Quando Azriel achou que as lágrimas que viu nos olhos de Gwyn haviam quebrado tudo que existia dentro dele, ela o tocou. Gwyn o envolveu com os braços e enterrou o rosto no peito de Azriel. Ele ficou completamente imóvel, mas a proximidade de Gwyn era inebriante, então, colocou os braços em volta dela e apoiou o queixo em sua cabeça, absorvendo o seu cheiro.
– Eu conheço a sua dor, Az. – Ela disse, com o rosto apoiado em seu peito. – Quando você me encontrou naquele dia, em cima do parapeito... Eu disse a mim mesma e a você que só estava olhando a cidade. Mas a verdade é que eu estava tão cansada de sofrer, de me sentir suja e indigna que parecia mais fácil apenas acabar com aquele sentimento. Você me disse que salvar a minha vida foi uma das coisas mais dignas que você fez. Não foi apenas em Sangravah que você me salvou. As suas palavras me salvaram também. – Ele estava completamente hipnotizado pelas palavras de Gwyn e pela sensação de tê-la em seus braços. – A forma como você olha para as suas mãos, é a mesma forma que eu me olhava no espelho. Mas preciso lembrar a você que foram as suas mãos que me salvaram. – Ter Gwyn ali, tão perto, fez com que ele quisesse se aproximar ainda mais dela. Não era uma sensação física, e tudo dentro de Azriel gritava para que ele fizesse o que nunca havia feito com ninguém. Então, ele decidiu falar.
– Meu pai e meus irmãos fizeram coisas horríveis comigo e com minha mãe. Sei que não tive culpa pelo que eles fizeram comigo, mas sou culpado de quem eu me tornei. Eu não pude salvar minha mãe, e as cicatrizes... elas são uma lembrança de quem eu não quero ser. Não quero ser como eles. Mas isso não me torna bom. Eu só estou... cansado. – Ele podia sentir a tensão de Gwyn, mesmo sem olhar em seu rosto. Ela o soltou e a ausência de seu toque foi quase dolorosa. Azriel achou que ela finalmente se afastaria dele, mas jamais poderia prever o próximo movimento de Gwyn. Ela segurou suas mãos novamente, ambas com as palmas para cima, e depositou um gentil beijo em cada uma delas. Azriel arregalou os olhos, completamente perplexo. Gwyn parecia com a primeira brisa de sol que ele sentiu após anos mantido naquele quarto escuro na casa de seu pai. Ele levou uma das mãos até o rosto dela e o acariciou, passando o dedão pelo lábio inferior de Gwyn, ela sorriu e o encantador de sombras se deu conta de que nada poderia impedi-lo de sentir o que sentia, nem mesmo ele próprio.
– Obrigado. – Foi tudo que conseguiu dizer.
– É isso que os amigos fazem. – Ela respondeu, e Azriel notou um pequeno divertimento em sua voz, apesar da lágrima que havia acabado de escorrer pelo rosto de Gwyn. Ele beijou a bochecha dela, no exato local em que a lágrima deixou um rastro molhado. Ela pareceu surpresa, mas o sorriso que estampou o seu rosto era verdadeiro.
– Você não vai me deixar opção além de ser seu amigo, não é mesmo? – Perguntou, aproveitando o momento.
– Sinto muito, Az, mas não posso evitar ser sua amiga. – Ele sorriu tão intensamente quanto ela.
– Ótimo, porque eu não quero deixar de ser seu amigo. – Uma de suas sombras afastou o cabelo de Gwyn do ombro, dando a Azriel a visão de seu lindo pescoço. Ele respirou fundo, controlando a si mesmo.
– Fico feliz em saber. – Naquela noite, ele deu a Gwyn diversos pedaços de si mesmo e ela o recebeu com sorrisos encantadores e olhos gentis.
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Corte de Segredos E Beleza
FanfictionGwyn e Azriel são duas almas feridas e incapazes de enxergar o valor de suas vidas. A partir de uma jornada de cura e amizade, eles irão encontrar um no outro o necessário para vencer os traumas do passado. Gwyn enfrenta os seus traumas pessoais e...