CAPÍTULO 4

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      O sol iluminava meu rosto em meu quarto enquanto olhava para o teto. Fazia uns 15 minutos que estava na mesma posição, de barriga para cima com os braços cruzados embaixo da cabeça. Pensava em tudo o que já havia se passado, principalmente nos treinamentos e na limpeza dada especialmente para mim. Os dias passavam depressa no quartel, por conta que tínhamos pouco tempo livre para relaxar, mas quando essas brechas aconteciam eu aproveitava para me deitar na grama ao sol e observava o vento levar as nuvens sem rumo algum. Algumas vezes acabava dormindo e acordando com alguém me chamando para entrar, e outras vezes pensava se tinha tomado realmente a decisão certa ou de como seria minha vida se meu pai ainda estivesse presente.

Flash Back
     - Aposto que consegue adivinhar com o que se parece aquela nuvem ali! -

     - Mas é claro papai! É um sapo, obviamente! - digo eu convencida deitada ao lado de meu pai no vasto gramado que se estendia por alguns quilômetros formando uma planície com pequenas gramíneas e flores coloridas.

     - Errou, é um coelho... - faço uma careta procurando o coelho que não via na nuvem. Meu pai vira a cabeça para mim e provavelmente de ver minha expressão solta uma pequena risada - Veja ele possui duas orelhas grandes e um pequeno rabinho naquela região - diz ele apontando para que eu veja a nuvem como ele, mas...

     - Para mim ainda é um sapo! - digo um pouco revoltada e ele soltando uma gargalhada volta o olhar novamente para o céu.

     - E aquela filha? Com o que se parece? - Ele aponta para uma nuvem grande que tinha um formato estranho parecendo...

     - Um espetinho! Daqueles que vendem na praça principal! - digo eu empolgada com a certeza da minha resposta correta.

     - Eu vejo um cristal... - diz ele com a voz suave que ganhava quando lembrava de suas aventuras.

     - O que é um cristal papai? - pergunto certas dúvidas.

     - Um cristal? É uma das coisas mais lindas que eu já vi - Ele solta um suspiro antes de continuar - Eu não sei nem como descrevê-lo, mas eu tive uma aventura onde vi milhares deles, era um visão tão magnífica que não consigo expressar em palavras.

     Suas palavras apenas saíram de sua boca como um rio de paixão. Parecia que ele não estava mais ali, pelo menos não sua mente. Soltando um suspiro, ele fica completamente imóvel e depois de um tempo esperando alguma reação sua um desespero me percorre e o sacudo com toda a força que tenho procurando acordá-lo.

     - Calma filha eu estou bem! - diz ele sentando-se na grama já que eu também havia levantado - Um dia você vai vivenciar maravilhosas experiências que irão marcar sua vida para sempre. Sem medo e sem arrependimento!

     Volto ao presente com batidas incessantes na porta do meu quarto.

     - Quem é? - solto um berro e ouço a voz do Jean pelo outro lado - Entra! - anúncio sentando na cama.

      - Vem logo! Hoje nós vamos escolher os cavalos, só está faltando você. - diz Jean ficando ao pé da porta.

     - E por acaso você é o meu príncipe encantado que irá me acompanhar a essa nobre ocasião? - sua expressão vai de imparcialidade para quase um engasgo. Dou risada e passo por ele começando a andar pelo corredor.

     - Eu sou um soldado, não um principezinho! - anuncia ele correndo atrás de mim e eu ria ainda mais alto.

     - Então eu sou uma das tortas que o capitão faz na janta. - irritando-o um pouco mais para diversão.

     Jean era um garoto legal, mas era fresco até o último fio de cabelo. Muitas vezes ficava se lamentando por ter escolhido o Reconhecimento ao invés da Polícia Militar. Uma pena que não existiam trocas de batalhão. Continuamos andando e conversando agora tranquilamente até chegar ao estábulo.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora