Capítulo 26

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Gwyn o deixou plantado na varanda da Casa do Vento, e Azriel se odiou por ser a causa da dor que viu nos olhos da parceira.
– Az? – Disse Cassian, tirando-o de seus pensamentos.
– Preciso de você, Cassian. – Respondeu antes de levantar vôo. O irmão o seguiu sem questionar e logo eles estavam em uma das montanhas nos arredores de Velaris. No momento em que pousaram, Azriel se colocou em posição de combate, e o irmão entendeu o recado. Ele precisava ocupar a mente. Cassian parecia entender completamente o conflito que Azriel vivia, pois não poupou um golpe sequer. Ele atacou sem conter a si mesmo, e enfrentou o irmão como se aquilo fosse de alguma forma consertar o que havia se quebrado. Eles lutaram por horas, levando a si mesmos ao limite, mas nunca sem desistir. A manhã parecia querer dar os primeiros sinais quando ambos caíram completamente exaustos e ofegantes.
– Você quer conversar? – Perguntou Cassian ao recuperar o fôlego.
– Gwyn é minha parceira, Cass. – Informou Azriel. – Mas eu estava confuso demais para notar que ela esteve bem na minha frente esse tempo todo, e estraguei tudo. – O irmão respirou fundo, e sentou-se ao lado de Azriel.
– Você a ama? – Ele virou -se para encarar Cassian, incapaz de acreditar na pergunta.
– Claro que eu a amo. Ela é minha parceira, você não ouviu? – Respondeu.
– Não quero saber se ela é sua parceira. Quero saber se você a ama apesar de ser sua parceira, não por causa disso. – Ele se manteve em silêncio por alguns segundos, refletindo sobre o que o irmão havia dito. – No final das contas, isso não significa nada, Az. Se Nestha não fosse minha parceira, eu continuaria amando-a com tudo que tenho. Ela poderia ser a porra de uma ninguém, e ainda seria tudo para mim. – Continuou Cassian, fazendo Azriel entender. "Isso não significa nada para mim quando eu tenho apenas metade de você." Foi o que Gwyn havia dito a ele.
– Eu não poderia evitar ama-la mesmo se quisesse, Cass. Meu dia começa apenas depois de ver aqueles olhos azuis. Quando vou a uma missão, quero retornar para ela. Não para casa, apenas para ela. Desde o dia que a vi no ringue durante a madrugada, não consigo dormir até verificar se ela está lá. Pelo Caldeirão, eu a amo a tanto tempo... – Disse Azriel, perplexo pela verdade de sua recente descoberta. Ama-la se tornou tão natural que ele não havia percebido que tudo começava e terminava com Gwyn. Cassian gargalhou, arrancando Azriel se seu devaneio.
– Bem vindo ao clube, meu irmão. – Brincou. – Ela precisa saber, Az. Precisa saber que você a ama porque você a escolheu, não porque o Caldeirão juntou vocês. O destino pode junta-los, mas amor é pura escolha. E preciso dizer, você precisa continuar escolhendo ama-la todos os dias.
– Quando você ficou tão sábio? – Provocou Azriel, se sentindo extremamente grato por ter o irmão ao seu lado.
– Eu sempre fui, vocês que nunca me ouviram. Agora vamos, estamos fedendo e você não vai reconquistar sua parceira com esse cheiro.

Era manhã e Gwyn não havia dormido absolutamente nada

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Era manhã e Gwyn não havia dormido absolutamente nada. A noite foi ocupada por lágrimas, murmúrios e alguns socos no travesseiro enquanto imaginava o rosto de Azriel.
– Você precisa levantar, Gwyneth. – Disse a si mesma. Droga, tudo que ela mais queria era passar toda a manhã enfiada entre os lençóis ignorando a dor que sentia no coração. Na verdade, ela já havia passado por esse estágio, e tudo que conseguia sentir no momento era raiva. Raiva de si mesma por não ter visto o que estava bem a sua frente. Raiva de Azriel por tê-la feito ama-lo tanto. Era mentira, ela sabia que era mentira. Nunca conseguiria odiar Azriel, mas podia fingir até que convencesse a si mesma. Ela iria no mínimo tentar.
– Gwyneth Berdara! Levante-se dessa cama agora mesmo. – Ela ouviu e deu um salto, deperando-se com Nestha e Emerie paradas a sua porta.
– O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou, recuperando-se do susto.
– Estamos aqui para evitar que você passe o rosto do dia deitada nessa cama. Vamos, coloque sua roupa de treino. Estamos atrasadas. – Disse Nestha.
– Eu estou aqui tentando ignorar o quanto odeio você nesse momento, Gwyneth. Como você pôde descobrir um parceiro e livrar -se dele em uma noite e eu só fiquei sabendo disso agora? – Resmungou Emerie, arrancando um sorriso de Gwyn.
– Sinto muito. Mas se faz você se sentir melhor, acho que todos estão na mesma situação. Não tinha como adivinhar que meu parceiro na verdade nunca me amou e estava apenas me usando como segunda opção. – Respondeu a sacerdotisa, tentando esconder a sua tristeza com um humor melancólico.
– Isso não é verdade, Gwyn. Você sabe disso. – Interveio Nestha.
– Eu não sei de nada. E você não pode estar tão certa sobre isso. – Disse Gwyn, virando-se para pegar o traje de combate que usava durante os treinos.
– Eu posso sim. Ele nunca amou Elain, por isso eu nunca me preocupei. – A menção ao nome de Elain a fez encolher um pouco os ombros. – Eu estive nesse lugar, Gwyn. Estive tão confusa e machucada durante tanto tempo que não consegui enxergar Cassian, mas sempre o amei. – Continuou a amiga.
– Nestha! Você deveria estar do meu lado, não do dele. – Disse a sacerdotisa.
– Estamos do seu lado! Até o fim. Mas não queremos que você se arrependa. – Interrompeu Emerie. Ela respirou fundo.
– Eu o amo demais, mas como posso ficar com ele se vou me questionar a cada segundo se estou vivendo uma mentira? Não posso fazer isso comigo. – Admitiu a sacerdotisa.
– Tudo bem! Nós entedemos e estamos com você. Não importa a sua decisão, estamos bem aqui. – Garantiu Nestha.

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