Capítulo 19

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Azriel chegou ao Refúgio dos Ventos e sentiu náuseas. Ele odiava profundamente aquele lugar, mas odiou ainda mais ver Gwyn sendo tocada por outro macho. Todos olhavam para o mestre espião da Corte Noturna, curiosos pela sua rara presença.
– Az? – Disse Cassian enquanto Azriel se encaminhava até o grupo composto por Nestha, Emerie, Gwyn e um macho illyriano segurando a mão da sacerdotisa com um olhar extremamente curioso. Ele conhecia aquele olhar. Azriel tentou manter os seus passos lentos e pacientes, tentou manter o rosto neutro, mas suas sombras estavam agitadas e tudo nele gritava para que se aproximasse de Gwyn. Nossa, como ele tinha sentido falta de dela... dos seus cabelos avermelhados trançados, da leveza de sua postura, do cheiro que ficava mais forte a cada passo que ele dava. Azriel não tirou os olhos da sacerdotisa quando Cassian falou com ele, e o irmão acompanhou o seu olhar. Ele apenas acenou para Cassian, e continuo o seu caminho. Gwyn estava de costas, e ele sentiu uma surpreendentemente satisfação quando ela não se assustou ao ser tocada gentilmente por ele, como se reconhecesse o seu toque. Pela Mãe, ele também sentia falta de toca-la. A sacerdotisa o encarou com os olhos surpresos, mas não disse uma palavra. Azriel viu o exato momento em que o macho que segurava a mão de Gwyn notou a sua presença e rapidamente a soltou.
– Az, que surpresa. – Nestha foi a primeira a falar, enquanto Azriel mantinha o seu olhar preso ao de Gwyn, que parecia avalia-lo.
– Rhys não poderia vir hoje para levá-las de volta. – Mentiu o encantador de sombras, finalmente quebrando o contato visual com Gwyn. O macho que estava reunido com o grupo se afastou lentamente, e Azriel o encarou mais do que o necessário.
– Fico feliz em saber que você retornou inteiro, irmão. Ainda mais feliz em ser ignorado por você. – Disse Cassian ao se juntar ao grupo, lançando um olhar questionador a Azriel. Claro que o irmão estava confuso, ele havia levado Elain até Azriel dez dias antes, e agora ele tinha sido flagrado em um provável ataque de ciúmes com Gwyn.
– Não vi você, Cass. Me desculpe. – Cassian sabia que ele estava mentindo, mas não falou nada.
– Bom ver você, Az. Agora se vocês não se importam, minha loja precisa de mim. Vejo vocês daqui a 1 mês porque não acho que vou conseguir andar antes disso. Obrigada por isso, Cassian. Eu te odeio. – Disse Emerie, despedindo-se. Gwyn permanecia em completo silêncio, e Azriel se perguntou se não tinha exagerado.
– Podemos ir? – Perguntou Cassian.
– Na verdade, não acho que eu consiga atravessar com todos nós. – Mais uma mentira. Cassian olhou para os sifões do irmão, que brilhavam no mais puro azul.
– Você não se importa de voar, certo, Ness? – Perguntou o general.
– Não me importo. – Respondeu Nestha. Azriel viu o exato momento em que Cassian começou a arrastar Nestha para longe deles, porém, diferente do irmão, ela não parecia nada confusa. Logo, ele e Gwyn estavam sozinhos.
– Não me importo de voar. – Disse a sacerdotisa, finalmente quebrando o silêncio.
– Gostaria de levá-la a um lugar antes de retornar à Velaris. – A sacerdotisa assentiu, e ele se apressou em tira-los dali. A sensação de ter Gwyn novamente em seus braços produziu uma extrema satisfação, e Azriel prolongou o momento o máximo possível, até que eles chegaram a uma montanha específica que ficava entre Velaris e Illyria. Aquele lugar sempre foi especial para Azriel, pois representava a união perfeita de quem ele foi e quem ele havia se tornado. Era a unidade entre o menino assustado que foi largado em um acampamento illyriano, e o temido mestre espião da Corte Noturna. Aquele lugar era o retrato verdadeiro de si mesmo.

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