CAPÍTULO 43

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    Mais dias se passaram e eu já estava novamente ativa. Muitos me cumprimentam com olhares baixos e outros me abraçavam se desculpando. Essa atitude não mudava e me irritava. Eu entendia as ações de todos considerando o que eu passei, mas eu apenas queria voltar ao treinamento e mostrar que estava mais forte do nunca. Com exceção de um único fator: não conseguia ver Levi. Ter que encara-lo e conviver com ele todos os dias se assemelhava a tortura na masmorra. Os treinos com ele eram sufocantes e ainda mais as reuniões. Muitas vezes queria sair correndo e outras vezes provar a ele que os seus sentimentos eram o suficientes para mim.

    - Muito bem soldados! - A voz de Runan me tira dos meus pensamentos. Ele não era do nosso esquadrão, mas desde que entrou na tropa se mostrou muito valioso com suas técnicas de luta corpo a corpo.

    Andavamos tendo treinamentos especiais com ele para podermos relembrar daquilo que aprendemos na divisão de treinamento e aprender golpes e truques novos que podem ser usados caso haja novamente outra tentativa de golpe de estado.

    - Eu vou selecionar dois soldados que lutarão entre si aplicando a nova técnica que ensinei - Ele passa os olhos por todos nós, desde a comandante até o capitão Levi que se aproveitaram da aula para adquirir novos conhecimentos de batalha. - Capitão Levi e Mikasa Ackermann.

    Ambos saem da fila em que se encontravam todos os soldados e ficam frente a frente com o soldado Runan.

    - Eu quero uma luta justa. Derrubem ou imobilizem o inimigo.

    Runan faz um sinal e os dois lutadores se posicionam um na frente do outro com os joelhos levemente flexionados e os punhos levantados. O nosso juiz dá o sinal, mas nenhum deles avança. Eles andam em círculo mantendo a distância entre si. Cautelosos. Esperando o adversário atacar e dar o bote, mas nesse ritmo um se cansará e avançará quebrando a dança circular que faziam.

    A que se mostrou impaciente foi Mikasa avançando em direção a Levi desferindo um soco que ele para com o seu braço. Rapidamente com a outra mão joga o braço estendido de Mikasa para baixo a desequilibrando permitindo que um chute seu voasse em direção a cabeça dela. Acredito que, pelos instintos, o reflexo de Mikasa foi rápido o suficiente para se abaixar desviando do chute. Com isso uma abertura para sobre o abdômen de Levi. Outro soco dela se direciona, mas o baixinho se posiciona perfeitamente permitindo um chute frontal em sua barriga. Mikasa se encolhe no chão como um feto derrotada.

    - Muito bem capitão Levi, mas você não aplicou nenhuma das técnicas que ensinei. - Runan ajuda Mikasa a se levantar que depois é agarrada por Eren e Jean.

     - Para que preciso usar uma técnica nova se com apenas o básico ganhei? - Ele ajeita as mangas da camiseta que estava dobradas até os cotovelos.

    Vejo Runan respirar fundo, sem ter forças ou motivação para discutir com a criança teimosa.
Alguém aí quer enfrentar o capitão? - Runan pergunta olhando para nós e automaticamente diversos murmúrios dominam o ambiente.

    Sem perceber a minha mão se levanta e dou um passo à frente.

   - Muito bem S/N! Boa sorte!
    Eu fico frente a frente com o garoto que estava apaixonada. Frente a frente com o menino que quebrou o meu coração. Levi apenas me encara sem se atrever a dar uma palavra.

    Assim que o juiz dá o sinal avanço em sua direção mirando um chute rápido em sua cabeça. Ele desvia e assim que coloco o pé no chão minha mão direita voa em seu rosto, mas ela para no meio do caminho com o braço de Levi impedindo. Com a outra mão desfiro outro soco que, além de impedido, é imobilizado me levando ao chão com o súbito jogo de peso.

    - Você não vai ganhar de mim - Sua voz sai fria e isso me irrita.

    Me levanto novamente e corro em sua direção. Trocamos socos e chutes, Levi procura algumas vezes me derrubar da mesma maneira que Mikasa. Mas eu era mais rápida do que ela e o meu tamanho auxiliava nesse quesito. No entanto, isso não foi suficiente, ele me levou ao chão.

    - Se ponha no lugar, garota.

    Ele olhava para mim de cima e o meu sangue ferveu na hora. Uso a força dos meus braços para me equilibrar no chão enquanto minhas pernas se impulsionam para cima. Giro uma a frente da sua cabeça o distraindo e a outra atinge a sua orelha o fazendo cair no chão de imediato. Volto a colocar o meu peso sobre as minhas pernas ficando de pé.

    - Se ponha no lugar, garoto - O nojo na minha voz fica explícito para ele e de imediato emoções tomam conta do seu olhar.

    - Acabou o show - Ele me puxa pelo pulso nos afastando da multidão.

    Sou arrastada até onde os outros soldados não pudessem mais nos ver. Não fazia sentido o porquê desse alvoroço todo, afinal ele é quem tinha provocado primeiro. Esse complexo de superioridade que o torna tão arrogante e sexy ao mesmo tempo. Obviamente, eu não sabia lidar, mas naquele momento precisava manter a postura. Não podia deixar a rejeição sair barata.

    - O que há com você? - Pergunto me livrando do seu toque.

    - Eu que te pergunto!

    - Você que provocou primeiro! - Eu falo indignada.
Parece até uma criança... - Ele leva uma das mãos até a testa como se eu caussase dor de cabeça.

    Eu olhava levemente para cima, mas não para os olhos escuros. Eu não conseguia... era difícil encará-lo sabendo que nunca seria meu. Não podia me perder em seu olhar agora.

    - Desculpa, senhor adulto. Eu não queria parecer imatura para você - Estava irritada, indignada e frustrada.

    Comecei a encher os ouvidos do capitão Levi que ouvia com atenção até arregalar o olhar e repentinamente me puxar pela cintura me colocando entre ele e a parede. Uma carroça passa descontrolada no local em que estávamos levantando poeira me obrigando a fechar os olhos. O som dela se vai para longe e diminui lentamente, então ao abrir os olhos me deparo com o rosto do moreno muito próximo ao meu. Uma das suas mãos ainda permanecia na minha cintura e a outra de apoiava na parede próxima a minha cabeça. Sentia sua respiração e o seu toque. Seu cabelo resvalava levemente na minha testa e o seu olhar me hipnotizava, assim como sua boca semiaberta. O desejo de beijá-lo me tenta e imagino que o tentava também, mas eu não podia sucumbir.

    - Por que me beijou naquele dia? - Essa perguntava pairava na minha mente a tempos e agora servia de válvula de escape.

    - Por qual motivo você acha que foi? - Ele não se afasta, nem mesmo se mexe.

    - Eu não entendo...

    Sinto sua mão que estava apoiada na parede no meu rosto. O seu toque me faz arrepiar. Ele se aproxima lentamente, mas quando nossos lábios estavam  a centímetros de distância ele se afasta bruscamente. Colocando os cabelos para trás e me dando as costas.

    - Levi, por favor seja sincero comigo.

    - Você quer sinceridade, S/N?

    Eu assinto com a cabeça esperando uma resposta, mas ela não vem. Levi apenas me lança um último olhar e se vai para dentro do quartel.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora