Capítulo 20

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Dias se passaram, e Azriel estava com sérios problemas em controlar a si mesmo e as sombras. Amava ver Gwyn fazer qualquer tipo de coisa. Desde vê-la beijar as palmas de suas mãos, até simplesmente observar a sacerdotisa ler um livro em completo silêncio era fascinante. A sua especialidade em manter o semblante neutro e guardar segredos se tornou um martírio, pois ao lado de Gwyn era praticamente impossível esconder o sorriso que sempre escapava de seus lábios, ou o ímpeto de suas sombras de dançarem em volta dela.
– Irmão, você precisa me dizer o que está acontecendo. – Disse Cassian, interrompendo o discreto olhar que Azriel mantinha em Gwyn durante o treino.
– Não sei do que você está falando, Cass. – Respondeu inocentemente, focando no novo grupo de sacerdotisas a sua frente. O irmão respirou fundo ao seu lado, mas Azriel não podia negar que pensou em perguntar a Gwyn algumas vezes o que estava acontecendo entre eles, apesar de gostar de manter em segredo a sua relação com a sacerdotisa. Depois do dia em que ela o beijou, eles estiveram juntos praticamente todos os dias nos treinos e em algumas noites em que passavam a madrugada conversando, até serem atingidos pelo cansaço. Nada além de pequenos toques. Gwyn sempre se despedia dele com um beijo em suas mãos, até que ele a puxava e depositava um beijo na ponta do nariz dela. Morria de medo de assusta-la, e queria deixar claro para Gwyn que não havia pressa. Eles caminhariam no ritmo dela.
– Tudo bem, Az. Estou acostumado com o seu jogo. Você finge que nada aconteceu, eu finjo que acredito. Quando você estiver pronto, estarei aqui. Não se esqueça. – Declarou Cassian, pousando a mão em seu ombro, e Azriel assentiu. Sempre foi assim. Rhys e Cassian respeitavam o seu tempo, e ele seria eternamente grato por ter os irmãos ao seu lado.
– Descansar! – Disse o general, indicando o fim do treino e o início do período de resfriamento. Em um movimento quase perfeito, as sacerdotisas jogaram-se no chão, exaustas.

– Gwyneth Berdara, estamos esperando você nos contar o que houve

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– Gwyneth Berdara, estamos esperando você nos contar o que houve. – Disse Emerie, imperativamente. A sacerdotisa sorriu, pois nos últimos dias Emerie vinha fazendo de tudo para descobrir o que estava acontecendo entre ela e Azriel, mas a verdade é que ela não sabia exatamente.
– Eu beijei ele. – Confessou baixinho, e viu o exato momento em que os olhos de Emerie se arregalaram, mas Nestha não parecia nada surpresa.
Finalmente. – Declarou Nestha, ganhando um olhar surpreso de Gwyn e Emerie.
– Você sabia? – Perguntou a illyriana, tão surpresa quanto Gwyn.
– Ele não para de sorrir sempre que olha para Gwyn. Nunca vi Azriel assim, nem mesmo com Mor. – Esclareceu Nestha.
– Mor? – Perguntou Emerie, confusa. Gwyn parecia uma mera espectadora naquela conversa.
– É muito estranho que você tenha notado tudo isso por causa de sorrisos, Ness. – Interrompeu a sacerdotisa, tentando manter a neutralidade.
– Estranho é você não ter percebido antes. Azriel não sorri com frequência, isso quer dizer muita coisa. – Respondeu Nestha, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Gwyn sentiu o coração acelerar. Gostava da ideia de ter os sorrisos de Azriel apenas para si. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Cassian e Azriel.
– A queda das estrelas será amanhã, então não teremos treinos. – Anunciou Cassian.
– E vocês duas estarão aqui. – Informou Nestha. Seria a primeira queda das estrelas em que Gwyn participaria fora da biblioteca, e ela não pôde evitar direcionar um rápido olhar até Azriel, que já estava com os olhos fixos nela.
– Estaremos lá. – Disse Gwyn, mas a mensagem era direcionada a Azriel.

