Sonhos Escuros

- CAPÍTULO VINTE E SEIS -

Collin me escutou xingando Marie enquanto ele dirigia.

As vezes ele fazia comentários engraçados e a xingava junto.

Ele quis tirar fotos dentro do carro mesmo para ele guardar de lembrança.

Mandei uma mensagem para Nina.

" Desculpa, sai depois de sua mãe me chamar de puta. Mas terça te levo ao aeroporto"

Pensar que minha melhor amiga iria ir embora me doía mas quando lembrava que era para realizar seu sonho, eu sorria sozinha.

— Podemos parar numa lanchonete?— Collin diz sem tirar os olhos da estrada escura.— Estou morto de fome e nem comi o bolo de sete andares.

— Você contou?— Pergunto surpresa.

— Você me chamou para ver, contei.— Ele sorri.— Você não?

— Não, puta merda! Eu nem perdi meu tempo.— Falei rindo.

Ele estacionou em frente da lanchonete, tinha um letreiro vermelho e dourado.

— Bob' s.— Digo abrindo a porta de vidro.— Espero que tenham batata.

— Claro que eles têm, que tipo de lanchonete não vende batata frita?— Collin acha uma mesa para nós e nos sentamos.

— Nossa eles vendem frango com molho.— Exclamei olhando o cardápio.— Acho que vou querer esse.

— Você viu que eles vendem sorvete?— Collin bate o cardápio na mesa.— Mas não tem céu azul.

Ele faz um biquinho enquanto arranca o blazer, ficando somente com sua blusa social e a gravata azul bebê.

— Boa noite, o que desejam?— Uma garçonete pergunta com o caderninho em mãos.

— Frango frito, com molho picante de acompanhamento.— Digo e ela anota rápido.

— Quero um x- tudo, sem ovo.— Collin diz olhando o cardápio.

— E para beber?— Ela pergunta.

— Pepsi ou coca?— Ele pergunta fechando o cardápio para mim.— Não tem suco de limão.

— Temos de abacaxi e morango.— Ela diz com a caneta ainda no caderno.

— Eu não gosto de morango.— Digo a Collin.— Pepsi?

Ele asssnte rindo.

— Uma garrafa de dois litros. — Ela anota e sai andando.— Perguntas rápidas, agora.

— Perguntas rápidas?— Questiono.

— Tipo, qual sua cor preferida?— Collin apoia o cotovelo na mesa.

— Amarelo. E a sua?

— Vermelho. Sua vez.— Ele apoia a cabeça na mão, me olhando.

— Quantos anos você tem? Até agora não perguntei isso.— Ele ri.

— Vinte e dois, faço vinte e três em novembro.— Ele diz.

Mais novo, hum.

— Qual foi sua primeira palavra quando bebê?— Ele perguntou.

— Não sei, pergunte a minha mãe.— Digo brincando com seu cabelo.— Qual foi a sua?

Ele fecha os olhos por um momento e ri.

— Corno.

— Sério?— Tiro minha mão de seu cabelo.— Mentira.

Ele me olhou sério.

— Continue o carinho e eu te conto.— Coloquei minha mão de volta.— Na época minha mãe conversava muito ao telefone com minha tia, ela tinha traído o marido e elas ficavam horas conversando sobre isso. Juro que a cada cinco minutos miha mãe dizia " Meu Deus, ele é corno e você que fica triste?"

Solto uma gargalhada baixa.

— Entendi agora.— Digo levando um dedo até sua testa.— Você se mudaram por quê?

Ele fecha os olhos.

— Morávamos no casa do meu avô, minha mãe cuidava dele e por isso ela ficou tão afetada com sua mentira.— Ele riu sozinho.— Quando ele morreu, minha mãe não quis mais a casa, então vendeu e compramos essa. Mas eu realmente achei que não iria gostar, eu preciso usar o carro do meu pai e no centro tudo era perto, dava para ir andando.

— Sei como é, quando nos mudamos demorei para me acostumar.— Digo.— Mas você não gosta de morar lá?

— Agora eu gosto.— Disse abrindo os olhos.— Suas mãos são tão leves e macias.

Ele colocou sua mão em cima da minha e acariciou, rindo.

— Aqui está.— A garçonete começava a colocar os nossos pedidos.— Não usamos copos plásticos.

Ela deixa dois copos de vidro e sai com sua bandeja.

— Acho que posso até chorar agora, estou com tanta fome.— Collin diz agarrando seu lanche.— Você já nadou pelada?

— Meu Deus, Collin.— Digo mastigando meu frango.— Não e você?

— Também não, mas seria legal.— Ele ri.— Esse molho é tão bom quanto o da sua mãe?

Depois de comer, Collin paga e dirige até em casa.

Sem música, somente o barulho de nossas respirações.

Ele elogia o lanche e o atendimento, além de fazer planos para nadarmos pelados.