Madja esteve aqui?

— Uhum — disse Gwyn sorrindo. — Ela disse que eles estão perfeitos, Adonis cresceu bastante e está quase do tamanho do Rapha. Acho que é por isso que estou parecendo um balão gigante.

Azriel tentou não rir a parceira, então a abraçou e a deu um beijo no rosto a aninhando a si. Era só mais um pouco, só mais um pouquinho e Gwyn estaria segura, assim como os bebês.

***

A cerimônia entre Morrigan e Emerie fora simplesmente uma das mais bonitas que Azriel tinha presenciado. O seu primeiro amor estava simplesmente radiante usando branco e com uma coroa de flores na cabeça e o sorriso dela, a felicidade de Mor era a coisa mais linda, além das decorações, além do teto de flores do salão.

Azriel assistia a loira dançando com sua então companheira illyriana, não tiraram os olhos uma da outra, não se desgrudavam, era nítido o amor das duas. Ele então olhou para a cadeira ao seu lado, onde Gwyn estava sentada. Ela usava um vestido azul de mangas longas e bem solto, os cabelos presos com lentes dourados e uma maquiagem leve que valorizava ainda mais a beleza dela, mesmo com o rosto mais cheinho.

Azriel voltou a atenção para Mor que agora recebia felicitações de Helion e de sua Senhora, mas então sentiu um puxão em seu braço e olhou para Gwyn.

— Vamos para casa? — perguntou ela.

— Está se sentindo mal?

— Não... Eu acho que não. Preciso me deitar.

— Está bem — se levantou para então dar as mãos a parceira e a ajudar a se levantar. Porém Gwyn arregalou os olhos e abriu a boca tendo uma feição assustada no rosto. Azriel franziu as sobrancelhas e acompanhou o movimento de parceira de olhar para baixo e ambos viram a saia do longo vestido azul molhada.

— A bolsa... — sussurrou Gwyn para não gritar.

— Agora? — perguntou Azriel e Gwyn o olhou desesperada, sequer conseguia dizer alguma coisa. — Merda... Rhys! Cassian!

Ele chamou fazendo toda a atecão da festa pairar sobre ele e Gwyn, ofegos foram ouvidos quando viram que a bolsa da fêmea havia estourado. A família deles se aproximou, todos falando juntos, tão desesperados quanto o próprio casal.

Nestha e Emerie literalmente correram até a amiga a amparando.

— Temos que ir para casa! — disse Gwyn já em prantos.

— Eu levo você — disse Morrigan. — Az, vá buscar Madja, Rhys, Feyre cuidem da festa!

Azriel não queria soltar sua parceria, mas Cassian o puxou consigo e então Morrigan atravessou ela e as outras duas junto de Gwyn.

— Vamos, Az! — disse Cassian enquanto Azriel ainda estava perdido.

Não era hora ainda, não era... Faltava dois meses e meio ainda, os bebês não estavam prontos, ele não estava.. Gwyn não estava pronta.

Canção de Sombras. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora