-CAPITULO CINQUENTA E UM-

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" — Para, pai!— Eu gritava pulando nas suas costas.
— Saia, antes que receba seu castigo, Liz!— Ele gritou grosso apertando mais forte o pescoço da minha mãe.
Tremendo eu contornei meu braço direito em seus pescoço, prendi mais minhas pernas em sua barriga e fiz o máximo de força.— Liz...
Ele soltou minha mãe, ela correu para trás indo me tirar de suas costas enquanto tossia.
Não posso deixar que ele mate minha mãe, não posso...
— Filha, solte.— Mamãe pediu com a voz falha agarrando meus ombros.
Soltei e ela me pegou no colo. Minha mãe... a mulher que me deu a vida, não pode sofrer tanto assim. Não pode.
Meu pai tossia com a mão no pescoço, os olhos arregalados e furiosos me encaravam.
— Para o quarto, levante o vestido.— Ordenou enquanto minha mãe me abraçava com força.— Agora!
Ele gritou me tirando dos braços de minha mãe.
Posso lidar com isso.
Eu não sinto mais nada, ele vai usar o cinto em minha bunda, a dor vai ser leve, talvez ele vire e use a fivela.
Eu não sinto."

Me sentei desesperada da cama, com Collin segurando meu braço.

Eu respirava rápido, fazendo um barulho alto no quarto silencioso.

— Tá tudo bem, Liz...— Sua voz baixa disse acariciando meu braço.

Não, não.

Levei a mão ao coração, que batia acelerado.

Minhas costas suadas, meu cabelo grudado em minhas bochechas.

— Foi só um pesadelo, estou aqui.— Senti uma mão de Collin em minhas costas.— Vou te dar um banho.

Segurei sua mão com força, ele estranhou e olhou para mim, com seus olhos preocupados.

— Por favor... pare.— Falei fechando os olhos.

Ele estava aqui, me batendo de novo.

Nunca para, nunca para, nunca para...

— Liz, está tudo bem. Sou eu, Collin.— Senti um movimento na cama.

Foquei em minha respiração.

É Collin, o garoto que...

Que... Eu...

— Por favor... não me deixe sozinha.— Minha voz era baixa e medrosa.

— Nunca.— Com meus olhos ainda fechados senti suas mãos pesadas, que estavam tão leves e calmas, virando minhas pernas.

Toquei os pés no chão gelado.

Dormi sem meia. E o frio que senti em meus seios constatou que dormi pelada.

— Tá doendo... muito.— Falei quando abri os olhos.

Collin tocou minha bochecha, leve.

— Eu vou fazer passar...— Ele estava nu também, fazendo meu olhar descer até sua barriga.— Banho?

Assenti calma.

Amanhã iríamos para praia, já reservamos quartos em um hotel famoso da região.

Não posso arruinar tudo com isso, essa bobeira.

Collin me ajudou a levantar, indo devagar até o banheiro comigo.
Levei a mão livre para me beliscar no braço.

Não sinto, não sinto.

— Perguntas rápidas?— Ele perguntou ligando o chuveiro.

Sorri mais calma, ele colocou a mão na água e me puxou pela mão.

— Você prefere que eu vá de blusa do homem aranha ou do Batman?— Ele perguntou esfregando meus braços.

Soltei uma risadinha.

— Homem aranha.— Falei olhando para ele.

Que olhava com concentração meu braço, uma pequena macha roxa.

Eu fiz.

Peguei seus ombros, os puxando para dentro da água.

— Desculpa, por isso...— Falei envergonhada.

Não queria que ele me visse assim, que presenciasse meu surto.

Peguei a bucha, esfregando seu peito.

— Não precisa pedir, você sabe que eu sempre vou estar aqui para você, né?— Olhei para seus olhos azuis profundos, ele passa tanta bondade.

— Você é tão de mentira.— Falei deixando a bucha e erguendo os braços para passar os dedos pelos seus cabelos.

— De mentira?

Sorri esfregando seu cabelo.

— Tão bom que chega a ser mentira, sabe?— Falei olhando para sua boca, molhada.— Parece um ser perfeito, estou com medo.

Ele tocou minha cintura me puxando para perto.

— Você é tão boa para mim que tenho medo, de tudo, principalmente de pensar em te perder.— Ele falou e eu tremi.

— Você nunca vai me perder, Collin. Nunca.

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