Gwyn e Azriel são duas almas feridas e incapazes de enxergar o valor de suas vidas. A partir de uma jornada de cura e amizade, eles irão encontrar um no outro o necessário para vencer os traumas do passado.
Gwyn enfrenta os seus traumas pessoais e...
Naquele dia Gwyn estava extremamente apreensiva para o treino. Não sabia o que Azriel diria a Nestha, ou se o encantador de sombras apareceria naquela manhã. Mas ao passar pelo arco que dava acesso ao ringue, tudo parecia normal. Cassian e Azriel conversavam em um canto, Nestha e Emire estavam em outro, enquanto algumas sacerdotisas estavam na estação de água. – Bom dia. – Disse desconfiada. Todos olharam para ela, como se sua saudação tivesse saído alto demais. Será que ela estava tão nervosa que não tinha nem controle sobre a própria voz? – Por que você sempre chega atrasada? – Provocou Emire. – Na verdade eu não estou atrasada, apenas sou extremamente pontual. Nem um minuto antes nem depois. – Esclareceu enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo. – Gwyn! – Disse Cassian ao se aproximar do grupo, seguido por Azriel que lhe lançou um sorriso. – Espero que o seu raciocínio se aplique os exercícios. 150 socos em sequência. Nem a mais nem a menos. – Declarou ele, usando as suas próprias palavras contra ela mesma. Gwyn revirou os olhos. – Ele sabe dar bom dia? – Provocou Gwyn, dirigindo-se a Nestha. – As vezes eu tenho as minhas dúvidas. – Respondeu. – Chega de papinho. Emire, flexões. Nestha, agachamento. Gwyn, socos. Agora! – As três reviraram os olhos, mas se dirigiram à sua área de treinos. Cassian vinha constantemente lembrando-as da importância da resistência física. Gwyn estava no soco de número 78 quando sentiu Azriel se aproximar lentamente. – Vejo que você aprendeu. – Disparou. Lembrando-a do dia que a corrigiu. – Eu tenho aprendido muitas coisas, Azriel. – Respondeu um pouco ofegante. Ele levantou as duas sobrancelhas. – Vejo que espionagem é uma delas. – Nesse momento, Gwyn parou abruptamente e olhou em seus olhos. Tinha acabado de ter uma ideia. Completamente maluca, mas era uma ideia. Refletiu por alguns segundos, e então decidiu-se. Sim! Ela queria fazer aquilo. Precisava fazer aquilo.
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Azriel viu o momento exato em que Gwyn mudou sua expressão e todo o seu corpo ficou rígido. Ela olhava em seus olhos, mas não o estava vendo-o de fato. De algum modo, Azriel sabia exatamente o que ela iria dizer e um arrepio passou pelo seu corpo. – Não! – Declarou antes que ela pudesse sugerir. Gwyn pareceu sair do seu devaneio e voltou a encara-lo. – Você nem sabe o que eu ia dizer. – Disse, confiante. – Sei exatamente o que você ia dizer. Não me pergunte como, mas eu sei. E a resposta definitivamente é não. – A medida que ele falava o sorriso dela só aumentava. – Azriel... – Ela começou, mas ele automaticamente começou a balançar a cabeça em um movimento negativo. – Eu gostaria de ir em uma missão com você. – Azriel odiou ouvir aquelas palavras, todo o seu corpo estremeu. – Não existe a mínima possibilidade disso acontecer, Gwyn. – Ele usou o seu tom mais frio, e ela recuou um pouco. O sorriso de Gwyn havia sumido, e existia uma seriedade em seu rosto. Ela não o respondeu, apenas voltou o seu exercício de socos. Ele se odiou profundamente ao usar aquele tom de voz com ela, mas não podia permitir. Mais do que ninguém, Azriel sabia como era essa vida e o peso que carregava dia após dia. Gwyn o olhava diferente, como se ele não fosse um assassino. Como se ele valesse a pena. Não poderia imaginar a forma como ela passaria a vê-lo se um dia testemunhasse os horrores que já havia cometido. Não poderia suportar a ideia de que Gwyn carregasse o peso que ele carregava.
