- CAPÍTULO DEZESSEIS -

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Estávamos jantando na mesa dos mendes.

Brenna ficou feliz por sermos vizinhos tão normais, disse que os que ela tentou se comunicar sempre foram chatos.

Toda hora que ela abre a boca, David arregala os olhos e vejo pelos olhos dele o que ele se pergunta.

" Como essa mulher tem fôlego para falar tanto sem parar?"

Eu me questiono a mesma coisa.

Collin estava ao meu lado me olhando divertido a cada comentário longo a mãe.

Agora ele não estava tão divertido, sua mãe estava falando dele.

— Collin sempre gostou de super heróis e quando ele tinha quinze anos, levou em casa a primeira vez uma garota...— Brenna ria enquanto contava.

— Essa história é boa.— Seu pai falou logo depois de beber mais um gole de vinho.

Collin negava com a cabeça e ria.

— A menina ficou apenas cinco minutos o quarto dele, logo depois eu vi ele e ela saindo de casa. Estranhei por que ele me disse que iria jogar vídeo game com ela, mas eu sabia que iam fazer outras coisas...— Brenna riu ao lembrar levantando as mãos.

— Mãe, pelo amor...— Collin implorava para sua mãe parar de contar.

— O que aconteceu?— Perguntei depois de engolir o arroz com legumes.

— Ai, Liz. Ele estava a expulsando por que ela fez um comentário sem graça sobre o grande pôster do homem aranha que ele tinha na parede.— Ela gargalhou e Collin fez um barulho na garganta.— Ele disse bem assim: ' Ninguém fala mal do homem aranha, mãe. Ela não é digna de estar no mesmo quarto que ele.'

Gargalhei com a história.

— Collin sempre foi fanático por essas coisas, além das meias tem blusas e cartinhas.— Seu pai disse.

— Obrigada por isso, pai.— Collin parecia um pouco envergonhado.

— É muito difícil achar uma blusa normal no guarda roupa dele.— Brenna colocou mais vinho na taça.

Minha mãe riu.

— Lili era louca por livros, ainda é mas teve um episódio muito complicado...— Minha mãe começou.

— Ah não, mãe.— Reclamei baixo para ela.

— Deixe ela contar, Lili. — Collin me chamou o apelido que minha mãe me deu e colocou a mão apertando meu joelho.

— Ela comprou um livro cheio de cenas inapropriadas, para pessoas de maior, mas até hoje não sei como. — Ela riu.— Quando achei o livro em baixo da cama dela, fiquei desesperada. Não sabia se deixava ou brigava com ela.

— Que menina sem vergonha.— Collin comentou rindo.

— Ela me disse que não tinha lido e ficou toda nervosa. Eu escondi o livro.— Minha mãe riu.

— Mas eu achei e lia escondido quase todo dia.— Falei sem vergonha alguma.— Tenho ele até hoje, uma amiga comprou na minha época de rebelde.

— Época rebelde? Collin teve essa também...— Brenna comentou rindo.

— Chega de história por hoje.— Collin levantou a mesa.— Vou buscar a sobremesa.

Ele saiu e sua mãe começou a reconher os pratos vazios.

Quando voltou, eles voltaram a conversar e rir alto.

— David também tinha a mesma mania da tampa do vaso.— Minha mãe diz a Brenna.— Comecei a chama-lo para fechar sempre que estava aberto.

— É muito difícil morar com duas mulheres.— David fala comendo a sobremesa.— Não tenho esses problemas com Liz, ela tem seu próprio banheiro.

— Não preciso brigar com ninguém para abaixar a tampa.— Brinco e eles riem.

— Era muito difícil morar com dois homens antes, mas com o tempo todo se resolve.— Brenna diz.

Termino minha sobremesa e vejo Collin me olhando.

— Para sala.— Diz baixo ao meu lado.

Ele recolhe meu prato e o seu, ele segue para cozinha enquanto eu vou para a sala.

Me sento no sofá e o espero.

— Estou pronta para ganhar.— Agarro o controle esperando ele escolher seu personagem.

— Vamos usar meias combinando, pequena Liz.— Diz firmemente fazendo meus olhos se revirarem.

Três lutas, preciso ganhar pelo menos duas.

Depois de perder as duas primeiras, eu desisto.

Collin não estava mostrando o quanto era bom nesse jogo.

Ele comemorou nas duas gritando ' Meias combinando'

Odiei perder mas gostei de ver seus pulos no sofá animado como uma criança e quando fica empolgado não para de falar, igual sua mãe.

Ele pode ter os olhos azuis do pai, os cabelos escuros do pai mas parte da sua personalidade é toda de Brenna.

— Isso é ridículo.— Exclamo me encostando no sofá, frustrada.

— Não chore.— Ele se encosta tombando a cabeça para trás.— Você foi bem.

— Não o suficiente para ganhar a aposta.— Belisco meu braço por baixo do suéter.

Depois tombo minha cabeça também.

— Meias combinando não é tão ruim.— Collin vira a cabeça para mim, posso notar pelo canto do olho.— Somos almas gêmeas, lembra?

— Claro que lembro.— Eu me viro para ele.

— Mas você pode me pintar mesmo assim.— Ele toca meu nariz com o dedo indicador. — Pelado, se quiser.

— Não quero.— Digo rápido virando minha cabeça para o teto.

Perdi mas sai ganhando.

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