Todas as noites anteriores a queda das estrelas, Azriel tinha o costume de voar o mais alto que podia e aproveitar o silêncio que o envolvia

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Todas as noites anteriores a queda das estrelas, Azriel tinha o costume de voar o mais alto que podia e aproveitar o silêncio que o envolvia. Era como se naquele momento, pudesse se libertar de seus medos, frustrações e traumas. Suas sombras o rodeavam livremente, e ele não precisava temer ser visto, até que o ar ficava pesado e ele iniciava a sua descida. Naquele dia, porém, não foi isso que o fez pousar. Pela primeira vez em centenas de ano, ele soube que havia algo muito melhor onde seus pés podiam tocar. Gwyn estava lá, com os olhos fixos no céu, como se mesmo sem vê-lo, soubesse que ele estava ali.
– Estava esperando por você. – Disse a sacerdotisa ao vê-lo pousar. Aquela frase era uma das melhores que Azriel já ouviu em toda a sua vida. Ele sorriu ao fechar as asas atrás de si e aproximar-se.
– Estou aqui. – Respondeu, a centímetros dela.
– Você está aqui. – Ela repetiu, colocando as mãos no rosto de Azriel, como se precisasse se certificar. Gwyn respirou fundo, e fechou os olhos, como se estivesse lutando contra algo.
– Fale comigo. – Pediu o encantador de sombras, acariciando o rosto dela.
– O que nós somos, Az? – Perguntou a sacerdotisa, encarando seus olhos com expectativa. Não havia outra resposta para a pergunta de Gwyn.
– Não sei o que nós somos, mas eu sou seu. – Revelou Azriel. Era a mais pura verdade. O sorriso que ela direcionou a ele foi o mais belo que ele poderia ter visto.
– Você vai me beijar? – Questionou Gwyn, ainda com o sorriso nos lábios. Ele passou o dedão pelo lábio inferior dela, e gentilmente deu uma leve mordida antes de beija-la de verdade. Azriel a puxou pela cintura, colando seus corpos um no outro. Ela afundou as mãos no cabelo dele, e abriu a boca, dando acesso à língua de Azriel. Ele iniciou lentamente sua exploração pela boca de Gwyn, e a cada toque de suas línguas, ela o recebia com vigor. O beijo foi se aprofundando, e quando Azriel notou, eles estavam encostados em uma das paredes da varanda. Ele soltou a boca de Gwyn, e depositou beijos em toda a mandíbula dela, descendo até o pescoço. A pele era macia e quente, e Azriel deu toda a sua atenção àquele espaço, ouvindo gemidos deliciosos de Gwyn, misturados a sua respiração entrecortada. O volume em sua calça já estava quase insuportável, e ouvir os ruídos de Gwyn não o ajudava em sua situação.
Azriel... – Disse a sacerdotisa com um fio de voz. Então, ele desceu uma das mãos até a parte de trás do joelho de Gwyn, e envolveu a perna dela em sua cintura, segurando firmemente a sua coxa enquanto voltava a sua atenção novamente à boca de Gwyn. Toda a timidez dela parecia ter sumido, e Gwyn o puxava cada vez mais para perto, mesmo que fisicamente fosse impossível. Então, como se tivesse acabado de acordar de um sonho, Azriel se lembrou de onde eles estavam e desacelerou o beijo. Não podia. Não podia ter pressa com Gwyn. Não podia ser assim. Ambos estavam com as respirações pesadas, e ela continuava segurando-se a ele. A visão de Gwyn com os olhos escuros de desejo e os lábios inchados, seria para sempre a sua preferida. Ele colou sua testa na dela, e respirou fundo.
– Não quero ter pressa. – Disse Azriel.
– Bom, você deveria ter dito isso antes, porque agora provavelmente não vou conseguir dormir. – Respondeu Gwyn, e ele não pôde conter uma gargalhada.
– Pelo menos ficaremos os dois acordados. – Provocou Azriel, puxando-a para um abraço.
– Podemos ficar acordados juntos, o que você acha? – Propôs Gwyn, com o rosto apoiado em seu peito.
– Não sei se tenho controle suficiente para aceitar a sua proposta. Além disso, temos tempo. – Respondeu o encantador de sombras. Ele sentiu quando Gwyn sorriu em seu peito.
– Você tem razão. Temos tempo... – Ele ficaram ali, abraçados em completo silêncio, e Azriel teve certeza que jamais de cansaria daquela sensação. Pela primeira vez na vida, tudo que ele queria era tempo.

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