- CAPÍTULO SETE -

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Estou no estacionamento, esperando minha mãe arrumar suas coisas lá dentro.

Eu me sinto mal.

Nina foi embora, me despedi dela e pedi para que me ligasse amanhã.

Estou sentada ao lado de um carro, em cima do rodapé de asfalto.

— Você está bem?— Collin se senta ao meu lado.

— Sim.— Digo rápido olhando para o chão.

— Não parecia, saiu correndo da mesa e não voltou.— Ele começou a mexer em um pequeno mato preso no asfalto.

— Você é sempre curioso assim?— Pergunto erguendo minha cabeça.— Me espiona pela janela várias vezes...

— Ei, eu não te espionei.— Se defende olhando para o matinho.— Eu estava no meu quarto e você chegou na janela, fazendo topless.

— E você olhou, né?— Exclamei.— Safado.

Ele virou a cabeça para mim.

— Olha quem fala, a mentirosa.— Ele sorriu de lado.— Não sou eu que tenho livros sexuais.

— O que?— Arqueiro uma sobrancelha.— Como você sabe?

Seu sorriso se alargou.

— Ha, ha. Então você tem?— Ele apontou um dedo pra mim.

Um truque.

— Idiota.

— Estou brincando, pequena mentirosa.

— Não me chame assim.— Me levantei rapidamente.

— Nossa e é pequena mesmo.— Disse ao se levantar.

Eu tenho um e setenta, então não me considero pequena.

Ele deve ter um e oitenta, oitenta e cinco no máximo.

— Olha aqui Collin Aranha, pare de me estressar.— Bati os pés no chão.— Odeio apelidinhos.

— Você acabou de me dar um, esperta.—Ele levou as mãos ao bolso da jaqueta.

— Não gosto de apelidinhos pra mim.— Falei firme.

— Oh, sim.— Ele sorriu.— Perdoe-me, pequena mentirosa.

Bufei nervosa.

Por que as pessoas cismam em me dar apelidos?

— Collin, deixe nossa Liz em paz.— Brenna diz passando por ele e me dando um beijo na bochecha.— Sua mãe me disse que faz faculdade de artes, falou sobre seus quadros inclusive amo aquele que tem em cima do palco. Você que fez?

Assenti olhando Collin, com a sobrancelha arquiada com os olhos nos meus.

— Temos uma vizinha artista?— Collin diz debochando.

— Não é fantástico, filho?— Ela balança a cabeça.— Quero que faça uma arte pra mim, Nossa Liz.

Seu marido chega por trás dela, agarrando sua cintura.

— Boa noite, Liz.— Diz puxando a mulher.

Pelo menos não tem " Nossa ".

— Sério que foi você que fez aquele quadro?—Collin pergunta. Parecendo surpreso.

— Fui eu, fiz assim que minha mãe abriu o restaurante. Foi a primeira coisa que ela trouxe, antes de qualquer coisa.— Ergui o queixo orgulhosa.

— Se não der muito certo fazer arte, pode ser atriz ou fazer topless.— Zombou andando um pouco a minha frente.

— Você é tão desagradável.— Digo dando um passo para trás.

— Sei que tem livros sexuais por que entrei no seu quarto na noite passada, depois que foi dizer mentiras aos meus pais de madrugada.— Ele sorriu como se nada tivesse acontecido.— Boa noite, pequena Liz.

Ele sai andando e eu fico quieta.

Sem me movimentar por minutos.

Ele entrou no meu quarto, ok.

Não posso lidar com isso.

— Podemos ir agora, estou morta. — Minha mãe andava mexendo na bolsa preta em seu ombro.

— Estava tudo lindo, bebê.— David puxa minha mãe ao lado dele.

— Não sabia que Brenna era nossa vizinha, ela é tão simpática.— Minha mãe elogiou enquanto andávamos até o carro.

— E tagarela.— Reclamei abrindo a porta.— Fala sem parar.

— Isso é verdade.— David concordou.

— Vai dizer que odeia isso?— Mamãe questionou David entrando no carro.

— Essa mulher vai me fazer odiar, se continuarmos nos encontrando.— Ele liga o carro.

Me deito no banco, o gosto amargo do vômito ainda está em minha boca, mesmo depois de chupar uma bala de morango.

— Sabe o que me intrigou hoje?— Mamãe perguntou a David.

— O que?— Questiona ele olhando a estrada.

— Que minha querida filha, foi reclamar o som com os vizinhos as três da manhã...— Ela vira para mim. Fecho meus olhos.— E não parou por aí, ela contou que ia fazer exames de uma doença na qual nem sabíamos.

Sua voz é irônica.

O carro é freado por David na rua de casa, fazendo eu bater na cabeça do banco da minha mãe.

— Como assim a princesinha fez exames e não nos contou?— Ele virou a cabeça rapidamente com os olhos cansados.— Você está doente, Liz?

Oh, Meu Deus!

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