Capítulo 14

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Victória Parker


Eu estava na cozinha da minha casa com Camila, minha amiga mais próxima. Estávamos lanchando e aproveitando um momento de descontração. A minha governanta, Margareth, estava presente, organizando o espaço e garantindo que tudo estivesse em ordem.


Camila percebe minha expressão e me pergunta com preocupação: 

__Aconteceu alguma coisa, Vic? Tenho notado você estranha esses dias.

Suspiro profundamente, sentindo-me grata por ter uma amiga tão atenciosa. 

__É complicado, Camila. Tenho passado por alguns desafios no trabalho e as coisas estão um pouco turbulentas ultimamente.- respondo, hesitante.

Margareth, minha governanta, também nota minha tristeza e se aproxima. 

__Não quero me intrometer, minha menina, mas você está com uma carinha muito triste esses dias. O que está acontecendo, meu amor?

Sinto-me tocada pela preocupação sincera de Margareth. 

__Não sei explicar ao certo, mas me sinto diferente. Tenho me comportado de forma que nunca fiz antes.- admito.

Camila, sempre perspicaz, percebe algo mais e pergunta: 

__Como assim?

Respiro fundo e, no final, acabo revelando: 

__O Henry, meu assistente, estava conversando com uma das minhas funcionárias, e não sei o que me deu. Fiquei irritada e acabei sendo grosseira com ele. Não sei o que me deu, não sou assim.

Camila fica surpresa e fala sorrindo: 

__Amiga, você está com ciúmes de Henry.

__Quê? Ciúmes? Claro que não.- nego nervosa.

__Victória, sou vivida, minha filha. Camila está certa, você está com ciúmes do rapaz.

__Não é ciúmes, é apenas um incômodo.- insisto.

Camila e Margareth sorriem, me olhando com entendimento. Camila continua: 

__Tem mais alguma coisa que você não está nos contando.

__Não é... que... começo a dizer, mas logo percebo que não adianta esconder mais. Suspiro e por fim decido falar: 

__Eu e o Henry nos beijamos.

Camila e Margareth arregalam os olhos, surpresas com a revelação.

Camila não consegue esconder seu entusiasmo: 

__Isso é incrível, está na cara que você sente algo por Henry.

__Não sei, Camila. É tudo tão confuso.- murmuro, sentindo-me vulnerável diante da situação.

Margareth coloca a mão em meu ombro com carinho. 

__Querida, às vezes é difícil compreender nossos próprios sentimentos. O importante é ser sincera consigo mesma e seguir o que o seu coração diz.

Abrir meu coração era uma tarefa difícil. Sentia-me perdida, como se estivesse indo contra tudo em que acreditava. Já me machuquei tanto no passado que tenho medo de me arriscar novamente. As lembranças das feridas antigas ecoam em minha mente, reforçando a cautela e a hesitação em dar um passo adiante. No entanto, uma parte de mim anseia por algo mais, por uma conexão genuína e por abrir espaço para o amor em minha vida. É um conflito interno que me consome, deixando-me em um estado de indecisão e incerteza.

Ao revelar a Camila e Margareth que eu disse a Henry que o beijo foi um erro, também compartilho que ele entendeu errado, achando que eu não o queria por ele ser um funcionário. Explico que, na verdade, não me importo com isso, apenas quis afastá-lo por medo de ter o coração quebrado novamente.

Camila e Margareth me ouvem atentamente, e depois de um momento de silêncio, Margareth coloca gentilmente a mão em meu ombro e diz com voz serena: 

__Querida, é normal ter medo e inseguranças, mas não é normal deixar isso guiar sua vida e impedir que você seja feliz.

Camila concorda com um aceno de cabeça. 

__Você não pode deixar o medo controlar suas escolhas, Vic. Às vezes, é preciso correr o risco de se machucar para encontrar a verdadeira felicidade.

Sinto um aperto no peito ao ouvir suas palavras, sabendo que elas estão certas. No entanto, é difícil superar décadas de autoproteção e abrir meu coração para a possibilidade de dor. 

(...)

A situação na empresa continuava a mesma, com Henry mantendo sua postura profissional como sempre. Como forma de me desculpar pelo ocorrido, comprei um café do Starbucks e donuts para ele. No entanto, descobri que Henry recusou o café e deu para Sabrina. Essa descoberta me deixou profundamente triste e decepcionada.

 Parecia que meu coração sangrava naquele momento. Apesar de tentar disfarçar minha tristeza, Marie notou meu estado e me perguntou se eu estava bem. Coloquei um bom sorriso no rosto e disse que sim, mas por dentro estava em pedaços. Surgiram uma série de questionamentos em minha mente: Será que Henry está com Sabrina? Por que ele me beijou? Eram tantos porquês que me atormentavam, deixando-me confusa e vulnerável.

No fim do expediente, eu e Henry acabamos entrando no mesmo elevador. Um clima meio pesado pairava no ar, e era palpável a tensão entre nós. O silêncio dentro do elevador era ensurdecedor, e eu me sentia desconfortável com a situação. Evitava olhar para Henry, pois não sabia como lidar com toda essa carga emocional que pairava entre nós. Cada segundo parecia uma eternidade, e eu mal podia esperar para sair dali e respirar um pouco de ar fresco.

Senti o elevador parar abruptamente, deixando-me assustada. Um sobressalto percorreu meu corpo enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo.

Minha voz saiu trêmula enquanto expressava minha preocupação: 

__Ai meu Deus, não acredito que o elevador parou! E agora?

Henry percebeu minha aflição e tentou acalmar os ânimos: 

__Fique calma, vou acionar o botão de emergência. Logo alguém nos tirará daqui.

Agradeci com um aceno de cabeça, tentando controlar minha respiração acelerada. Observando Henry pressionar o botão de emergência, senti um leve alívio ao saber que logo receberíamos ajuda. No entanto, o tempo parecia passar lentamente enquanto aguardávamos a assistência chegar. 


A espera estava se tornando angustiante, e minha voz saiu falha quando finalmente expressei: 

__Isso está demorando muito.

Percebendo meu desconforto, Henry se aproximou e segurou minha mão com gentileza. Seus olhos encontraram os meus, transmitindo uma calma reconfortante. 

__Ei, olha para mim.- ele disse suavemente. 

__Respira fundo, inspira bem profundamente e solta o ar em seguida.

Segui suas instruções, focando na respiração, e aos poucos senti a tensão começar a diminuir. Involuntariamente, nos aproximamos ainda mais, nossos rostos quase se tocando. Senti sua respiração no meu rosto, meu coração acelerando como tambores, minhas mãos ficando suadas.

Nossos narizes quase se tocaram e, antes que o beijo se iniciasse, o elevador voltou a funcionar, nos tirando daquela bolha de tensão e emoção contida. 

Após sairmos do elevador, desejamos uma boa noite um para o outro e seguimos para nossos respectivos carros. Entrando no meu veículo, admiti para mim mesma algo que vinha lutando para aceitar: estava apaixonada por Henry. Esse reconhecimento me assustou profundamente, pois nos conhecíamos há apenas alguns meses, e mesmo assim, me vi completamente envolvida por ele. Percebi que o tempo para se apaixonar não pode ser medido; simplesmente acontece, independente de quanto tempo conhecemos alguém. 

A CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora