CAPÍTULO 32

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Eu divagava em meus pensamentos na noite fria no quartel. O brilho das estrelas na sacada juntamente com a lua dispensavam um candelabro de velas fazendo com que eu me perdesse na noite. Muitas coisas haviam acontecido desde que entrei no exército. Tinha feito muitos amigos, experimentado muita adrenalina, impressionado algumas pessoas, mas ao mesmo tempo coisas ruins aconteceram. Historia estava desaparecida, pessoas morreram e a minha relação com o capitão Levi ficava cada vez mais confusa. No início eu sentia uma admiração incomparável para com ele, admirava sua força e o tomava como exemplo para ser como ele. Depois eu senti uma grande antipatia com a sua pessoa pela sua frieza e indiferença. Agora eu sentia tudo de uma vez e ainda algo a mais por causa daquele beijo.
Como eu estava sendo egoísta. Estava mais preocupada com a minha relação com o capitão do que com a minha amiga Historia que estava desaparecida a duas semanas. A Polícia Militar não fez nenhum progresso. Não tínhamos pista nenhuma, estava igual peixe fora d'água. Totalmente perdidos.

Pelo menos as estrelas me confortavam. Eu sentia saudade de quando eu subia no telhado com o meu pai e olhava todos os pequenos pontos brilhantes com ele. Nós fazíamos isso quando eu precisava de algum conselho e agora eu precisava de muitos.
Queria que estivesse aqui...

Uma brisa gelada sopra no meu rosto e eu me encolho procurando repelir o frio. No entanto, nada ajudava, pois o guarda-corpo de pedra no qual eu estava escorada era fria como um cadáver.

- Você não vai congelar minha princesa? - Eu me viro e vejo Jean vindo em minha direção com as mãos no bolso.

- Eu estou bem - Ele para ao meu lado e leva às costas da mão na minha bochecha despojadamente.

- Sua bochecha está gelada! - Ele começa a tirar a sua jaqueta e a coloca sobre os meus ombros, diminuindo o espaço entre nós.

Nós dois ficamos em silêncio por um tempo, mas não era um silêncio contrangedor apesar de estarmos colados um ao lado do outro procurando compartilhar o calor humano um do outro.

- Como você está lidando com tudo isso? - Sua pergunta sai gentil e sincera.

- Nada bem e você? -

- Tsc, não vale a pena comentar - Ele solta o ar pela sua boca e uma pequena fumaça se forma a sua frente por causa do frio.

- Anos atrás eu olhava as estrelas com o meu pai principalmente quando eu estava com algo que precisava colocar para fora. Ele me ouvia horas e horas - Parecia que algo estava perturbando o Jean, por isso queria que ele se abrisse comigo. Queria que se sentisse à vontade comigo.

- É estranho ver você falando do seu pai. Você nunca falou sobre os seus pais.

Essa frase me atinge com muito impacto. Eu nunca tinha falado para ninguém sobre a minha história. Eu provavelmente era considerado um mistério, assim como o capitão Levi.

- Onde ele está agora? - Jean começa a contornar alguns traços da pedra com o dedo.

- Meu pai foi do Reconhecimento e foi morto por um titã. Depois fiquei com a minha que se suicidou anos depois por não conseguir superar o luto.

Jean me olha abismado. Provavelmente arrependido por ter perguntado, mas não queria que sentisse pena de mim. Não posso dizer que tinha superado totalmente a situação porque toda história deixa suas marcas como se fossem cicatrizes. Para a minha surpresa Jean me envolve com os seus braços por cima dos meus ombros. Seu abraço era aconchegante e transmitia tranquilidade, mas não se comparava ao refúgio de proteção que o capitão me proporcionava.

- Eu sinto muito! Não devia ter perguntado - Eu tento me afastar com sua fala tentando consolá-lo para que não se sentisse culpado, mas ele me cala com o seu dedo em minha boca - Eu realmente não deveria ter perguntado, mas fico feliz que tenha compartilhado isso comigo - Ele tira seu dedo dos meus lábios e segura o meu rosto acariciando-o com o seu dedão - Você pode compartilhar tudo comigo.

Ele se aproxima devagar e eu não consigo me desvencilhar dele, mas talvez eu nem queira. Jean estava ali para mim naquele momento, queria esquecer, me distrair. Sabia que não era certo usá-lo como válvula de escape, mas quem sabe algo bom não sairia disso.

Estávamos muito próximos. Sentia sua respiração em meu rosto que me anestesiava. Fecho os olhos como se desse o consentimento.

- S/N!? - A voz do capitão inunda os meus ouvidos e volto minha face para ele - Vem aqui agora.

Eu não entendia o tom da sua voz, nem mesmo o fogo que ele tinha nos olhos, mas eu sabia que ele não tinha esse direito. Não era o meu dono.

- Não enche, pigmeu - Nesse momento ele se aproxima e agarra o meu braço me puxando para longe de Jean.

Eu protesto e tento me libertar de seu toque. Com isso, o casaco de Jean que jazia em meus ombros cai no chão. Levi era mais forte do que eu, ou seja, todos os meus esforços eram em vão.

- Capitão, acredito que isso não é necessário - Jean fala em minha defesa e faz menção de agarrar a minha mão.

No entanto, o moreno lança um olhar mortal para o mais alto.

- Cala a boca ou eu te mato! - Com isso, Levi me arrasta para dentro deixando Jean a deriva na fria sacada que tinha se tornado sombria.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora