Capítulo 13

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Victória Parker


Henry se aproxima, e sinto sua respiração perto do meu rosto. Como um ímã, nossos olhos se encontram e, inevitavelmente, nossas bocas se unem em um beijo. Sinto como se milhares de fogos de artifício estivessem estourando ao redor de nós. Borboletas dançam na minha barriga enquanto experimento um misto de emoções. É um beijo calmo, cheio de reconhecimento mútuo. Parece que o tempo parou e estamos apenas nós dois naquela bolha, onde tudo é perfeito.

Nos separamos por falta de ar, e ao me dar conta do que fiz, me afasto de Henry. Vejo confusão em seu semblante.

__Isso não podia ter acontecido.- Falo ansiosa. Henry se aproxima.

__Victória... -Mas interrompo

__Não, Henry, isso foi um erro.

Henry me olha triste e diz: 

__Entendi, sou apenas um funcionário. Vou me colocar no meu lugar.

Antes que eu possa falar mais alguma coisa, Henry sai da sala, sem me deixar explicar. Ele entendeu tudo errado. Mas me convenço de que é melhor ele pensar assim. Então ele se afastará de mim. Não posso me envolver com ninguém, não quero me machucar novamente.

Sinto um aperto no peito, uma tristeza profunda, ao ver Henry sair da sala. 

Por mais que eu tente convencer a mim mesma de que é melhor assim, não consigo evitar o sentimento de arrependimento. Uma parte de mim quer correr atrás dele, explicar o que realmente aconteceu, mas outra parte teme as consequências de me abrir novamente para o amor. É uma batalha interna entre a razão e a emoção, e no momento, a dor da possibilidade de perdê-lo é avassaladora.

Decidida a seguir em frente e esquecer Henry, concentro-me completamente no meu trabalho. É a melhor maneira de distrair a mente e afastar os pensamentos sobre ele. A cada tarefa realizada com sucesso, sinto uma pequena sensação de alívio e orgulho. O trabalho nunca me decepciona, e sei que posso confiar nele para me manter ocupada e focada. Esta será minha prioridade agora, deixando o passado para trás e olhando para o futuro com determinação.

Marie bate na porta e entra. Com um ar tímido, ela me pede um favor, revelando que não tem muitas amigas. Ela pede minha ajuda para escolher um vestido, pois terá um encontro hoje à noite. Sorrio para ela e concordo em ajudá-la, percebendo que também estou precisando de uma distração. Decido encerrar o trabalho mais cedo e a acompanho até o shopping. Juntas, passamos um tempo divertido escolhendo o vestido perfeito para o grande encontro de Marie.

A loja em que fomos tinha muitas opções, e finalmente escolhemos um vestido que realçou a beleza de Marie. Decidimos fazer um lanche na praça de alimentação, e lá Marie me revela que terá um encontro com Kevin, meu segurança. Fico muito surpresa com a revelação, pois Kevin sempre foi muito discreto.

Deixo Marie em casa e sigo dirigindo para a minha, sendo seguida pelos meus seguranças. Chego em casa e me aproximo de Kevin.

__Kevin, você pode se retirar mais cedo hoje. Vá para casa e se apronte para seu encontro

Kevin fica um pouco tímido e vermelho. Eu sorrio e continuo:

__Não precisa ficar com vergonha. Só peço uma coisa: cuide de Marie, ela vale ouro.

Kevin sorri e responde:

__Obrigado, senhora. Com toda certeza, não se preocupe.

Eu sorrio de volta.

__Não precisa me chamar de senhora. Apenas Victória. Te considero um amigo e não um funcionário.

Kevin assente, um pouco constrangido, e me afasto.

Os próximos dias se passam e, conforme decidi, foco completamente no meu trabalho. Henry só fala comigo sobre trabalho o tempo todo e de maneira séria. Sinto-me confusa, mas como culpá-lo? Fui eu mesma que coloquei limites.

O encontro de Marie daquele dia foi um sucesso. Ambos estão apaixonados e isso é visível a quilômetros de distância. Eles formam um lindo casal, e quem ficou com ciúmes foi Henry, já que Marie é como uma irmã mais nova para ele. No entanto, tenho certeza de que ele vai se acostumar. Kevin é uma pessoa muito boa e íntegra, e estou feliz em vê-lo encontrando felicidade ao lado de Marie.

Decido andar pela empresa, ao ver Henry tomando café com Sabrina, sinto uma onda de raiva me invadir. O que mais me irrita é vê-los sorrindo e conversando tão próximos. Sem pensar direito no que estou fazendo, me aproximo deles.

 __A conversa deve estar muito boa, já que se esqueceram de seus afazeres.

Henry se levanta e responde: 

__Senhora Victória, estamos no horário do café, ainda temos cinco minutos.

Suas palavras me deixam ainda mais irritada, como se ele estivesse me desafiando e defendendo sua proximidade com Sabrina. Ignorando sua explicação, continuo: 

__Não me interessa. Quero que você faça o relatório que te pedi e quero na minha mesa até o fim do dia.

Sem dar chance para ele responder, saio andando. Os funcionários me olham com surpresa e ao olhá-los um a um, eles vão saindo da minha frente, dirigindo-se aos seus postos. 

Ao passar por Marie, percebo seu olhar confuso. Ao entrar em minha sala e bater a porta com força, começo a andar de um lado para o outro, sentindo uma sensação sufocante. Não consigo entender o que está acontecendo comigo. Por que agi daquela forma? Por que estou tão perturbada? Essas perguntas ecoam em minha mente enquanto tento compreender a intensidade das minhas emoções.

No fim do dia, Henry me entrega o relatório que pedi, sem nem mesmo me olhar nos olhos, e logo sai da minha sala. Exausta emocionalmente, coloco minha cabeça na mesa. Sinto-me envergonhada pela forma como o tratei na frente de todos. Henry não merecia esse tratamento. Sinto-me como uma megera. As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto enquanto luto com a culpa e o remorso pelo que fiz.

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