Capítulo 2

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Victória Parker


Voltar para casa depois de perder minha família, foi o momento mais turbulento da minha vida. Ver cada item pessoal dos meus pais, a casa vazia, não ouvir mais a voz de ambos era como se eu tivesse algo cravado em meu coração. O que seria de mim? como eu viveria sem meu porto seguro?

Meus vizinhos e as pessoas conhecidas me abordavam e sempre com a mesma conversa, "meus sentimentos". Já não conseguia reagir, Julie e sua mãe Julieta estiveram ao meu lado a todo tempo. Era bom ter conforto, mas o conforto não vinha.

As aulas já não tinham graça, só pensava que agora eu era sozinha e já não tinha ninguém. Mas me lembrei das palavras da minha mãe, que eu sou uma garota forte. Agarrada em suas palavras me forcei a dar o melhor de mim, mesmo não aguentando de tanta dor e sofrimento. Eu sabia que a dor diminuiria mas jamais me deixaria.

Com todos os acontecimentos, quase não voltava para casa. Me comunicava mais com Julie por celular, ou as vezes ela me visitava para sairmos juntas. 

___ Amiga vamos na Fenix, essa boate é a mais badalada de todas. Vai ter vários gatinhos, e o mais importante ricos. - Julie deu ênfase no rico, Julie só dava chance a caras ricos. Ela sempre dizia que um dia fisgaria um rico para bancar tudo o que ela merece. Eu nunca me apeguei a isso, o importante que a pessoa seja de bom caráter e que seja trabalhadora.

___ Não curto esses lugares Julie, e você sabe bem.

___ Deixe de ser careta Vic, já está na hora de beijar alguém. Ou dizendo melhor já passou da hora.- Fala fazendo careta.

Eu não queria beijar só por beijar, queria estar com alguém que eu amasse e que estivesse em um relacionamento sério. Não como Julie que pegava geral.

___Melhor não.- Falo convicta

___ Você está muito chata! está bem, vou sozinha não sabe o que perde.- diz e sai rumo a sua diversão.

Suspiro aliviada, prefiro ficar com meus livros e series. As vezes as criticas de Julie me incomodam, e não entende que temos pensamentos diferentes. Mas acabo deixando para lá, ela sempre deve esse temperamento avoado. 

E sem perceber o tempo foi se passando, e eu já estava no penúltimo período da faculdade. O que o tempo veio as surpresas da vida. Conheci um rapaz muito bonito chamado Peter, ele era do ultimo período de administração. Nós conhecemos por acaso em um dos simpósios, já não tinha lugares disponíveis o único lugar que achei era ao seu lado. Quando me sentei, o que me chamou a atenção foi seus lindos olhos azuis. Peter foi super gentil comigo, puxou assuntos sobre as palestras e quando vimos já estávamos no segundo encontro.

No terceiro aconteceu o nosso primeiro beijo, e posso dizer que foi mágico. Ele era muito responsável, educado e amoroso. Eu tinha achado o meu número, e antes que podia imaginar eu estava completamente apaixonada. 

Os seus pais eram ótimas pessoas e sempre me tratavam como uma filha. Peter era filho de Kennedy Mckellen, um famoso jogador de futebol aposentado. Seu pai possui a maior rede de produtos esportivos, e com isso assim que Peter formasse assumiria a empresa de seu pai.

Sempre saiamos para correr juntos ou até mesmo estudar. Quando contei a Julie, senti que sua reação um pouco estranha mas logo pensei que era coisa da minha cabeça. Toda vez que falava do meu namorado, ela fazia questão de falar que eu ganhei na loteria por conseguir um homem rico, pois ele caiu de paraquedas no meu colo. Aquele dia fiquei muito chateada com ela e acabamos discutindo, ao passar dos dias ela se desculpou e voltamos a nos entender.

A minha formatura tinha chegado e foi dia mais feliz da minha vida, Peter e seus pais estavam na primeira fileira juntamente com Julie que ficou encantada com Peter. Como eu queria que meus pais estivessem comigo nesse momento tão importante, esse era só o primeiro passo rumo a vitória.

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Peter já era ceo da empresa de seu pai e mesmo sendo ocupado sempre arrumava um tempo para nós. Eu trabalhava na parte administrativa de  uma renomada joalheria, meu namorado gostava de me surpreender e me buscar. Naquele dia, fomos jantar em um ótimo restaurante.

__ Eu adorei a surpresa, Peter- Falo

__ Que bom que gostou, meu amor!- Diz e em seguida me beija

Estar com Peter era um sonho, sempre sonhei em estar com alguém que me completasse. E finalmente encontrei, eu o amava demais. Nosso relacionamento eram de puro amor e cumplicidade, cada vez mais estávamos unidos.

Quando completamos um ano e meio de namoro, ficamos noivos. E cada vez mas sentia minha amiga distante, até ela me abordou. Pedindo ajuda para conseguir uma vaga de emprego, onde eu trabalhava. Fiquei feliz por finalmente minha amiga tomar juízo. 

Julie conseguiu a vaga de emprego, e era uma ótima funcionária. Com isso, ficamos próximas novamente. As vezes ela saia comigo, Peter e amigos em comum.

Até que o pior dia da minha vida aconteceu, surpreendi Julie e Peter aos beijos na cobertura do meu namorado. Foi a maior decepção da minha vida, a minha melhor amiga e o homem em que amava e confiava tinham me traído da pior forma possível. Depois daquele dia, jurei nunca mais amar e ser feita de trouxa. Eu seria uma numa Victória que não confiaria em mais ninguém.

Só o que eu não imaginava que Julie me trairia duas vezes. No dia seguinte no trabalho, fui acusada de roubo. Colocaram peças muito caras na minha bolsa, peças que somente eu e a dona da joalheria tínhamos acesso a senha. E logo minha ficha caiu, várias vezes Julie me viu digitando a senha. Só poderia ser ela, mas eu não tinha provas concretas para incrimina-la, além do que Julie e a Britney a dona se tornaram muito amigas, Julie era a funcionaria exemplar e simpática ninguém acreditaria em mim. 

Fui presa e por lá fiquei por dois anos, um advogado pró bono pegou o meu caso e conseguiu me tirar da prisão. Eu sempre serei grata pelo Dr. Ferrari, se não fosse por ele estaria mofando na cadeia. Na penitenciaria eu fiz um curso de criação de joias, oferecido por uma ONG e com essa oportunidade eu sabia o que eu queria.

Eu queria um recomeço, mas isso seria possível longe de Nova Iorque. Vendi a casa dos meus pais e me mudei para Chicago. Foi muito difícil conseguir emprego, com meus antecedentes ninguém me daria uma oportunidade.

Felizmente conheci um anjo em minha vida, a Sra. Anastácia possuía uma pequena joalheria. Contei toda a minha história, e ela me deu uma oportunidade de emprego. Além de atender, eu a ajudava a criar peças exclusivas. Com o tempo a joalheria cada vez mais prosperava, até que a Anastácia me ofereceu sociedade. Eu não tinha dinheiro para pagar uma parte a ela, mas mesmo assim ela insistiu e me disse que eu a pagaria quando pudesse e eu aceitei.   


A CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora