Capítulo 5

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Azriel sentiu que todo o mundo havia parado ao ouvir Gwyn cantar, ou talvez fosse apenas ele. Foi de perder o fôlego. Cada nota que saiu da boca dela se instalou em seu coração e ele teve certeza de que poderiam se passar mais 500 anos, ainda lembraria desse dia. Mas após a cerimônia, Gwyn havia sumido. Encontrou Emire completamente envolvida em uma conversa com Mor, mas não havia sinal de Gwyn.
– Azriel? Tudo bem? – Ouviu Elain chamar.
– Elain... tudo. – Tentou fazer contato visual, mas logo desviou o olhar.
– Eu estava pensando se... talvez pudéssemos conversar? – Sugeriu, e ele refletiu por alguns segundos. Elain merecia a consideração de Azriel, afinal, a noite do solstício foi culpa dele. Ela não deveria se sentir culpada, então ele assentiu. Ela se dirigiu as escadas da Casa do Rio, e Azriel procurou por Lucien, certificando-se de que ele não estava por perto. A medida que subiam as escadas, sentiu que suas sombras se retrairam. Elain continuou subindo e quando se deu conta, Azriel já estava no terraço da casa.
– Eu sinto muito pela noite do solstício, eu não quis... – Começou Elain.
– Não! Não foi culpa sua. Eu deveria me desculpar. Mas Elain... – Ela deu um passo em sua direção e ele parou de falar. Sentiu uma das mãos de Elain em seu rosto, e por uma fração de segundo, não reagiu. Ficou tão surpreso pelo toque que não notou a presença de Gwyn. Seus olhos se encontraram por um breve momento, e ela começou a descer as escadas rapidamente. Azriel automaticamente se afastou de Elain, tentando não parecer rude ou magoa-la, mesmo que tudo dentro dele gritasse para que seguisse Gwyn.
– Elain, isso não pode acontecer. Sinto muito. Não posso fazer isso. – Azriel viu a mágoa em seus olhos, mas pôde entender que Rhys estava certo. Elain era parceira de outro macho, e o que antes parecia um erro do caldeirão, nunca pareceu tão claro quanto naquele momento. O seu coração não pertencia a Elain, nunca pertenceu. Ela assentiu, e Azriel começou a descer as escadas.

Após a cerimônia, Gwyn se sentiu tão leve que precisou de um minuto sozinha para absorver tudo o que aquela noite havia significado

