- CAPÍTULO DOIS -

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Eu gosto da faculdade de artes.

Gosto da história da arte, mas odeio falar sobre isso.

Gosto de expressar tudo desenhando, pintando, cantando ou dançado.

Por mais que eu não tenha uma boa voz para cantar e nem coordenação motora e molejo para dançar.

Quando eu era menor costumava dançar com meu irmão, ele me girava e me jogava para o ar como se eu não pesasse nada.

Eles tinha os olhos castanhos como os meus, os cabelos castanhos escuros como os meus, éramos quase gêmeos mas ele é mais velho.

Quando mamãe se separou do meu pai, eu tinha dez anos, meu irmão tinha quinze.

No primeiro momento minha mãe ia levar nos dois mas meu pai disse que seria melhor meu irmão crescer com um homem, para ser um homem.

Bem ridículo mas minha mãe aceitou.

Antes eu via meu irmão todo mês, uma ou duas vezes.

Mas agora tenho 23, e ele tem 28.

Ele tem uma esposa e é piloto de avião.

Faz dois anos que não o vejo, ele  mudou de cidade e agora até um telefonema é difícil.

Odeio a distância. Odeio como as pessoas sofrem com ela mas acho que ela é importante para algumas.

Como para fugir de problemas ou se reencontrar.

Já li livros que a distância foi maravilhosa e já que livros que a distância destruía corações.

Ódio e amor, novamente.

Eu acabei de sair do banho, minha mesa está lotada de livros e folhas, preciso fazer um trabalho para faculdade.

Mas eu só pulo para minha cama, de roupão e abro o livro.

Comprei ele hoje e estou na página 120.

É viciante, excitante e angustiante.

Não quero terminar mas ao mesmo tempo quero e muito.

Depois de horas lendo, vejo que meu cabelo secou.

— Estou indo, Lili.— Meu padrasto me beija na testa.— Arrume sua mesa, sabe  como sua mãe odeia bagunça.

Sorrio olhando para ele, já arrumado com seu uniforme de enfermeiro.

— Ela não liga.— Digo brincando.

Ele arqueia uma sobrancelha escura e ri.

— Cat está dormindo na sala, então fique atenta.— Ele sai do meu quarto e eu me levanto.

Meu padrasto é legal, eu aprendi a gostar de todos os caras com quem ela esteve depois do meu pai.

Mas com David foi natural, ele começou me contando histórias bizarras que ocorria no hospital, depois me levava comida e num passe de mágica ele me conhecia melhor que meu próprio pai.

Minha mãe está com ele a oito anos, ele é gentil e calmo.

E não vive me questionando, o que eu agradeço porque odeio perguntas burras.

Procuro em meu guarda roupa completamente bagunçado, uma calça de moletom cinza. Até agora só vesti a calcinha preta de renda, que estou me questionando como foi que comprei ela.

Eu odeio renda, por que rasga e eu sou muito boa com isso.

Deixo meu guarda roupa aberto e me agacho para ver se há roupas em baixo da cama, acho minhas meias de bolinhas vermelhas que ganhei da minha mãe no Natal do ano passado.

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