- CAPÍTULO DEZ -

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— Merda, merda!— Xingo em voz alta enquanto procuro o outro pé do meu tênis.

Estou atrasada, estou fodidamente atrasada.

Troquei meus horários na sexta passada, para fazer o curso de Artes de manhã.

Mas já no meu primeiro dia, estou atrasada.

Ontem a noite assistimos um filme de ação de duas horas, horrível.

Me forcei a assistir mas acabei dormindo e quando acordei estava no sofá com minha mãe e David assistindo a série que assistimos TODOS juntos, sem mim.

Briguei com eles e fiz eles voltarem os três episódios que tinham assistidos sem mim.

Aos domingos eles dormem cedo e eu costumava dormir tarde, porque eu conseguia dormir e acordar às sete para trabalhar na sorveteria.

Mas de manhã não tem muito movimento, então eu lia e escutava música no trabalho e até dormia.

Então estou as sete e meia procurando um tênis que deveria estar no meu pé desde das sete e dez.

— Arrume seu quarto e vai achar rapidinho.— David diz passando rapidamente pela porta do meu quarto com a Cat no colo.

— Não enche, David.— grito me agachando para procurar em baixo da cama.

Suspirei e peguei um tênis velho, que estava em baixo da cama.

Tirei o tênis preto e branco, colocando de qualquer jeito e pegando minha bolsa em cima da cama.

Eu estou usando meu salário para pagar aos poucos um apartamento, longe o suficiente da minha mãe.

Eu a adoro mas quero me sentir independente.

Desço correndo pegando a chave do carro dela para ir a faculdade.

Ela usa o do David quando vou para faculdade, já que ainda não tenho um meio de transporte.

Os ônibus são um lixo por aqui, deve ser por que todos são ricos o suficiente para terem carros.

— Volto as seis.— Grito a David fechando a porta.

Depois da faculdade, vou para o trabalho.

Precisarei levar as lições para Sara mais cedo as quartas e quintas.

Estou na quarta aula quando lembro do trabalho, que comecei sábado a noite e não trouxe sendo que era para hoje.

As vezes me esqueço das coisas, quando estou atrasada, preocupada ou ansiosa.

Me deixa puta, ainda mais agora que minha professora está gritando por eu ser tão irresponsável.

Tudo bem, tudo bem. Posso suportar isso.

Mas dá vontade de dar um soco no rosto nervoso dela, enquanto fala praticamente cuspindo em mim e mexendo o cabelo curto e escuro.

— Trago amanhã, eu sinto muito mesmo.— Me desculpo agarrando minha pasta.

Ela continua me dizendo que preciso ser cuidadosa e atenciosa.

Ok, ok.

Depois que o sinal toca, somos dispensados.

Entro no carro e dirijo até a sorveteria que fica no centro da cidade.

Muitos alunos das faculdades vizinhas veem aqui, mas nunca encontrei nenhum já que meu horário de manhã não era muito movimentado.

— Primeiro dia a tarde, Lili.— Josie a garota que trabalha comigo diz quando entro atrás do balcão. — De tarde é complicado para cacete.

Dou um sorriso rápido e sigo para o banheiro.

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