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Após a cerimônia, Gwyn se sentiu tão leve que precisou de um minuto sozinha para absorver tudo o que aquela noite havia significado. Por isso, ela tomou distância dos convidados, até que viu o lindo terraço no topo da Casa do Rio, então decidiu subir. Não esperava ver a irmã de Neshta tão perto de Azriel, tocando-o. Não esperava sentir uma pequena fisgada no coração. Por isso, fugiu. Ao descer as escadas praticamente correndo, tropeçou no vestido e se preparou para a queda. Mas ela nunca veio. Um par de mãos a segurou quando estava próxima do chão. Um macho com os cabelos mais vermelhos que já viu, uma cicatriz no olho.
– Você está bem? – Perguntou, solícito. Gwyn respirou fundo e firmou os dois pés no chão, recuperando o equilíbrio.
– Sim... sim. Obrigada! – Disse, evitando o constrangimento.
– Algum motivo levou você a descer as escadas correndo? – Ele sorriu, e foi então que ela percebeu. Aquele macho a sua frente era o parceiro da irmã de Neshta, a fêmea que estava a tão poucos centímetros de Azriel. Não era necessário muito conhecimento para saber que não poderia ser agradável encontrar a sua parceira com as mãos no rosto de outro macho. Preocupação tomou o coração de Gwyn, ela não queria que Azriel tivesse problemas, mesmo que se sentisse magoada com ele por um motivo completamente desconhecido. Considerava Azriel seu amigo, ele a confortou e ouviu em momentos difíceis e as palavras dele a fizeram querer arriscar um pouco mais. Por isso, sentiu que deveria protegê-lo. Amigos fazem isso, certo?
– Eu só não quis perder a festa! – Respondeu, devolvendo o seu melhor sorriso. Ele assentiu, passando por ela em direção ao piso superior. Ele não podia ver Azriel e Elain. – Aí! – Exclamou Gwyn, simulando um pequeno desequilíbrio. Ele imediatamente voltou ao seu lado.
– Tudo bem mesmo? – Perguntou, enquanto a avaliava.
– Não me sinto muito bem. – Disse, segurando a mão que ele havia estendido.
– Vou acompanhá-la de volta a festa. – Gwyn aceitou a ajuda e eles caminharam juntos.
– Gwyn! – Exclamou Emire ao notar Gwyn segurando o braço do macho ao seu lado. Mor se levantou e logo toda a mesa estava olhando para ela. Como a noite tinha ido de um completo sucesso a um completo fracasso?
– Ela não se sentia muito bem. – Esclareceu o macho.
– Obrigada por ter acompanhado ela, Lucien. – Ouviu Feyre dizer. Tentou manter a expressão neutra, mas ao sentir o olhar profundo de Rhysand, percebeu que havia falhado. Pelo Caldeirão, será que ela tinha feito alguma besteira? Além de ter invadido a casa de seus Grão Senhores, estava mentindo para eles.
– Agora que está segura e acompanhada, peço licença. – Disse Lucien, virando-se.
– Não! – Gwyn praticamente gritou, e todos olharam para ela. Deuses, não tinha como ficar pior. – Não tive tempo de agradece-lo. – Tentou esclarecer.
– Não precisa agradecer. – Respondeu Lucien educadamente. Um alívio percorreu todo o corpo de Gwyn quando ela viu Azriel se aproximar, com a expressão completamente fria. Ela notou quando ele desviou o olhar do macho ao seu lado para ela, avaliando. – Com licença. – Disse Lucien, despedindo-se.  Os olhos de Azriel não deixaram os dela conforme ele se aproximava cada vez mais.
– Tudo bem? – Perguntou, quase como um sussurro. Ela apenas assentiu, não confiava em si mesma para formar palavras naquele momento. Azriel manteve os olhos nos dela, mas foi impossível permanecer por mais tempo, então quebrou o contato visual ao sentir um aperto no peito.
– Acho que deveríamos voltar para a Casa do Vento. – Sugeriu Emire. Gwyn quis levantar e abraçar a amiga com todas as forças, não aguentaria ficar mais tempo, sorrindo como se nada tivesse acontecido. Cassian e Neshta foram embora logo após o fim da cerimônia, não havia motivo para continuar ali. Azriel permanecia com os olhos fixos nela, fazendo seu coração bater tão rápido que ela temeu que ele pudesse ouvir.
– Sim! Eu gostaria disso. – Respondeu Gwyn.
– Posso levar vocês. – Propôs Mor. Uma parte de Gwyn ficou extremamente grata por não precisar encarar Azriel naquele momento.
– Obrigada por nos receber. – Emire falou, dirigindo-se aos seus Grão Senhores. – Foi uma linda cerimônia.
– Obrigada por terem vindo. Sei que foi importante para Neshta, ela tem sorte em tê-las. – Disse Feyre sorrindo e Gwyn pôde sentir todo o carinho naquelas palavras.
Nós temos muita sorte em ter a Neshta. – Respondeu, devolvendo o sorriso. Sentiu uma das sombras de Azriel passar por uma mecha do seu cabelo, e não pôde evitar olhar para ele. O olhar de Azriel era diferente do mestre espião, encantador de sombras ou instrutor. Ele sabia... sabia que ela o havia ajudado. Manteve os olhos fixos ao dele por alguns segundos, até sentir o seu coração apertar. – Até mais, Az. – Sussurrou para que só ele ouvisse, enquanto atravessava o salão com Emire e Mor.

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