- CAPÍTULO TRINTA -

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Hoje levantei atrasada, quando cheguei em casa ontem com Collin, eu esqueci de colocar meu celular para carregar.

— Meu Deus!— Gritei quando Cat apareceu no meu quarto e mijou.— David, essa gata está mijando no meu quarto.

Ela tinha parado, ela quase nunca entrava aqui.

Essa maldita entrou de fininho de manhã.

— Não grite com a Cat, Lili.— David vem com um pano no ombro.— Está muito atrasada.

— Obrigada por lembrar.— Dou a gata e volto para colocar o tênis.— Eu só não mato ela, por que seria vários homicídios.

Ele ri levando a gata com ele.

Eu achei que não podia piorar mas piorou.

As aulas foram tranquilas apesar de eu ter perdido duas e o começo da terceira.

Quando eu estava dirigindo até a casa de Nina, senti um calafrio.

— Só anda, Liz.— Falei em voz alta indo até o portão.

Havia um morador de rua, ele parecia muito meu pai e eu tremi.

Eu sabia que não era, não é.

Ele morreu.

— Tem um trocado moça?— O homem disse.

— Desculpe.— Digo apertando o telefone para chamar Nina.

— Por favor, eu estou sem comer faz dias.— Quando Nina respondeu para mim esperar pelo telefone, ele tocou em mim.

Um toque apertado em meu braço, eu estava de regata.

Parecia o toque dele, quando queria me levar ao quarto, para eu apanhar.

— Se afaste.— Eu pedi baixinho.— Por favor.

Ele não fez, eu comecei a tremer.

— Recepa seu castigo agora.— Pensei ter ouvido o homem dizer.

Eu olhei com medo.

Burra, idiota. Não tenha medo.

Eu repetia na minha cabeça para manter a calma.

Um, dois, três...

— Me solta!— Gritei e o empurrei.

— O que houve, Liz?— Nina chegou fechando o portão.

Ela percebeu que eu tremia, sai até o carro e sentei no do passageiro.

Respire.

— Liz, tudo bem?— Nina perguntou fechando a porta do carro, já sentada para dirigir.

— Ele me tocou, ele...— Começo a chorar.— Desculpa, eu devia...

Passo a mão onde o homem apertou e me belisco.

— Não faça isso, tá tudo bem. Estou com você.— Ele segura minha mão.

— Desculpe, desculpe.— E ela me deixou chorar.

Por alguns minutos e depois a levei até o aeroporto.

Nos abraçamos e ela beijou meu rosto mil vezes.

— Vou sempre te ligar, atenda.— Ela disse entre um beijo e outro.— Pare de se machucar.

— Tudo bem.— Digo mas sei que talvez não fique. Talvez eu não pare.— Aproveita e me mande fotos.

Ela me abraça mais apertado e depois sai, indo para seu futuro, seu sonho.

Tive que ir trabalhar, infelizmente.

Não fiquei muito bem no trabalho, chorei umas três vezes no banheiro e tenho certeza que meus olhos estavam vermelhos e inchados.

— Fecha direitinho a porta.— Josie disse soltando seu cabelo.

— Não se preocupe.— Ela saiu.

Ryle havia vindo hoje a sorveteira, ele estava sentado novamente como o último cliente.

Comendo uma cestinha que dei para ele como prometido.

Ele pediu sabores diferentes hoje, quis de chocolate e morango com bis.

— Ainda lendo esse livro, Ryle?— Questionei quando me sentei em sua frente.

— Agora é para lição de casa, advinha o que aconteceu?

Ele fechou o livro empolgado.

— Conte a mim.— Falei tirando o avental.

Como não iria mais mexer com o sorvete, soltei meu cabelo e o prendi em um coque sem lacinho no alto.

— Luna vai sair comigo.— Ele diz.

Escutei o sininho e logo Collin havia entrado, sorrindo e com óculos?

— Uou, mas já?— Perguntei a Ryle, Collin se sentou na cadeira ao lado de Ryle.

— Mas já, o que?— Questinou curioso.— Como você tá, pequena Liz?

— Bem, Collin esse é Ryle.— Apontei para o menino de cabelos castanhos.— Ryle, esse é Collin, meu amigo e vizinho.

— Não esqueça, Alma gêmea. — Ele sorriu dando um soquinho na mão de Ryle.— Como vai, Ryle?

— Bem. Liz me deu sorvete grátis.— Ele disse comendo uma colher.

— Vou querer também, Liz.— Collin fez um biquinho.

— Não posso, já soltei o cabelo e o avental.— Joguei minha toquinha na mesa.— Qual é desses óculos?

Ele sorriu tocando a armação preta.

— Esqueci de tirar, eu uso apenas para ler.— Disse tirando o óculos.

Collin fica bonito de óculos, mas não iria dizer isso a ele.

— Pode pegar um picolé ou de pote no freezer.— Falei e o vi se levantar contente.— Mas você vai precisar pagar.

— Seu amigo, é seu namorado?— Ryle questionou.

— Não, é só meu amigo mesmo.

— Mas almas gêmeas são casais, não?— Ele perguntou com olhos curiosos.

— Não tem apenas almas gêmeas de casais, mas esquece.— Digo negando e rindo.— Me fala do seu encontro?

— Minha mãe disse que não tenho idade mas convidei Luna para tomar um sorvete comigo aqui.— Ele disse sorrindo.

— Você é tão novinho...

— Vai encontrar com uma menina?— Collin perguntou com o sorvete de pote em mãos.— Eu dei meu primeiro beijo com doze anos, sabia?

— Eu não sei beijar, nunca fiz isso.— O menino diz apavorado.

— Pare de colocar minhocas na cabeça dele.— Repreendi Collin.— Primeiro tenham esse encontro, não aconselho toques.

Collin levanta aa sobrancelhas.

— Tenho certeza que com doze você já tinha beijado, Liz.— Ele diz.

— Cada um no seu tempo, eu beijei aos quatorze.— Falei dando de ombros.

— Como é, beijar?— Ryle pergunta.

Vejo Collin se manter atento ao seu sorvete, ele deixa essa resposta para mim.

— Bom, é...— Começo.— Bom e legal, só toque suas bocas, se ela quiser. Nada de toques, mas mão no rosto é aceitável.

Collin ri.

— Sabia que foi a menina que apertou minha bunda.— Collin disse.

— Meninas apertam a bunda dos meninos no beijo?— Ryle parecia um pouco confuso.

— Olha, se você não gostar é só pedir para parar e não é todas que fazem isso.— Digo rindo.— Agora pare com esse assunto.

Me levanto indo ao banheiro.

— Você já beijou a Liz?— Ryle pergunta a Collin, não fico para escutar sua resposta.

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